Entenda a proibição do Conselho de Medicina para uso de anestesia em tatuagens
Decisão está prevista em nova resolução do Conselho Federal de Medicina e independe do tamanho e de onde será feita a tatuagem
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Tatuagens não podem mais ser feitas com uso de anestesia. É o que prevê a nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), válida para todo o País. Independentemente da extensão ou localização da tatuagem, médicos não podem mais utilizar sedação, anestesia geral ou bloqueios anestésicos.
Toda anestesia precisa ser acompanhada por um médico preparado e em ambiente controlado, segundo explicou o médico anestesiologista Bruno Gave.
“Qualquer aplicação de anestesia deve ser realizada com ventilador pulmonar, desfibrilador, eletrocardiógrafo e aparelhos para medir a pressão e nível de oxigênio do paciente. Além disso, o anestesista deve permanecer durante todo o procedimento, até o paciente acordar e ser levado para a recuperação da anestesia”.
O conselheiro federal e relator da resolução, Diogo Sampaio, afirma que “ao viabilizar a execução de tatuagens de grande extensão corporal, que seriam intoleráveis sem suporte anestésico, a prática eleva o risco de absorção sistêmica de metais pesados e outros componentes das tintas”.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES), aponta que “a execução de qualquer ato anestésico envolve riscos intrínsecos ao paciente”, e também que só deve ser feito após avaliação criteriosa da “relação risco-benefício” ao paciente.
Apesar da vedação, o anestesiologista Bruno Gave afirma que “existem médicos que discordam da resolução, porque o dever do anestesiologista é garantir uma boa experiência ao paciente, sem negligenciar a segurança médica. Seria melhor reforçar a fiscalização para que esses procedimentos sejam feitos de forma segura”.
A tatuadora Cínthia Gonçalves acredita que a decisão vai aumentar a confiança de clientes e reduzir preconceitos contra tatuadores.
“Recebo a resolução positivamente, porque já houve casos de complicações fatais em pessoas que decidiram receber anestesia geral durante tatuagens. E quem levou a fama da morte foi o tatuador. Então essa resolução dá maior respaldo para a nossa classe. As pessoas vão confiar mais na gente”, ressaltou.
Morte após anestesia geral

Ricardo Godoi, influenciador e empresário de 46 anos, morreu após tomar anestesia geral para fazer uma tatuagem nas costas. O caso aconteceu em Itapema, no Litoral Norte de Santa Catarina.
O proprietário de uma empresa de carros de luxo teve uma parada cardiorrespiratória antes mesmo de fazer a tatuagem.
SAIBA MAIS
Sem anestesia
A resolução nº 2.436/2025, do Conselho Federal de Medicina (CFM), aprova a vedação de ato anestésico para realização de tatuagens. O médico não poderá utilizar sedação, anestesia geral ou local, independente da extensão e da localização da tatuagem.
Exceção à regra
Apenas casos em que a tatuagem possua indicação médica, como procedimentos reconstrutivos em pigmentação de aréola mamária após cirurgias oncológicas, são permitidos.
Ambiente seguro
Apesar da exceção, o CFM estabelece que a tatuagem reconstrutiva deve ocorrer exclusivamente em estabelecimentos assistenciais de saúde, que disponham de infraestrutura para o atendimento de eventuais intercorrências.
Procedimento correto
Especialistas indicam que o local do procedimento deve contar com medidor de pressão, eletrocardiógrafo, oxímetro de pulso, ventilador pulmonar e desfibrilador cardíaco, para o caso de o paciente ter complicações. Além disso, o anestesiologista tem de participar de todo o processo, até o paciente acordar e ser levado à recuperação da anestesia.

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