Dia da Felicidade: idosos estão mais felizes que jovens, diz pesquisa
Especialistas explicam que idosos valorizam mais as relações e pequenas alegrias do dia a dia, tornando a vida mais leve
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Você sabia que pessoas acima dos 60 anos são mais felizes que jovens e adultos? Foi o que apontou a pesquisa inédita Ipsos Happiness Index 2025, que entrevistou quase 24 mil pessoas com até 75 anos em 30 países.
Quais podem ser os motivos para o resultado? Marília Zanette, psicóloga da Bluzz Saúde, respondeu.
“Com o tempo, as pessoas aprendem a lidar melhor com emoções, aproveitam mais o presente e se preocupam menos com o futuro. Além disso, valorizam mais as relações e pequenas alegrias do dia a dia, tornando a vida mais leve”.
A auxiliar de serviços gerais Diná Toledo de Souza, de 60 anos, que o diga! No Dia Internacional da Felicidade, celebrado nesta quinta-feira (20), ela afirmou para A Tribuna ser feliz e realizada com sua trajetória, vivendo plenamente. “Gosto muito de sair, dançar e estar com minha família e amigos. Não gosto de ficar parada!”, contou.
Os dados apresentados confirmam a chamada “curva em U”, uma teoria a qual aponta que pessoas jovens relatam mais vivências de emoções positivas, enquanto na vida adulta apresentam mais insatisfações, para quando chegarem à maioridade, voltarem com ainda mais alegria.
Marcella Cacciari, doutora em Psicologia, afirmou que um dos motivos levantados por pesquisas para que isso aconteça é o fato de que, diferente dos idosos, na fase adulta há uma alta pressão, com demanda de responsabilidades relacionadas a desafios na carreira, criação de filhos e questões financeiras, por exemplo.
Isso, inclusive, acaba por diminuir o tempo livre da pessoa para lazer, hobbies e relacionamentos de amizade e amorosos, apontou.
“Também é uma fase em que a comparação social fica mais forte. A comparação das minhas conquistas com as dos outros”.
Para além de um estado subjetivo, a felicidade é também um processo neurobiológico, é válido pontuar.
Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, pós-PhD em Neurociências e especialista em Genômica com ênfase no comportamento humano, disse que, no cérebro, ela envolve a ativação de circuitos específicos, como o sistema de recompensa, mediado pela dopamina, que é liberada em áreas como o núcleo accumbens diante de estímulos prazerosos.
“A serotonina, produzida no núcleo dorsal da rafe, estabiliza o humor, enquanto a ocitocina, sintetizada no hipotálamo, fortalece laços sociais. Esses neurotransmissores interagem com redes corticais e límbicas, gerando a experiência física e emocional da felicidade”, completou.
Nada de tristeza
Paixão pela praia e bem-estar

De felicidade o casal Vanda Lopes, analista judiciária do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), de 57 anos, e Luciano Ferreira, aposentado de 66 anos, entende!
Os dois se conheceram na praia e diariamente marcam presença no ambiente, algo que para eles gera bem-estar.
“Somos felizes porque cultivamos hábitos que nos fazem bem. Temos o hábito em comum de ir à praia praticamente todos os dias. É impossível ficar triste olhando para o mar. Olhando para essa beleza que Deus fez”, comentou Vanda.
O que eles dizem
Relacionamentos

“A literatura em Psicologia Positiva mostra para a gente que o ponto principal é cultivar bons relacionamentos nas diferentes áreas da nossa vida: no trabalho, no campo amoroso, das amizades e no campo familiar.
Relacionamentos importam muito, não em quantidade, mas em qualidade. O quanto eu sinto que tenho suporte, o quanto minhas relações se aprofundam e têm um vínculo verdadeiro. Isso conta demais para as alegrias do dia a dia e para o bem-estar a longo prazo”.
Hábitos

“Alguns hábitos ajudam a treinar o cérebro para o bem-estar, como ser grato, pois focar no que é positivo muda a forma de pensar. Já se exercitar libera hormônios que melhoram o humor.
Conviver com pessoas queridas reduz o estresse e aumenta a felicidade, enquanto praticar atenção plena (mindfulness) ajuda a viver o momento e evitar preocupações excessivas”.
Genética

“Estudos de genética comportamental, como os de gêmeos idênticos, sugerem que cerca de 30-50% da variação na felicidade subjetiva é influenciada por fatores genéticos.
Genes que regulam a produção ou a sensibilidade a neurotransmissores como serotonina ou dopamina podem predispor certas pessoas a níveis mais altos de bem-estar. Mas o ambiente e as escolhas pessoais também moldam significativamente essa equação”.
Fique por dentro
Pesquisa Ipsos Happiness Index 2025
Entrevistou quase 24 mil pessoas com até 75 anos em 30 países, e apontou os 60 anos como a idade mais provável de ocorrer uma virada no nível de satisfação com a vida.
Considerou, no Brasil e em outros países com nível de renda semelhante, apenas pessoas a partir da classe média.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, “caso as pessoas mais pobres fossem incluídas, provavelmente os índices de felicidade seriam menores em todas as faixas”. Isso porque é difícil falar em felicidade quando as necessidades básicas não estão atendidas.
Respostas
Segundo a BBC News Brasil, na resposta à pergunta “você diz que está: muito feliz, feliz, não muito feliz ou nada feliz?”, 75% dos maiores de 60 responderam que estão muito felizes ou felizes, sete pontos percentuais a mais do que as pessoas na faixa dos 50 e três pontos a mais do que as pessoas na casa dos 20 anos.
Entre os felizes, os principais motivos para esse estado de humor foram as questões de relacionamento com a família, sentir-se amado e estar em controle da própria vida. Entre os infelizes, além da situação financeira, a saúde mental e física.
Ranking
Países em que mais pessoas entrevistadas se disseram felizes foram Índia, Países Baixos (Holanda), México, Indonésia e Brasil.
Já os mais infelizes foram Hungria, Turquia, Coreia do Sul, Japão e Alemanha.
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