Dengue tem 735 casos por dia no ES e doença tipo 3 preocupa
Variedade ressurgida após 15 anos acende alerta para piora em todo o País. No Estado, são 68.782 casos e 50 mortes só em 2023
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O reaparecimento do sorotipo 3 do vírus da dengue, que não era visto há 15 anos, acendeu alerta de especialistas para uma nova possível epidemia da doença no País.
O Espírito Santo, que já vive uma situação epidêmica de dengue, com a circulação dos sorotipos 1 e 2, na última semana teve média de 735 casos por dia.
Segundo o boletim de ontem do Centro de Operações de Emergência Arboviroses da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 68.782 casos foram confirmados no Estado desde o início do ano, sendo que no último dia 7 eram 63.633 casos da doença. Até ontem, 50 mortes haviam sido confirmadas e 27.225 casos estavam em investigação.
“Apesar de ainda não ser visto no Estado, toda vez que há uma reintrodução de um sorotipo da dengue, ou seja, que não circulava há bastante tempo, como é o caso do sorotipo 3, temos um risco de ter mais casos, porque há mais pessoas que não tiveram contato com o sorotipo. Temos mais pessoas suscetíveis a ter dengue”, explicou a infectologista Mylena Murad, professora da UVV.
O sorotipo 3, de acordo com estudo coordenado por cientistas do Instituto Oswaldo Cruz e Fiocruz Amazônia, teve quatro casos de infecção registrados neste ano: em Roraima, na região Norte, e no Paraná, no Sul do país.
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O vírus da dengue possui quatro sorotipos. Segundo a Fiocruz, a infecção por um deles cria imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente.
A Fiocruz alerta sobre o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.
“A imunidade é sorotipo específica, ou seja, quando infectada por um sorotipo, a pessoa cria imunidade contra este sorotipo e não se infecta mais por ele. Isso leva à possibilidade de o indivíduo pegar dengue até quatro vezes”, explica a infectologista e pediatra Jacqueline Oliveira Rueda.
Mas só é possível é diferenciar os sorotipos por meio do isolamento viral, segundo a médica: “Esse exame requer maior suporte laboratorial, não tendo aplicabilidade na prática clínica. Sua realização é de acordo com critérios epidemiológicos estabelecidos pela Vigilância Epidemiológica.”
Tendência é de melhora com queda da temperatura
A expectativa dos especialistas é de que, com temperaturas mais baixas, a alta de casos da dengue comece a diminuir. “A dengue é uma doença predominantemente do verão, por contas das chuvas, umidade e calor, fazendo com que o vetor se prolifere com maior facilidade. Há tendência de que no inverno caia a multiplicação do mosquito (Aedes aegypti)”, afirma a infectologista Mylena Murad.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em seu site, diz que, no calor, o período reprodutivo do mosquito fica mais curto, e ele se reproduz com maior velocidade.
Mas a população não está livre da doença no inverno. Segundo a Sesa, o aedes aegypti circula mesmo nos períodos mais frios e, se os criadouros não forem eliminados, os ovos depositados podem ficar intactos por meses, podendo dar origem a um novo ciclo do mosquito.
Para frear o aumento de casos, a infectologista e pediatra Jacqueline Oliveira Rueda ressalta que cada família deve eliminar os possíveis criadouros do mosquito, bem como as prefeituras e o Estado podem ajudar na prevenção por meio da disponibilidade de equipes que apliquem inseticidas nos imóveis, além do carro-fumacê.
Outra forma de prevenção é a vacinação de pessoas de 6 a 45 anos previamente infectadas por um dos vírus da dengue, o que só está disponível em clínicas particulares.
Entenda
Risco de epidemia em todo o País
Dengue
68.782 casos da doença foram confirmados este ano no Estado, até ontem, segundo boletim do Centro de Operações de Emergência Arboviroses da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). O número de vítimas fatais chega a 50.
No Estado, circulam os sorotipos 1 e 2. A circulação do sorotipo 2 não era detectada desde 2019 no Estado.
Sorotipo 3
Na última semana, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou o ressurgimento recente do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil. De acordo com a Fundação, esse tipo específico não causa epidemias no País há mais de 15 anos.
Os quatro casos de infecção relacionados a esse sorotipo foram registrados neste ano em Roraima, na região Norte, e no Paraná, no Sul do País.
Os pesquisadores da Fiocruz alertam para o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3, por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000.
Dengue grave
Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.
Fonte: Sesa e Fiocruz.
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