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Saúde

Ciência desvenda mistério da memória que não envelhece

Especialistas explicam que hábitos saudáveis podem aprimorar a atividade mental e melhorar a capacidade de memorização


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Com o envelhecimento, é inevitável que a memória sofra algumas perdas. Há, no entanto, um grupo de idosos que desafia essa crença. Mas o que melhora a capacidade de memória dessas pessoas? A ciência desvenda o mistério e aponta como é possível se aproximar das habilidades deles.

Com 80 anos ou mais, os superidosos mantêm a capacidade de memória de uma pessoa de 20 a 30 anos mais jovem. As pesquisas demonstram que esses indivíduos têm menos redução de volume do cérebro do que outros idosos.

O jornal A Tribuna entrevistou a pesquisadora americana Emily Rogalski, professora de Neurologia da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. Desde 2012, ela publica artigos científicos sobre a memória dos superidosos.

Ela informa que a equipe de estudiosos ainda busca descobrir o conjunto completo de fatores biológicos, genéticos e comportamentais associados a eles, mas adianta que já há comprovação dos benefícios de alguns hábitos.

“Percebemos que os superidosos tendem a ter mais relações sociais profundas. Uma boa dieta, os exercícios físicos e o engajamento social em atividades se mostraram fatores relevantes para maximizar o tempo de vida saudável das pessoas”.

Hábitos diários podem aprimorar a atividade mental e melhorar a capacidade de memorização, defende a psicóloga clínica Luiza Bazoni.

“Estimular o cérebro é importante para que ele se mantenha funcional, permitindo explorar o máximo de suas capacidades. A leitura, a palavra cruzada, os jogos de estratégia, o aprendizado de outro idioma, a prática de instrumentos musicais e a arte, por exemplo, são algumas formas”.

A geriatra e professora do curso de Medicina da Universidade Vila Velha (UVV) Karoline Fiorotti aponta que há 12 fatores de risco modificáveis na prevenção da perda de memória, como a baixa escolaridade, a hipertensão, a deficiência auditiva, o tabagismo, a obesidade, a depressão, a inatividade física e o consumo excessivo de álcool.

“Juntos, eles representam cerca de 40% dos casos de demência no mundo, chegando a 54% nas regiões mais pobres do Brasil”.

Novos Conhecimentos

Imagem ilustrativa da imagem Ciência desvenda mistério da memória que não envelhece
O aposentado João Bosco Moscon |  Foto: Kadidja Fernandes/ AT

O aposentado João Bosco Moscon, de 81 anos, adota um conjunto de hábitos saudáveis relacionados à alimentação, aos exercícios físicos e à vida social. O idoso pratica exemplos diários do que os especialistas da saúde recomendam para estimular a memória.

“Eu costumo ler e estou sempre aprendendo novos conhecimentos. No dia a dia, costumo praticar jogos também, como caça-palavras, sudoku e palavras cruzadas”, revela.

Estresse crônico pode favorecer a perda de memória

O estresse, sem dúvidas, afeta a produtividade em todas as áreas da vida. A ciência, no entanto, demonstra que os efeitos podem ir além. Um estudo relaciona os níveis mais altos de cortisol, conhecido como “hormônio do estresse”, com danos na memória e em outras funções cognitivas.

O estudo foi publicado na revista Neurology e aplicou testes cognitivos nos voluntários para avaliar a memória, a capacidade de raciocínio abstrato, a percepção visual e a atenção, por exemplo.

A psicóloga clínica Luiza Bazoni explica que o estresse é uma reação natural do organismo para lidar com situações novas e de possível perigo, mas se o nível de cortisol se mantém elevado por muito tempo, e ele se torna crônico, a resposta hormonal se torna um problema.

“O estresse crônico estabelece uma relação direta com a nossa memória de curto prazo, é aquele que afeta a maioria dos indivíduos e costuma ser constante no cotidiano, como sobrecarga de trabalho, traumas, depressão e problemas emocionais. Quando os sintomas permanecem, eles atrapalham atividades cotidianas simples”.

 A PESQUISA

Superidosos

> Os “superidosos” são pessoas de 80 anos ou mais que mantêm a capacidade de memória de uma pessoa de 20 a 30 anos mais jovem.

> O número de superidosos, contudo, não é grande. De acordo com a pesquisa, menos de 10% da população atende aos critérios de definição de um superidoso.

> As pesquisas demonstram que esses indivíduos têm menos atrofia no cérebro, ou seja, redução de volume do cérebro. A atrofia cerebral é um efeito do envelhecimento.

> Além disso, hábitos e comportamentos do dia a dia se mostram relevantes para a memória e outras funções cognitivas de superidosos. Há uma prevalência maior, por exemplo, de relações sociais e afetivas mais profundas entre este subgrupo.

> Os superidosos tendem a ter melhor saúde e mobilidade física. Eles relatam, também, melhores índices de saúde mental e tenderam a ter uma meia-idade mais fisicamente ativa.

> Não há uma forma de se tornar um superidoso, mas cientistas apontam que escolhas de vida são a chave para se aproximar das habilidades deles. A alimentação saudável, manter-se fisicamente ativo, dormir bem e manter relações sociais estão entre os comportamentos positivos.

Fonte: Universidade de Chicago e especialistas consultados.

DICAS

Não deixe de aprender

Pesquisas demonstram que ter um bom nível de atividade cerebral, principalmente com a aprendizagem de novos conhecimentos e habilidades, pode ajudar a preservar e, até mesmo, a melhorar a memória.

Jogos

Estimular o cérebro é muito importante para que ele se mantenha funcional, permitindo explorar o máximo de suas capacidades. Algumas formas são os jogos, como palavras cruzadas e jogos de estratégia, por exemplo.

Descanso

O estresse estabelece uma relação direta com a memória de curto prazo. Por isso, não ignore o descanso.

Vida social ativa

Manter relações sociais é uma forma de estimular o cérebro e aumentar o bem-estar. Idosos com relações mais profundas tendem a ter melhores funções cognitivas.

Alimentação saudável

A alimentação saudável, planejada de forma individualizada, auxilia a concentração e a memória.

Fonte: Especialistas consultados.

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