Takeda firma parceria para desenvolver vacina contra Alzheimer
Acordo foi feito com a startup de biotecnologia AC Immune
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A farmacêutica Takeda, responsável pela vacina da dengue, anunciou na última segunda-feira (13) um acordo para produzir uma candidata à vacina para pacientes com Alzheimer.
De acordo com a empresa, a fabricante terá exclusividade na licença global do imunizante ACI-24.060, uma imunoterapia desenvolvida para retardar a progressão da doença.
A parceria com a startup de biotecnologia AC Immune prevê um pagamento inicial de US$ 100 milhões (cerca de R$ 515 mi) e valores adicionais pagos após a obtenção de autorização para desenvolvimento, comercialização e distribuição do imunizante de até US$ 2,2 bi (cerca de R$ 11,34 bi). A expectativa é que o convênio forneça à Takeda o direito exclusivo de produção do imunizante, enquanto a empresa ficará com pagamentos de royalties obtidos a partir do lucro líquido da venda da vacina.
Em um comunicado a jornalistas na última segunda (13), Andrea Pfeifer, diretora executiva da AC Immune, disse que o acordo permite alavancar a expertise de desenvolvimento, visão estratégica e capacidade financeira da organização. "Desenvolvemos uma abordagem inovadora que pode mudar o paradigma de tratamento da doença de Alzheimer e reduzir o impacto da condição em pacientes e familiares. Com a parceria com a Takeda, a nossa candidata à vacina [AC-24.060] terá melhor capacidade de evolução no desenvolvimento e na fase de testes até a realização do ensaio clínico de fase 3", disse.
O imunizante ACI-24.060 é uma imunoterapia, isto é, utiliza anticorpos monoclonais produzidos a partir de células de defesa capazes de identificar e atacar as formas tóxicas de beta amiloide, responsáveis pela progressão do Alzheimer. Ao induzir a depuração das placas e inibir a formação de novas placas no cérebro, a vacina tem o potencial de retardar ou desacelerar a progressão da doença. O estudo de fase 1b/2, atualmente em andamento, pretende avaliar a segurança, tolerância, imunogenecidade e efeitos no organismo da imunoterapia em indivíduos com Alzheimer e em adultos com síndrome de Down.
Com o novo acordo, a AC Immune continua responsável por desenvolver o estudo clínico, mas a Takeda pode apoiar financeiramente e dar apoio para novos ensaios clínicos globais, além de ser também responsável por buscar as licenças regulatórias junto às agências de vigilância internacionais, bem como pela comercialização mundial.
"Na Takeda, estamos comprometidos em enfrentar algumas das doenças mais debilitantes da sociedade, incluindo a doença de Alzheimer. Estamos entusiasmados em nos associar à AC Immune nesta abordagem de tratamento inovadora, que utiliza uma tecnologia inédita com potencial para oferecer aos pacientes um tratamento com eficácia, segurança e facilidade de administração diferenciadas", disse Sarah Sheikh, chefe da unidade de área terapêutica de neurociência e chefe de desenvolvimento global na Takeda.
"Combinando a vasta experiência da AC Immune com abordagens de imunoterapia ativa com a expertise da Takeda no desenvolvimento e comercialização de medicamentos para neurociência, temos uma oportunidade incrível de oferecer um impacto real à comunidade de Alzheimer", completou.
Procurada, a Takeda Brasil não respondeu se haverá testes do imunizante no país ou até quando o desenvolvimento da fase de ensaio da vacina deve ser concluída.
Atualmente, existem medicamentos utilizados no tratamento de Alzheimer em uso na rede pública do país, como os anticolinesterásicos (donepezil, galantamina e rivastigmina) e a memantina, voltados para a redução dos sintomas. Tais terapias, no entanto, não sofreram evolução há três décadas.
Recentemente, a FDA (agência americana que regulamenta drogas e alimentos) aprovou o lecanemab (comercializada pelo nome Leqembi), e o aducanumabe, ambos produzidos pela farmacêutica americana Biogen, cuja ação é retirar as placas de beta amiloide que se acumulam no cérebro e retardar a progressão da doença.
Um outro medicamento, o donanemabe, produzido pela farmacêutica Lilly, apresentou redução de até 60% do declínio cognitivo em participantes do estudo de fase três da droga. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) disse que não recebeu o pedido de aprovação do lecanemab pela empresa. Para os demais medicamentos, a agência não respondeu sobre pedidos em andamento.
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