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Saúde

“Aprender a prazo é mais eficaz”, diz neurocientista

Neurocientista explica que aprender conteúdos em pequenas parcelas durante a semana tem mais vantagens


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Ensinar e aprender, apesar de parecer intuitivo para muitos, não é uma tarefa tão fácil assim de ser explicada pela ciência. Mas, com estudos,  a neurociência e a psicologia conseguem descobrir métodos eficazes de garantir a aprendizagem.

E foram estudos que revelaram que, ao contrário de uma transação econômica, aprender a prazo, em pequenas parcelas distribuídas durante a semana, é mais eficaz do que à vista. 

Isso é o que explica o médico Roberto Lent, neurocientista e autor de vários livros sobre aprendizagem.  

Imagem ilustrativa da imagem “Aprender a prazo é mais eficaz”, diz neurocientista
Roberto Lent diz que consolidação da memória é favorecida pelo sono |  Foto: Divulgação

A Tribuna : Existe uma maneira mais fácil das crianças e adolescentes aprenderem? 

Roberto Lent:  Há várias alternativas consolidadas pela neurociência. Uma delas, já muito bem estabelecida pela neurociência e  psicologia, se chama espaçamento da aprendizagem ou aprendizagem espaçada.

Isso significa que, se o professor pegar uma massa de informações,  que pode ser grande ou pequena, e apresentar tudo de uma vez para o aluno, ele apreende muito pouco. Ele só guarda uma parcela e depois  não consolida essa memória porque ele teve contato com aquela informação uma vez só.

Mas se o professor espaça isso em um dia ou 12 horas e apresenta novamente o conteúdo, a possibilidade dele aprender é muito maior. Claro que é possível mudar o formato dessa apresentação para não ficar chato e engajar o aluno.

Um estudo alemão fez a avaliação de qual  o melhor tempo para espaçar esse contato com o novo conteúdo. Se o prazo for muito grande, o aluno já esqueceu tudo da primeira vez, se for  muito pequeno, não deu tempo dele consolidar na memória.  Então, temos um período ótimo que, segundo os dados da pesquisa, fica entre  oito e 20 horas. 

Se ainda, no meio disso, tiver um período de sono, o rendimento é maior ainda. É nesse intervalo que as pessoas consolidam a memória.

O conceito, do ponto de vista da neurociência, é que aprender a prazo é mais eficaz, ou seja,  espaçar a nova informação aumenta o rendimento da aprendizagem. E se tiver um período de sono no meio, ainda mais. 

- Por que isso acontece?

É um fenômeno chamado consolidação e reconsolidação da memória. Quando se aprende alguma coisa pela primeira vez,  significa que aquela informação entrou no seu no seu cérebro e fortaleceu as sinapses,  os circuitos de neurônios correspondentes. 

Dependendo de onde vai a informação em nosso cérebro,  a primeira exposição vai produzir uma memória, que vai fortalecer os circuitos correspondentes.

Agora, essa memória tende a declinar com o tempo. Porque não se pode guardar tudo da vida na memória,  não cabe, temos de selecionar. Naturalmente,  o processo faz com que diminua a memorização daquele aprendizado ao longo do tempo.

Por isso, damos um outro choque de aprendizagem do mesmo assunto um certo tempo depois. Com isso,  se tem um reforço muito grande dos circuitos que o aluno ativou no período anterior.

 Isso se chama consolidação da memória. E se fizer uma outra vez, temos a chamada reconsolidação da memória. Provavelmente, esse aprendizado vai ficar por um período muito maior. 

- E por que  com o sono no meio é melhor ainda?

A  consolidação da memória é muito favorecida pelo sono. Quando dormimos,  parece que o cérebro está apagado,  parado, mas não. Ele está trabalhando à beça! 

Justamente, fortalecendo e  selecionando as memórias. Então, o sono é muito importante para aprendizagem, embora a gente pense, às vezes,  que não é.

- Tem uma quantidade certa de horas de sono que favorece o aprendizado?

Vai depender da idade.  Por exemplo, crianças muito pequenininhas, até cinco ou sete anos, dormem depois do almoço e costumam ter vários períodos de sono durante o dia. Em cada momento de sono desse  dia, ela consolida o que aprendeu antes, no período que estava acordada. 

Já o adolescente vai ter seis horas de sono. Tende a dormir mais tarde, fica no celular ou televisão, vai para  uma festa e acorda cedo no outro dia para ir para a  escola. Com isso, o rendimento desse tipo de ciclo de sono é menor, porque não teve o tempo ideal de sono para aquela idade que é em torno de oito ou nove horas.

Mas, independente dessas características pessoais,  sempre no período de sono temos o fenômeno de consolidação da memória. 

- Aprendemos melhor ouvindo, falando ou vendo?

Para esse processo de consolidação na memória, a repetição é um fator. A emoção é outro fator. Quando o professor associa um conteúdo a uma emoção, para o bem ou para o mal. 

Por exemplo, se ele conta alguma coisa engraçada e as crianças riem, elas tendem a lembrar  mais facilmente daquele conteúdo que foi associado a uma emoção positiva do que se ela for friamente passada ao aluno.  Então, o professor que tem empatia, que tem alegria, que conta piada tende a ser mais eficaz do que o professor que faz discurso e é monótono. Isso funciona para o bem e para o mal.

São macetes que provêm do estudo científico de como a memória é armazenada e consolidada. 

- O que a neurociência fala sobre o dever de casa para os resultados em aprendizados?

É justamente um momento em que a criança e o jovem podem reaprender, consolidar o que aprenderam. Claro que, se for um dever de casa que nada tem a ver com o que ele aprendeu na sala de aula naquele mesmo dia ou no dia anterior, não adianta nada. Como também não funciona uma tarefa que ele leve três horas para fazer.

Mas, se fizer um dever de casa curtinho, que seja lúdico e que tenha a ver com o que ele aprendeu em sala de aula algumas horas antes, a eficácia da aprendizagem é muito grande. Então, aprender a prazo é mais eficaz. 

Isso tudo tem a ver com a memória, a forma como ela é armazenada no cérebro. Ela precisa de emoção junto para ser melhor consolidada,  precisa da repetição para ser reconsolidada.

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