Aposentada espera há 4 anos por cirurgia
“Já fiz todos os exames e não me chamam nunca. Estou na luta", contou Marilene, que aguarda a retirada de três hérnias
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Quatro anos. É esse o tempo que a estilista aposentada Marilene de Amorim Dias, de 73 anos, diz que aguarda para fazer uma cirurgia de retirada de três hérnias (umbigo, vesícula e virilha) pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Queixando-se de dor, ela conversou, na segunda-feira (10), com a reportagem de A Tribuna e disse que não aguenta mais tanto sofrimento.
“Já fiz todos os exames e não me chamam nunca. Estou na luta. No nosso postinho, em Cidade Nova da Serra, o atendimento médico acontece apenas uma vez por mês e quem precisa de urgência tem de se deslocar até a UPA da Serra-Sede, onde o atendimento é bom”, contou.
Ela disse que fez os exames pré-operatórios e está no aguardo. “Eu fiz os exames no Hospital da Polícia Militar (HPM), mas a validade para fazer a cirurgia é até 6 de novembro deste ano. Estou com muito medo de não conseguir”, afirmou a aposentada.
Com diabetes e hipertensão, ela disse que foi orientada a perder peso enquanto aguardava. “Emagreci 10 quilos durante esse tempo”.
Ela relembra que passou toda a pandemia da covid-19 esperando a notícia de que seria submetida à cirurgia, apesar de entender que naquele período a prioridade era para os casos graves da doença.
“Só que a covid passou e até agora não me chamaram”, lamentou.
Resposta
A Secretaria de Saúde da Serra informou que a paciente realizou os exames em julho e, no mesmo mês, a solicitação para a cirurgia foi encaminhada ao governo do Estado, que em seguida solicitou mais informações sobre a paciente.
“A Prefeitura da Serra já enviou as respostas ao governo do Estado e, assim que autorizado pela Regulação Estadual, será marcada a cirurgia”, disse, por nota.
Já a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio da Central de Regulação, informou que a consulta da paciente com especialista em cirurgia geral foi agendada no sistema estadual para o dia 3 de novembro de 2023, no Hospital Estadual Jayme Santos Neves, na Serra. Após a consulta, será marcada a cirurgia. “É necessário que a paciente procure a unidade de saúde de referência para outras informações”, orientou a Sesa.
Ao ser informada pela reportagem sobre o agendamento, ela disse que respirou mais aliviada. No entanto, afirmou que vai procurar a unidade de saúde onde é atendida para ver todos os detalhes. “Estou rezando para que desta vez eu consiga realizar a cirurgia”.
Saiba mais
Novo programa com especialistas
Especialidades
No Brasil
- O Ministério da Saúde destina mais de R$ 870 milhões para estados e municípios custearem as equipes multiprofissionais em 2023 para atuar em todo o País.
- Lançado neste ano, o programa eMulti, como é chamado, ampliará o acesso à saúde para mais de 85 milhões de brasileiros na Atenção Primária.
- Os municípios precisam aderir ao programa, que foi apresentado ontem pelo governo federal a prefeitos e secretários municipais no Estado.
Equipes para reforçar demanda
11 especialidades médicas
- Acupunturista
- Cardiologista
- Dermatologista
- Endocrinologista
- Geriatra
- Ginecologista/Obstetra
- Hansenologista
- Homeopata
- Infectologista
- Pediatra
- Psiquiatra
Outras especialidades
- Arte-educador, assistente social, farmacêutico clínico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, profissional de Educação Física na saúde, psicólogo, sanitarista, terapeuta ocupacional e médico veterinário.
Expansão orçamentária
- Serão mais R$ 13 bilhões, saindo de R$ 41 bilhões para R$ 54 bilhões, suficientes para garantir todas as equipes multiprofissionais que os municípios do Espírito Santo quiserem implementar a partir de janeiro.
- A partir do próximo ano, o governo federal tem um espaço orçamentário para cobrir 100% das equipes de saúde da família do Estado com equipes multiprofissionais.
Fonte: Nésio Fernandes, Ministério da Saúde.
Demora para marcar exames
Espera durou quase três anos
Entre a primeira consulta e a cirurgia, uma bacharel em Direito, que tem 29 anos, esperou quase três anos. O seu drama começou em 2021, quando ela foi em um posto de saúde para consulta de rotina e aproveitou para mostrar exames que diagnosticaram varizes, com indicação de cirurgia.
Ela reclamou da demora para marcação de exames pré-operatórios. Recentemente, fez o procedimento cirúrgico pelo SUS, mas pagou os exames na rede particular.
Especialistas alertam para riscos em demora
O atraso em exames e cirurgias pode trazer complicações e, em caso extremos, representa até risco de morte, como alertam médicos ouvidos pela reportagem.
O presidente da Associação Médica do Espírito Santo (AMES), Leonardo Lessa Arantes, por exemplo, destaca que mesmo a fila sendo de cirurgia eletiva, a demora muitas vezes leva ao agravamento da doença, trazendo dano à saúde do paciente e dificultando o tratamento.
Otto Fernando Baptista, presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) e vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), também falou sobre as consequências da espera.
“Há casos em que o paciente morre à espera de um exame ou cirurgia. É inaceitável essa morosidade”, disse Otto Batista.
Segundo ele, a partir do momento que o médico solicita qualquer exame é para complementar um diagnóstico.
“No caso de cirurgia é mais grave ainda. A partir do momento que foi diagnosticada uma doença e ela precisa ser resolvida cirurgicamente é porque ela tem que ser resolvida já e não ter lista de espera e uma demora de meses e até anos. É preciso contratar médicos e credenciar mais hospitais”, finaliza.
Opiniões
Mais de 81 mil procedimentos foram feitos no Estado este ano
Para reduzir o tempo de espera dos pacientes, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está executando o Plano Estadual de Redução de Filas de Cirurgias Eletivas.
Até ontem, como informou a Secretaria de Saúde, já realizou 81.464 procedimentos, dos mais de 130 mil previstos para 2023. Mais de 48 mil seguem na fila.
Na lista dos procedimentos mais realizados estão oftalmológico, geral, ortopédico e ginecológico.
Para alcançar a meta, a Sesa informou que investirá aproximadamente R$ 100 milhões.
O governo federal aportou R$ 3,7 milhões, de um total de R$ 11,7 milhões que serão disponibilizados este ano.
Segundo a Sesa, participam do plano 31 hospitais, sendo 11 deles da rede própria estadual.
No ano passado, a meta foi de 102.134 procedimentos, sendo realizadas 105.825 cirurgias eletivas até 31 de dezembro, segundo informações passadas ontem pela Secretaria de Saúde.
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