Ajuda psicológica gratuita na Ufes para enfrentar o luto
Projeto Acolhedor está oferecendo novas vagas para pessoas com mais de 18 anos que perderam parentes ou amigos há mais de 1 mês
Novas vagas em grupos de apoio psicológico voltados para pessoas em processo de luto estão sendo ofertadas no Projeto Acolhedor, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
As inscrições para o projeto, que é gratuito, são on-line e acontecem por meio de um formulário disponível no Instagram. Para participar, é necessário ter mais de 18 anos.
Os encontros são realizados presencialmente na Ufes ou em formato on-line, para facilitar o acesso de quem mora longe ou tem dificuldade de locomoção.
Coordenado pela professora Luciana Bicalho, o Projeto Acolhedor teve início em 2020, no contexto da pandemia da covid-19, com o objetivo de oferecer um espaço seguro de acolhimento e trocas entre pessoas que enfrentam a dor da perda.
Entre as principais demandas atendidas naquele momento, estavam a de profissionais de saúde que conviviam com elevado número de mortes no trabalho, devido à pandemia, e a de pessoas que haviam perdido parentes ou amigos sem tê-los acompanhado no processo de hospitalização e sem poder realizar os rituais de despedida.
“Os grupos são formados a partir das características das pessoas inscritas, e a cada semestre são formados novos grupos com perfis distintos. Cada grupo tem duração média de 12 semanas, com reuniões semanais de cerca de uma hora e meia”.
Antes de ingressar, cada participante inscrito passa por um acolhimento individual para que seja avaliado se o espaço coletivo é o mais adequado para o seu momento emocional.
O formulário de inscrição inclui perguntas sobre a perda, o tempo de luto e eventuais acompanhamentos psicológicos ou psiquiátricos. Atualmente, o Acolhedor conta com uma equipe de cerca de dez estudantes de Psicologia e duas psicólogas mestrandas do Programa de Pós-Graduação da Ufes.
“Lidar com a morte de quem amamos pode ser muito doloroso. Vários fatores influenciam essa experiência, como o vínculo com quem morreu, as circunstâncias da morte e a possibilidade de ritualizar a perda”, relata Luciana.
Os grupos são gratuitos e voltados exclusivamente para pessoas que perderam alguém. “Às vezes a pessoa se inscreve por estar em sofrimento, mas não vivenciou uma perda recente. Esses casos são orientados a procurar outros tipos de atendimento”.
O Projeto Acolhedor forma novos grupos a cada semestre. “Nosso propósito é oferecer um espaço de cuidado e escuta qualificada, onde as pessoas possam encontrar apoio mútuo e elaborar suas perdas com acolhimento e respeito”.
Sensibilidade
Júlia Bastos e Luana Azevedo, 22 anos, e Lorrane Costa e Adriana Moratti, 24 anos, são estudantes de Psicologia da Universidade do Espírito Santo (Ufes) e participam dos atendimentos do projeto.
Adriana conta que antes de atuar na turma, os alunos passam por um grupo de estudos. “Aprendemos a olhar o luto de outra forma, com mais sensibilidade, reconhecendo a singularidade de cada vivência e o tempo próprio de cada pessoa. O luto não é linear, cada experiência é única”, assinala.
Para Lorrane, a importância do projeto é enorme. “Principalmente em um país onde falar de morte ainda é um tabu muito grande”.
Luana concorda. “Vivemos em uma sociedade que tem dificuldade de falar sobre morte, perda e finitude, e isso acaba produzindo sofrimento, isolamento e invisibilidade para essa dor de ausência física”.
FIQUE POR DENTRO
Acolhedor
> O Projeto está formando um novo grupo de apoio psicológico gratuito para receber pessoas em processo de luto.
> A iniciativa busca oferecer um espaço de acolhimento, escuta e troca de experiências entre pessoas que enfrentam a dor da perda.
Público
> O projeto é destinado a pessoas maiores de 18 anos que tenham vivenciado uma perda há mais de um mês.
> O objetivo é garantir que os participantes estejam em um momento emocional adequado para participar dos encontros.
Inscrições
> Podem ser feitas por meio de formulário on-line, disponível no Instagram do projeto (@acolhedor.projeto) e também na página oficial da Ufes.
> As inscrições estão sempre abertas, mas as chamadas acontecem somente no início de semestre letivo.
> A seleção dos participantes será feita a partir da leitura e análise das informações enviadas no formulário, que permitem compreender o contexto do luto de cada inscrito.
Encontros
> Os encontros do Projeto Acolhedor acontecem uma vez por semana, com duração média de uma hora e meia, e seguem por cerca de 12 semanas.
> As reuniões são conduzidas por estudantes do curso de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
> Atualmente são cerca de 10 estudantes e duas psicólogas mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Ufes.
> Os encontros podem ocorrer de forma presencial, na Ufes, ou on-line, para quem não pode se deslocar até o campus.
Histórico
> Criado em 2020 no contexto da pandemia, o projeto tem formado novos grupos a cada semestre.
> Os perfis das turmas variam conforme o público que se inscreve a cada semestre, como mulheres viúvas, pessoas que perderam familiares por suicídio, perdas gestacionais e outros tipos de luto.
Fonte: Luciana Bicalho, coordenadora do Projeto Acolhedor.
Opinião
"Lidar com a morte de quem amamos pode ser muito doloroso. Vários fatores influenciam” - Luciana Bicalho, coordenadora do Projeto Acolhedo.
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