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Saúde e bem-estar

Especialistas explicam desinteresse da nova geração por sexo

Uso excessivo de tecnologia, pornografia e até preocupações com o corpo estão entre os motivos


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Imagem ilustrativa da imagem Especialistas explicam desinteresse da nova geração por sexo
Geração Z demonstra pouco interesse por sexo |  Foto: © Divulgação/Canva

Crescendo em meio às redes sociais e aos aplicativos de namoro, a geração Z, nascida entre 1995 e 2010, tem maior liberdade tanto para falar quanto para se relacionar sexualmente.

A facilidade no acesso às informações sobre sexo, porém, não significa que esses jovens estejam transando mais. Pelo contrário.

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Diversas pesquisas apontam que está havendo um “apagão sexual” nesta geração. E as causas, segundo especialistas, são as mais diversas.

Excesso de conexão e estímulos com o mundo virtual, pornografia, preocupações com o corpo e até compromissos com estudo e trabalho estão entre as possíveis causas para o desinteresse sexual.

Estudiosos do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, e do Departamento de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos, estudaram o fenômeno em 2020.

Segundo a pesquisa realizada por eles, entre a faixa etária de 18 a 24 anos, 31% dos homens e 19% das mulheres disseram não ter tido relações nos 12 meses anteriores.

A psicóloga Luiza Bazoni destaca que à medida que a geração Z continua atrasando marcos importantes da vida adulta, como emancipação financeira, morar sozinho, casamento e parto, ela também demonstra menos prazer em fazer sexo.

“Essa é uma geração que sofre cada vez mais com a questão da imagem, principalmente por causa da glamourização de padrões estéticos exibidos todos os dias nas redes sociais.

A sexóloga Claudia Marriel chama atenção para a falta de interesse no sexo presencial, mesmo com tantas informações à disposição.

“Nunca vivemos um tempo tão permissivo, sexualmente falando. Hoje o sexo é abordado abertamente em canais de TV, séries, filmes, programas de TV e nas redes sociais. Temas que muito recentemente eram tabus, como sexo anal, hoje são discutidos e falados abertamente”, observa.

A ginecologista Lorena Baldotto, especialista em sexualidade, aponta ainda o alto consumo em pornografia, que pode levar ao isolamento.

“A pornografia pode influenciar no desejo sexual porque é mais uma forma de descarga de energia, podendo ser considerada, muitas vezes, mais excitante do que a vida real. Isso gera até alguns distúrbios e deturpações em relação a como essa pessoa interage com a própria sexualidade”.

Flaviane Brandemberg,  terapeuta sexual: “Atual geração é a mais infantil”

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Flaviane Brandemberg é especialista em Terapia Sexual |  Foto: Divulgação

Como explicar o pouco interesse dos mais jovens pelo sexo? Em conversa com a reportagem de A Tribuna, a especialista em Terapia Sexual Flaviane Brandemberg aponta como sendo uma das possíveis causas “o retardamento psicoemocional que os adolescentes de hoje estão experimentando”.

A Tribuna - O que pode causar a falta de interesse dos mais jovens por sexo?

Flaviane Brandemberg - "A ciência busca entender cada vez mais as mudanças sociais e comportamentais que então endossando a inatividade sexual da geração Z. Uma das possíveis causas é o retardamento psicoemocional que os adolescentes de hoje estão experimentando.

Essas mudanças não aparecem somente no comportamento sexual, mas em várias áreas da vida. Eles estão assumindo menos responsabilidades, afetando o desempenho na escola, na vida profissional e nos relacionamentos afetivos. A geração de jovens hoje é a mais infantil de todos os tempos, conforme os estudos vêm apresentando."

- Acesso à pornografia e rede social podem influenciar no pouco desejo sexual?

"Vários estudos buscam respostas para este fenômeno atual. Outra tentativa de explicar a diminuição do sexo entre a geração Z é associá-la ao aumento da masturbação e os acessos à pornografia."

- Excesso de atividades (estudos, cursos, trabalho) também pode ter influência, já que os jovens hoje têm a agenda mais cheia do que a geração passada?

"Os estudos mostram que o mundo virtual provocou muitas mudanças no mundo real a cada dia. Por trás das telas muitas coisas acontecem: amizades, relacionamentos e sexo. Injeção de prazer instantâneo. Tudo acontece ao mesmo tempo, menos o contato físico presencial. Muitas situações começam e terminam ali, naquele espaço."

- O que falta?

"A educação em sexualidade é muito escassa. Não se ensina sobre a sexualidade, que é a história de vida, e como ela se constitui em cada fase da vida."


Saiba mais

Excesso de tecnologia

O uso constante de dispositivos eletrônicos e mídias sociais pode levar a uma diminuição da interação social face a face e a uma desconexão das experiências físicas, consequentemente gerando desinteresse pelo sexo.

Preocupações com o corpo

Pressões sociais relacionadas à imagem corporal e à aparência podem impactar negativamente a autoestima e o conforto com a própria sexualidade, reduzindo o interesse sexual.

Aplicativos de namoro

Por meio de aplicativos de namoro os jovens têm praticado o “sexting”, que é o “sexo” por mensagens de texto, vídeo e áudio.

Pornografia

Os jovens acabam por suprir suas necessidades com encontros virtuais, pornografia e até mesmo jogos, onde é possível se tornar um personagem e se envolver sentimentalmente.

Os “filhos do quarto”, como têm sido chamados hoje em dia, se interessam mais pelo isolamento; quase tudo pode ser feito de forma digital e sua habilidade em lidar com pessoas e sentimentos fica cada vez mais comprometida.

Pressão acadêmica

A competição acadêmica e a pressão para alcançar sucesso profissional podem consumir muito tempo e energia, deixando menos espaço para relacionamentos e intimidade.

Opção

Por outro lado, há jovens que por questões religiosas, ou até mesmo por opção, decidem se abster do sexo antes do casamento.

Fonte: Especialistas consultados e pesquisa AT.

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