Reunião ministerial sob investigação teve ao menos 37 palavrões
O presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares usaram palavrões ao menos 37 vezes na reunião ministerial ocorrida em 22 de abril e tornada pública pelo ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), nesta sexta-feira (22).
O chefe do Executivo foi o recordistas e usou palavras de baixo calão em 29 oportunidades para atacar adversários e também para tentar impor respeito aos auxiliares.
Para se referir a prefeitos e governadores e suas ações de isolamento social, Bolsonaro recorreu sete vezes à expressão "b.". O presidente também falou "m." em quatro situações e "p." em outras quatro.
Ao levantar o sigilo da gravação, Celso de Mello criticou o uso de palavras "indecorosas, grosseiras e constrangedoras" pelos integrantes do Executivo.
Os palavrões não ficarem restritos ao presidente. O presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, disse três vezes "p." e o ministro da Economia, Paulo Guedes, também recorreu à interjeição para se referir a um banco estatal.
"Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa p. logo", disse.
A palavra também foi dita em oito situações por Bolsonaro, geralmente para reafirmar suas ordens aos ministros. "Se eu não tiver esse direito de ir e vir. Prefeitinho lá do fim do mundo, um jaguapoca dum prefeito manda prender. Tem que a Justiça se posicionar. .. se posicionar sobre isso, p.", ressaltou.
No movimento para pressionar o então ministro Sergio Moro a se posicionar contra o isolamento social sob o argumento de violação a direitos individuais, o chefe do Executivo diz que é preciso armar a população "para que nenhum filho da p." imponha uma ditadura no Brasil.
O chefe da Casa Civil, general Braga Netto, por sua vez, recorreu à palavra "c." para dar seguimento à reunião e definir quem seria o próximo a se pronunciar.
Bolsonaro é conhecido por abusar dos palavrões em audiências e encontros privados. Ele inclusive costuma pedir a veículos de imprensa que não publiquem as palavras de baixo calão que ele pronuncia durante entrevistas exclusivas.
O excesso de palavrões usados na reunião ministerial do final de abril era inclusive uma de suas preocupações em relação à divulgação do conteúdo integral da gravação. Nos últimos dias, ele repetiu mais de uma vez que o encontro estava cheio de impropérios.
"E tem bastante palavrão, tá. Peço para o pessoal não assistir. Uma reunião reservada", disse. "Igual você quando junta com o seu pessoal de trabalho ou a imprensa para fazer uma pauta e sai palavrão em um local e em um outro, mas acontece isso aí", acrescentou.
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