Recuperação de pacientes graves cai para quatro dias
Enquanto a curva de avanço da Covid-19 caminha para consolidar queda em setembro, os hospitais particulares do Estado registram boa notícia: o tempo médio de recuperação dos pacientes graves caiu para quatro dias em algumas unidades.
Na Serra, o Vitória Apart Hospital anotou uma média de sete dias de internação de paciente suspeito ou confirmado com Covid-19 em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em junho. Em julho, a média caiu para quatro dias.
Mudanças no manejo de pacientes com síndrome aguda respiratória grave, que precisam de entubação e ventilação, ajudaram a melhorar o cenário, explica a coordenadora do serviço de controle de infecção do hospital, Polyana Gitirana.
“Os protocolos iniciais eram intervencionistas, e a medicina achava que isso mudaria o curso da doença de maneira benéfica. Os protocolos previam muitas medicações que, percebe-se agora, talvez estivessem aumentando o tempo de UTI”, explica.
Um exemplo prático, diz Polyana, é que entubações podem gerar outros problemas, como pneumonias associadas à ventilação mecânica. “Tomar medidas mais precoces para evitar problemas renais e hemodiálise, por exemplo, também ajudou o cenário”, conta.
No Hospital Evangélico, em Vila Velha, o tempo médio está em sete dias, mas chegou a variar entre 15 e 21, no auge.
“No começo, as indicações versavam sobre entubação precoce e medicações que se utilizavam empiricamente, como hidroxicloroquina. Com o tempo, começamos a postergar entubações, acertando o tempo correto. O corticoide metilprednisolona também foi um divisor de águas”, explica o diretor técnico Enrico Miguel.
Em Cariacica, a média no Hospital Meridional está em seis dias e meio, mas já foi de nove, em abril e maio. Médica intensivista e pneumologista da unidade, Dyanne Dalcomune lembra que outro medicamento fundamental foi o corticoide dexametasona.
“O paciente de Covid-19 tem um comprometimento pulmonar que influencia demais na recuperação. Se for para a ventilação mecânica, então, o tempo aumenta”.
OPINIÕES
"Protocolos menos invasivos evitaram doenças associadas à entubação”
Polyana Gitirana, coord. do serviço de controle de infecção do Vitória Apart
"Evitar a entubação precoce ajudou, bem como o corticoide metilprednisolona”
Enrico Miguel, diretor técnico do Hospital Evangélico
"Dexametasona foi divisor de águas como resolução para os quadros pulmonares”
Dyanne Dalcomune, intensivista e pneumologista do Meridional
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