Maio mais quente dos últimos 63 anos em Vitória
Apesar da frente fria prevista para os próximos dias, este mês já bateu recordes de temperatura em Vitória
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Apesar da frente fria prevista para os próximos dias, com queda de temperatura, já se pode afirmar oficialmente que este é o mês de maio mais quente em Vitória nos últimos 63 anos.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Vitória está tendo o maio mais quente desde 1961.
A média de temperatura máxima na capital capixaba do dia 1º de maio até ontem foi de 31,9ºC e a média de temperatura mínima foi de 24,1ºC.
Mas o que justifica tanto calor? A Climatempo explica que, desde o dia 22 de abril, um forte bloqueio atmosférico se estabeleceu sobre o Brasil, impedindo o deslocamento normal das frentes frias.
A maioria das frentes frias foi desviada para alto-mar ainda no Rio Grande do Sul. “Poucas frentes chegaram ao Espírito Santo, e fracas, sem causar grande queda da temperatura”, informa Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo.
Além disso, a falta de ar polar e de chuva e também o oceano Atlântico Sul mais quente do que o normal mantiveram a temperatura alta.
Já Danillo Sartório Rangel, bacharel e licenciado em Ciências da Natureza e mestre em Agroecologia, observa que a cidade de Vitória está em constante crescimento desde 1961.
“A retirada da cobertura vegetal em função do crescimento da cidade é um dos principais fatores climáticos locais. Ao mesmo tempo, o aumento populacional e de carros agrava ainda mais a concentração de gás carbônico”.
Na escala global, segundo ele, a concentração de gás carbônico está em constante crescimento desde a primeira Revolução Industrial.
“A humanidade e sua formação social, econômica e política são as principais responsáveis por essas mudanças climáticas. Só existe uma tecnologia no planeta capaz de reduzir a concentração de gás carbônico do ar e armazená-lo na superfície por milhares de anos: os sistemas florestais”.
Rosa Casati Ramaldes, bióloga e mestre em Arquitetura, também salienta que o clima urbano é um sistema que compreende um conjunto de fatores.
“Continuamente, o calor é incorporado e desprendido pela natureza, só que os elementos construídos que constituem uma cidade podem agravar esse desconforto térmico, pois transmitem o calor para o ar”.
Nos exemplos, ela destaca a importância da arborização nas áreas urbanas, bem como o uso de vegetação nas superfícies, uma vez que as plantas reduzem a propagação de calor para o ambiente e as árvores trazem conforto térmico, pois liberam vapor de água no ar.
Quando calor dará trégua?Afinal, quando o calor deve dar uma trégua? Considerando a previsão de temperaturas da Climatempo até a próxima quarta-feira, a média de máxima seria 31,4ºC, em Vitória.
Já média de mínima seria de 23,4ºC, e ainda seriam as mais altas para um mês de maio desde 1961, como destaca Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo.
Na sexta (24), a mínima na capital foi de 23ºC e a máxima de 32,9ºC . Hoje, a previsão da Climatempo é variar entre 20 a 31ºC. Para amanhã, a mínima prevista é 21 e a máxima, 28ºC.
Sobre o inverno, ela disse que ainda não tem material da estação detalhado, mas não há previsão de ser rigoroso.
Frente fria
Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de perigo potencial para 33 cidades do Estado, incluindo a Grande Vitória, com possíveis quedas de temperaturas durante o fim de semana.
De acordo com o aviso, os termômetros podem registrar redução de 3ºC a 5ºC.
Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, falou sobre uma frente fria passando pela região Sudeste. “Ela está agora em São Paulo e deve causar algumas mudanças no tempo no Espírito Santo a partir da próxima semana”.
ENTENDA> Recorde
Vitória está tendo o maio mais quente desde 1961, ou seja, em 63 anos. A média de temperatura máxima do dia 1º de maio até ontem foi de 31,9ºC e a média de temperatura mínima foi de 24,1ºC.
Sobre datas anteriores, a explicação é que não é possível ver dados mais antigos porque só a partir de 1961 são públicos.
> Calor fora de época
Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, explica que esse calor fora de época está sendo provocado pela atuação de um bloqueio atmosférico que nada mais é do que um sistema de alta pressão, uma circulação de ventos no sentido anti-horário que está atuando sobre toda a porção Centro-Oeste do País e que barra o avanço de frentes frias. Então, isso mantém as temperaturas altas e a umidade mais baixa.
Josélia Pegorim , meteorologista da Climatempo, complementa que esta é uma situação especial, com atmosfera e oceanos globais muito quentes, e isso ajuda a manter a temperatura elevada.
> Outros fatores
Falta de reflorestamento urbano, com mais árvores e vegetação.
Áreas construídas e pavimentações também são responsáveis pela troca de calor.
Falando em um contexto macro, especialistas ouvidos defendem projetos de reflorestamento urbano como utilização de terrenos baldios para implantação de sistemas florestais e reflorestamento rural, com a diminuição de pastagens ao redor da cidade.
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Climatempo e especialistas entrevistados.
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