Árvores caídas e estragos em 14 cidades após chuva
Município com maior acumulado de água em 24 horas foi Ibiraçu, que registrou 101 mm. Bairros da Grande Vitória foram atingidos
As fortes chuvas registradas na noite de quarta-feira (3) provocaram alagamentos, quedas de árvores, falta de energia e danos em pelo menos 14 regiões do Espírito Santo.
De acordo com o Boletim Extraordinário da Defesa Civil atualizado às 17 horas de quinta-feira (4), o município com maior acumulado nas últimas 24 horas foi Ibiraçu, que registrou 101 mm. Logo em seguida aparecem João Neiva (90 mm) e Aracruz (89 mm).
Na zona rural de Mimoso do Sul, as chuvas resultaram em uma enchente na Comunidade de São Rafael. As águas entraram em imóveis e na quadra da comunidade. No município, quatro pessoas estão desalojadas.
Bairros da Grande Vitória também foram atingidos. Na Praia da Costa, em Vila Velha, uma árvore caiu, interditou a avenida Hugo Musso e deixou moradores de 50 imóveis da região sem energia elétrica.
O fenômeno, segundo especialistas, está relacionado à atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
De acordo com Wesley de Souza Campos Correa, professor do Departamento de Geografia e pesquisador do Instituto de Estudos Climáticos do Espírito Santo (IEC/Ufes), a ZCAS é um fenômeno típico do período entre a primavera e o verão.
“Esse é um fenômeno sazonal no Brasil. Ela acontece porque aumenta a temperatura no País, o que eleva a formação de nuvens de chuva”, explica.
O pesquisador lembra que o sistema é responsável por transportar grandes volumes de umidade da região Norte para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
“Esse fenômeno também é conhecido como ‘rios voadores’. Ele tem origem na junção entre a Floresta Amazônica e o oceano. Os ventos convergem e mandam umidade daquela região para regiões como o Sudeste”.
A Defesa Civil estadual monitora a situação desde o início do episódio. O tenente-coronel Carlos Wagner Borges Rigoni, coordenador Estadual Adjunto de Proteção e Defesa Civil, destacou que equipes de resposta foram mobilizadas ainda durante a madrugada.
Rigoni reforçou ainda que o órgão segue em alerta devido à permanência da ZCAS. “O cenário ainda exige atenção. A orientação é que a população acompanhe os avisos oficiais e evite áreas alagadas ou de risco”.
A previsão é de que nesta sexta-feira (5) e nos próximos dias continue chovendo no Norte e Noroeste. “Na região Central e Sul do Estado, volta ao normal. Tem previsão de chuva, sim, mas com acumulado menor, entre 10 e 30 milímetros. Essa massa deve continuar estacionada no Norte até pelo menos domingo ou segunda-feira”, pontuou.
Raio matou 29 bois em fazenda
Durante as fortes chuvas que atingiram o Espírito Santo na noite de quarta-feira (3), um raio matou 29 bois de uma só vez em uma fazenda localizada no município de Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo.
De acordo com informações do Brasil Urgente ES, diversos raios foram registrados durante o temporal.
Fenômeno climático deve deixar verão mais chuvoso
Estação mais quente do ano, o verão começa no próximo dia 21 de dezembro, trazendo o calor típico do fim do ano. E, desta vez, também será seguido de mais chuva no Espírito Santo.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os modelos climáticos indicam anomalias positivas de precipitação no Espírito Santo durante o verão. No entanto, essa tendência não está diretamente ligada ao fenômeno La Niña.
Segundo Melquizedek Duarte, meteorologista do Inmet, a influência do fenômeno no Espírito Santo é limitada.
“A relação do La Niña com o aumento de chuvas não é tão direta no Espírito Santo. A influência mais forte ocorre nas regiões Sul e Norte”, explica.
Mesmo assim, o especialista destaca que os modelos apontam para uma alta estação um pouco mais úmida.
“O que os modelos mostram para o trimestre de verão é uma anomalia positiva, podendo chegar a até 50 milímetros acima da média”, afirmou o meteorologista.
Melquizedek reforça ainda que o fenômeno está atuando de forma mais fraca e também por um período mais curto.
“O La Niña deste ano é de fraca intensidade e curta duração. Ele deve atingir o pico agora em dezembro e, em janeiro, já voltamos a uma condição de neutralidade”, pontuou.
Mas, em conjunto com a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), os efeitos do fenômeno podem chegar ao ES.
“No verão é quando temos mais eventos de ZCAS, e eles levam muita precipitação para a região do Espírito Santo”, afirma.
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