Poupança passa a render mais
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,75 ponto percentual ontem, na continuidade de um movimento de alta iniciado em março, como tentativa de conter o avanço da inflação.
Com o ajuste, a Selic foi definida em 3,5% ao ano, após chegar ao patamar mínimo histórico de 2% em agosto do último ano.
A nova alta de juros impacta desde as operações de crédito até as aplicações em poupança, que são mantidas por cerca de 2 milhões de capixabas.
Com a nova taxa de juros, a rentabilidade da caderneta de poupança passará a ser de 0,2% ao mês e 2,45% ao ano. Antes, o rendimento estava em 0,16% ao mês e de 1,93% ao ano. Os cálculos são da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac).
Segundo o último relatório Focus, divulgado pelo órgão, a previsão é de que a Selic termine 2021 no patamar de 5,5% ao ano, chegando a 6,25% em 2022.
Entretanto, a previsão de crescimento da inflação para 2021, estimado pelo Banco Central, é de 5,1%. O que significa que o rendimento da caderneta de poupança continua sendo menor do que o avanço dos preços.
“Novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do País, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem pressionar ainda mais os prêmios de risco do país”, informou o comunicado do Copom.
“O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, completou o órgão, que é liderado por Roberto Oliveira Campos Neto, presidente do BC.
Investimento
Apesar da elevação de juros, que deve ser mantida nas próximas quatro reuniões do Copom, o investidor que quiser retorno maior ainda deve fugir da poupança.
“Enquanto permanecer rendendo 70% da Selic, mesmo que ela chegue aos 5,5% ao ano, a poupança estará rendendo cerca de 3,5%. A poupança não deve ser vista como um investimento, mas sim como um recurso para manter um dinheiro guardado em um curto prazo”, afirmou o assessor do Banestes, José Márcio de Barros.
Engenheiro desiste da caderneta
O engenheiro químico Danilo Bressan decidiu tirar seu dinheiro da poupança quando começou a estudar outros investimentos com maior retorno. O objetivo, segundo ele, é construir um patrimônio de longo prazo para a aposentadoria.
“Comecei investindo em Tesouro Direto, depois em alguns fundos de investimento e no final do ano passado comecei a estudar e investir em ações. Todos os dias acompanho para ver o crescimento da minha carteira”, salientou.
Ação na Justiça para recuperar prejuízo é perda de tempo
Com o avanço da inflação no País, a caderneta de poupança vem enfrentando um longo período sem ganhos reais, já que a taxa Selic seguiu uma trajetória de queda nos últimos anos, em comparação à série histórica.
Entretanto, ao contrário de outros momentos em que o governo interferiu nos rendimentos da poupança, como nos anos 1980 e 1990, e gerou prejuízo aos aplicadores, tentar recuperar as perdas atuais na Justiça não é uma tarefa fácil, segundo advogados.
“Perdas na poupança já ocorreram, mas por conta da não aplicação de determinados índices de reajustes previstos na legislação”, explicou o advogado João Modenesi Filho.
“No caso atual, o índice de correção está bem definido pela Lei, o que acontece é que ele não está alto como a Selic dos anos anteriores”, completa Modenesi. Segundo ele, a solução para o trabalhador é buscar outros investimentos.
O advogado Sérgio Nielsen também acredita que o atual cenário não deva render ao trabalhador a possibilidade de cobrar o valor perdido para a inflação.
“Esses valores são definidos pelo Banco Central, e os bancos só seriam responsáveis por indenizar se não aplicassem as taxas impostas, mas eles aplicam corretamente.”
Saiba mais
Aumento da Selic
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A taxa Selic influi diretamente na maioria dos investimentos renda fixa, especialmente na poupança.
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Após permanecer na mínima histórica de 2% ao ano entre agosto de 2020 e março deste ano, o Banco Central aumentou pela segunda vez a Selic, que chegou ao patamar de 3,75% ao ano.
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A previsão é de que haja novos reajustes até o fim do ano, e a Selic termine 2021 em 5,50%
Rendimento da poupança
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O rendimento da poupança é definido pelo comportamento da taxa Selic.
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Se a taxa Selic estiver acima de 8,5% ao ano: a poupança rende 0,5% sobre o valor depositado + Taxa Referencial (TR).
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Se a taxa Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano: a poupança rende 70% da Selic + Taxa Referencial (TR).
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Atualmente, a TR está zerada, o que significa que a poupança rende somente 70% da taxa Selic.
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Com a nova taxa de juros, a rentabilidade da caderneta de poupança passará a ser de 0,2% ao mês e 2,45% ao ano.
Outros investimentos
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Há outros investimentos de renda fixa que representam segurança e rentabilidade maior que a poupança, segundo especialistas .
Letras de Crédito
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Com a taxa de juros baixa, a procura pelas Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) tende a aumentar.
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A LCI e a LCA são investimentos livres de impostos, inclusive o Imposto de Renda.
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O investimento pode ter taxa de rendimento pré-fixada ou pós-fixada, atrelada a um indexador, como o CDI ou o IPCA.
CDI
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O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é uma taxa que lastreia as operações interbancárias.
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A taxa cobrada entre eles, conhecida como Taxa CDI, regula o mercado de renda fixa e de fundos de investimentos de renda fixa.
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A taxa CDI costuma ficar próxima da taxa Selic.
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Em 2020, por exemplo, o CDI acumulado ao longo dos 12 meses foi de 2,75%. Já em 2019, essa taxa ficou em 5,96%.
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É comum um rendimento de renda fixa ser calculado por uma porcentagem da CDI (por exemplo, rendendo 100% da CDI).
Tesouro Direto
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O Tesouro Direto é composto por títulos públicos emitidos pelo governo federal.
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É uma aplicação segura, e que pode ter um rendimento pré ou pós-fixado.
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Os títulos do tesouro também podem ser atrelado à taxa IPCA (inflação) ou Selic (juros básicos).
Fundos de Investimento
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Os Fundos de Investimento mistos também são uma opção de rentabilidade.
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Eles reúnem aplicações em títulos de renda fixa e renda variável, tornando a possibilidade de ganhos mais interessante.
Renda Variável
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A Renda Variável é composta por diversas aplicações financeiras, como o dólar e o mercado de ações.
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Essas aplicações podem ser feitas a curto ou longo prazo, dependendo do objetivo.
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Especialista alertam, entretanto, que os riscos de prejuízos são maiores, já que não há previsibilidade.
Diversificação
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A orientação é diversificar os investimentos para diluir também os riscos, além de identificar quais são mais vantajosos.
Fonte: Especialistas ouvidos.
Análise - Arilda Teixeira Economista e professora da Fucape
“A poupança paga abaixo de outros rendimentos porque não tem Imposto de Renda, IOF, e isso é uma compensação sobre outras aplicações.
É por isso que é popular, não tem um valor mínimo para se aplicar. A taxa de rendimento da poupança não aumenta porque o dinheiro é canalizado para a construção civil, e para que sejam acessíveis às pessoas de baixa renda, precisam ser baratas, e o custo do dinheiro não pode ser alto.
Devido à estabilização da moeda, também há uma preocupação de não haver nenhum elemento indexador sobre o rendimento da poupança, para evitar-se a inflação. O Banco Central controla a expectativa de inflação calibrando a taxa juros, que é uma taxa que é parte do cálculo da poupança. E com juros baixos, manter o dinheiro significa remuneração baixa.”
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