Relatório da CPI de 8 de janeiro propõe indiciamento de Bolsonaro e de ex-ministros
Senadora Eliziane Gama (PSD-MA) sugeriu o indiciamento do ex-presidente, dos generais Augusto Heleno e Braga Netto, além de Anderson Torres
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A relatora da CPI do 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), sugeriu o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos ex-ministros general Augusto Heleno, general Walter Braga Netto, e Anderson Torres.
Gama mirou o "núcleo duro" do bolsonarismo para apontar que o ex-presidente estava cercado por movimentos radicais —que chegaram ao ápice no dia 8 de janeiro, com a destruição do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF.
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A participação de Bolsonaro, segundo a senadora, foi exposta pelo programador Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato, e pela delação premiada de seu principal ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
Em depoimento à CPI, Delgatti disse que a campanha de Bolsonaro planejou forjar a invasão de uma urna eletrônica em 2022, e que o próprio ex-presidente pediu para que ele grampeasse conversas do ministro Alexandre de Moraes.
Diferentes minutas golpistas circularam no entorno de Bolsonaro após a vitória de Lula. Uma delas, encontrada no armário de Torres, autorizava o ex-presidente a instaurar estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outra foi localizada no celular de Cid.
Ao longo das investigações, Gama tentou reconstruir a escalada dos radicais após a vitória de Lula (PT), começando pelas blitze feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno para dificultar a votação de eleitores petistas.
A relatora sugeriu, por exemplo, que o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques seja indiciado. Vasques está preso desde agosto a pedido da Polícia Federal pelas mesmas suspeitas.
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Outro alvo da CPI foi o acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, após a derrota de Bolsonaro. A relatora pede o indiciamento do ex-comandante do Exército general Freire Gomes, e do general Gustavo Dutra, ex-chefe do Comando Militar do Planalto.
A linha do tempo construída pela relatora menciona ainda os ataques ocorridos em Brasília na reta final do governo Bolsonaro: a tentativa de invasão da sede da PF —e o rastro de destruição provocado por bolsonaristas no dia—, além da colocação de uma bomba perto do aeroporto.
Gama também detalhou o papel dos militares formados nas forças especiais do Exército, os chamados de "kids pretos", e sugeriu o indiciamento do general Ridauto Fernandes, ex-diretor de Logística no Ministério da Saúde durante o governo Bolsonaro.
"As invasões do dia 8 de janeiro fracassaram em seus objetivos mais escuros, mas os ataques à democracia continuam", escreveu Gama. "O 8 de janeiro ainda não terminou, urge que o sistema de vigilância seja permanente."
O relatório —de mais de 1.300 páginas— será votado na sessão desta quarta (18). O documento, obrigatório em comissões parlamentares de inquérito, pode apenas sugerir indiciamentos a autoridades responsáveis, como o Ministério Público Federal.
O principal relatório da oposição sugere a responsabilização do próprio presidente Lula, além de GDias, Dino, do ex-interventor e número dois do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, e do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura.
O documento também pede o indiciamento do comandante-geral da Polícia Militar do DF em 8 de janeiro, coronel Klepter Rosa Gonçalves, e do então chefe do Departamento Operacional da corporação, tenente-coronel Paulo José.
Em um segundo relatório da oposição, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) também defendeu o indiciamento de Dino e GDias.
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