Partidos buscam celebridades da internet para disputar eleições

Tiktok é uma das redes sociais mais usadas e das que têm usuários famosos: procura por pessoas com visibilidade |  Foto: Divulgação

Não é de hoje que partidos políticos buscam celebridades para integrar as siglas e atrair eleitores. São influencers digitais, atores, ex-esportistas, além de outras categorias. 

Esse movimento  tem sido comum de acontecer, principalmente em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro. E o Espírito Santo não tem ficado de fora. No Estado, por exemplo, já foram eleitos pessoas que fizeram carreira como jornalistas, radialistas e ex-jogadores de futebol, por exemplo. 

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A maioria dos partidos já admitem que estão de portas abertas para ouvir as propostas das celebridades, deixando claro que o ideal é que a pessoa tenha algum tipo de convergência ideológica com a sigla.

Em outras palavras, isso quer dizer que os partidos, no Espírito Santo, estão preocupados de acabar elegendo alguma celebridade e, no futuro, perceber que a pessoa pensa de forma contrária à linha ideológica partidária. 

De acordo com o secretário-geral do PP, Marcos Delmaestro, o partido “está à disposição de todos, e qualquer influencer que tiver algum projeto, será ouvido pela sigla”. 

Já o presidente do PSB no Estado, Alberto Gavini, comentou que no momento o partido não possui nenhuma celebridade filiada. 

“No entanto, se essa pessoa tiver características que se encaixam com o partido, temos maior prazer em recebe-la conosco”, disse.

O tesoureiro da Executiva estadual do PL, pastor Carlos Salvador, comentou que o partido está de portas abertas para qualquer pessoa que “entenda o espectro político da sigla”.

Por meio da assessoria, o PSDB informou que está disposto a ouvir qualquer projeto, mas que as celebridades não são o foco da sigla.

Já o presidente estadual do Cidadania, Marcos Guerra, confirmou que a sigla está em busca de nomes que possam agregar em “termos de qualidade e visibilidade e que com isso, o partido ganhe votos”. 

Por fim, o secretário de comunicação do PT, Jakson Andrade, afirmou que o partido tem muitos militantes na área da Cultura, por isso há a possibilidade de filiar influencers. 

“Estamos de portas abertas, mas a gente sempre conversa muito com a pessoa para que ela entenda a dinâmica do PT”, afirmou.

A reportagem procurou as liderenças do Republicanos, Podemos e Patriota, mas até o fechamento da edição, não houve retorno.

Humorista foi recebido por deputados na Assembleia

Na última semana, um humorista capixaba chamado Anderson Nunes, conhecido também como “Marloko”, que grava vídeos para as redes sociais, entrou na Assembleia Legislativa com uma câmera escondida, para gravar a reação dos deputados estaduais, seguranças da Casa e demais funcionários dos gabinetes.

Durante o vídeo, é possível reparar que os funcionários da Assembleia se assustam com a presença de Anderson, que entra nas salas e até mesmo no Plenário da Casa sem avisar ninguém, de bermudas e com uma réplica de tornozeleira eletrônica.

Além de ter entrado nos gabinetes, o humorista também interagiu com deputados como Sergio Meneguelli (Republicanos), Mazinho dos Anjos (PSDB), Coronel Weliton (PTB), Capitão Assumção (PL) e  Alcântaro Filho (Republicanos), dentre outros.  

Na publicação do Instagram, a conta do deputado estadual Pablo Muribeca (Patriota) acabou sendo a única  marcada. Perguntada se havia alguma proximidade com o deputado, a assessoria de Anderson negou e disse que o humorista conheceu Muribeca no próprio dia da interação social.

Já sobre possível intenção política futura, a assessoria do humorista informou que o mesmo não tem pretensões de se lançar candidato e alegou que o mesmo “não gosta de política”.

No YouTube, o vídeo de Anderson Nunes já ultrapassou a marca de quatro milhões de visualizações, enquanto no Instagram, o conteúdo já foi visto mais de duas milhões de vezes.

Eleitor em cabine de votação: influência história é um dos requisitos |  Foto: Divulgação / TSE

Entenda

Filiação de celebridades

• Segundo análises de cientistas políticos, é necessário que os partidos estejam atentos às linhas ideológicas das celebridades, para que no futuro não haja conflito de pensamentos entre eleito e sigla. 
• Em muitos casos, existem famosos que tem proximidade de décadas com determinados partidos, e isso pode facilitar na hora de uma possível filiação, porque além da sigla já ter confiança na pessoa, o eleitorado também vai sentir mais confiança na candidatura.
• Geralmente, a filiação de celebridades acontece mais para o legislativo municipal, já que os partidos costumam lançar candidatos mais fortes às prefeituras, nomes com algum tipo de influência histórica na região.
• O PSDB no Estado, por exemplo, comentou que já possui nomes históricos como de Luiz Paulo Vellozo Lucas, ex-prefeito da capital, e que nomes como o dele terão prioridade na hora das escolhas. 

Retrospecto

• Nas últimas eleições, os partidos já apostaram em nomes de influencers para disputar câmaras municipais e cadeiras de deputados estaduais e federais pelo País.
• No Rio de Janeiro e  São Paulo, por exemplo, essa atitude tem sido cada vez mais comum. São fisiculturistas, ex-BBB's e pessoas que trabalham com moda, geralmente.
• Apesar disso, os cientistas políticos ponderam que a quantidade de seguidor que determinada celebridade tem nas redes sociais não quer dizer, necessariamente, que será convertida em eleitores. 
• A ex-bbb Ariadna Arantes chegou a se lançar candidata à deputada federal pelo PSB em São Paulo, estado pelo qual Luiza Brunet, filiada ao PSDB, tentou chegar à Câmara. 
• A modelo é seguida por mais de 835 mil pessoas e costuma compartilhar  registros com ministros do STF, além de explorar pautas femininas.
• O ator Mário Frias é um exemplo que se candidatou pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi eleito deputado federal e foi até mesmo secretário de Cultura do governo do ex-presidente. 

Fonte: Pesquisa AT e entrevistados citados na matéria.

ANÁLISE | “A fidelidade partidária tem de contar”, Vinícius Zuccolotto, cientista político

Vinicius zuccolotto |  Foto: Divulgação

“Os partidos procuram nomes famosos para disputar eleição no intuito de ganhar votos. Para prefeituras, nem sempre funciona muito bem, porque as pessoas do partido vão considerar aqueles que têm alguma trajetória dentro da sigla.

Mas de todo modo, principalmente para cargo de vereador, a pessoa que se manifesta querendo participar do pleito vai atrair nomes, já que ela deve ter peso nas redes sociais ou em outros meios.

O outro lado dessa questão da fama, no entanto, é o eleitor questionar que essa celebridade está entrando na política porque vai mal na música ou esporte, por exemplo.

O que pesa muito é o quanto o partido pode confiar nessa celebridade. Essa pessoa se identifica com o partido? Ou quer pegar carona em um bom momento de determinado partido? É algo que precisa ser analisado.

A fidelidade partidária tem que contar, não somente a votação ou o número de adeptos. É preciso confiar nessa celebridade depois de uma suposta vitória.”

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