Moraes autoriza PF a ouvir Marcos do Val sobre alegação de plano golpista
O senador, em live na madrugada desta quinta-feira (2), disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a tomada de depoimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) pela Polícia Federal.
O depoimento, como mostrou a Folha, foi solicitado pela PF na investigação aberta para apurar os ataques golpistas ocorridos após o segundo turno das eleições e que desaguaram nas invasões aos prédios do três Poderes em 8 de janeiro.
O senador, em live na madrugada desta quinta-feira (2), disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe para seguir no Palácio do Planalto. Marcos do Val será chamado para depor na condição de testemunha.
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"Conforme amplamente noticiado, o Senador Marcos do Val divulgou em suas redes sociais ter recebido proposta com objetivo de ruptura do Estado Democrático de Direito, circunstância que deve ser esclarecida no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito a eventual intenção golpista, o que pode caracterizar os crimes previstos nos arts. 359-M (golpe de Estado) e 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) do Código Penal", diz trecho da decisão de Moraes.
Uma mensagem atribuída ao ex-deputado federal Daniel Silveira, preso nesta quinta-feira (2) pela PF por ordem do STF, sugere um plano golpista para gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal. A mensagem teria sido enviada ao senador Marcos do Val.
Do Val afirmou à Folha que recebeu a mensagem depois de uma conversa com Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O parlamentar não sabe dizer a data, mas afirma que ocorreu após o resultado das eleições e antes da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 12 de dezembro.
Na live em que anunciou a renúncia, o senador citou uma reportagem que seria publicada sobre a coação para o golpe.
"Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é logico que eu denunciei", disse o senador.
Do Val disputou uma eleição pela primeira vez em 2018 e se elegeu com 24,8% dos votos do Espírito Santo. Ele foi eleito na onda de Jair Bolsonaro (PL), que venceu aquele pleito presidencial e fez com que diversos aliados estreantes na política conquistassem vagas no Legislativo.
No último dia 13, fez críticas ao ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), e acusou o governo federal de permitir as invasões e depredações nas sedes dos Três Poderes.
"Tanto ele como o presidente Lula, sabiam de tudo e deixaram a tragédia acontecer. Pedirei seu afastamento e a sua prisão", escreveu nas redes sociais. Ele visitou bolsonaristas presos.
Do Val é militar do Exército e ganhou fama como instrutor de agentes de segurança pública e privada, inclusive de outros países. Durante a CPI da Pandemia no Senado, o parlamentar se notabilizou pela defesa enfática do governo Bolsonaro.
Como mostrou a Folha, a PF atua em quatro linhas de investigação para apurar todos os fatos e pessoas relacionados aos ataques golpistas e vandalismo realizados por apoiadores de Bolsonaro.
Estão na mira dessas investigações o ex-presidente, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e autoridades que atuaram ou se omitiram durante a investida golpista
No caso de Bolsonaro, a PF mira os autores intelectuais dos ataques e o depoimento de Marcos do Val pode fortalecer as suspeitas de que as seguidas investidas golpistas do ex-presidente contribuíram para os ataques.
Bolsonaro, além de estar na mira das investigações sobre os ataques de 8 de janeiro, também é alvo do inquérito das milícias digitais por causa de sua atuação na live de 29 de julho de 2021 —quando levantou sem provas suspeita de fraude nas eleições por meio de falhas nas urnas eletrônicas— e pelo vazamento de um inquérito sigiloso sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral.
O ex-presidente está nos Estados Unidos e não se manifestou até o momento sobre as afirmações do senador.
Nesta semana, ele pediu visto de turista e deve permanecer mais tempo fora do país. Na terça-feira (31), ele afirmou que vai ficar mais tempo no país. "Estou há 30 dias aqui, pretendo ficar por mais algum tempo. Não tenho certeza quanto tempo ainda. Estou com muita saudades do meu país."
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