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Política

General se cala sobre chamado para reunião após Bolsonaro editar minuta do golpe

Investigadores da Polícia Federal questionaram Estevam Teophilo, que preferiu exercer o direito de se manter em silêncio


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Imagem ilustrativa da imagem General se cala sobre chamado para reunião após Bolsonaro editar minuta do golpe
General Estevam Teophilo permaneceu em silêncio ao ser questionado pela PF "por não ter o contexto" das conversas que estavam sendo questionadas |  Foto: Divulgação / Comando Militar da Amazônia

O general Estevam Theophilo se manteve em silêncio quando investigadores da Polícia Federal o questionaram, durante depoimento, por que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o chamou para uma reunião horas após finalizar ajustes de uma minuta de decreto para promover um golpe de Estado.

Theophilo disse que exerceria o "direito de permanecer em silêncio por não ter o contexto das conversas" entre o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-comandante do Exército general Freire Gomes.

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Os investigadores se referiam a mensagens enviadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em áudio, Cid disse que o então presidente vinha recebendo "várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada onde ele vai, obviamente, utilizando as forças".

Na mensagem, o tenente-coronel disse que Bolsonaro "enxugou o decreto" na manhã do dia 09 de dezembro de 2022 —dois dias após o ex-presidente fazer a primeira sondagem aos chefes militares por um golpe— e que "comentou de falar com o general Theophilo".

"Na verdade, ele quer conversar. Ele gosta, ele gosta de bater papo, né? Acho que de alguma forma como ele está sem sair do Alvorada, como ele está preso no Alvorada, ali… É uma maneira que ele tem de, de desopilar ou de, de… tocar pra frente. Porque se não foi, se a força não incendiar, é o status quo mantém aí como o que estava previsto", completou.

Estevam Theophilo era o chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército no fim de 2022. A estrutura comandada pelo general é a responsável por realizar planos para o preparo e o emprego da Força.

O Coter, como é chamado, não tem tropas; sua função principal é dar diretrizes para os comandos militares de área, que possuem militares preparados para a ação.

Durante seu depoimento à Polícia Federal, Theophilo disse que não conhecia Bolsonaro pessoalmente e nunca havia o encontrado até o fim das eleições de 2022. Nos últimos dois meses do governo do ex-presidente, porém, o general foi três vezes ao Palácio da Alvorada para reuniões com o mandatário.

Todos os encontros de Theophilo e Bolsonaro, segundo o general, foram intermediados pelo ex-chefe do Exército Freire Gomes —alguns "a pedido" e outros "por ordem", segundo o investigado.

Desses três encontros, somente o do dia 09 de dezembro foi feito a sós. Theophilo não deu detalhes da conversa com o ex-presidente à Polícia Federal. Limitou-se a dizer que não houve nenhuma sondagem para se realizar um golpe de Estado.

"Que a reunião foi para ouvir lamentações do então Presidente da República sobre o resultado das eleições; Que apenas ouviu o Presidente falando", diz trecho do termo de depoimento, cujo sigilo foi derrubado nesta sexta-feira (15) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Que na reunião não foi tratado sobre uma possível minuta de golpe ou utilização de GLO, Estado de Defesa, Estado de Sítio ou Intervenção Federal."

Theophilo disse ainda que, após a reunião no Alvorada, foi até a casa de Freire Gomes para "reportar o conteúdo da reunião".

Os dois outros encontros teriam ocorrido em novembro e em dezembro. O primeiro foi com Freire Gomes, para tratar de assuntos do Exército. O último, na véspera do Natal, contou ainda com a presença dos generais Sérgio da Costa Negraes e Eduardo Antônio Fernandes.

Segundo Theophilo, o objetivo era "entregar um presente institucional do Exército ao então Presidente Jair Bolsonaro".

Freire Gomes participou do envio do presente mesmo após, durante reunião, ameaçar prender Bolsonaro se colocasse em prática planos golpistas discutidos no Palácio da Alvorada, como relatado pelo ex-chefe da Aeronáutica Baptista Júnior.

O general Estevam Theophilo foi um dos alvos da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, no início de fevereiro. Investigadores suspeitam que o militar tenha usado a estrutura do Comando de Operações Terrestres para preparar um plano operacional para cumprir eventuais ordens de Bolsonaro em um decreto golpista, como intervenção no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e prisão de ministros.

No depoimento, Theophilo disse que "não participou de planejamento ou execução de qualquer plano para prender o Ministro Alexandre de Moraes" e que não tinha conhecimento que integrantes do governo Bolsonaro monitoravam o magistrado em dezembro de 2022.

Theophilo integrou o Alto Comando do Exército até 1º de dezembro de 2023, quando passou à reserva em cerimônia fechada no QG do Exército. Havia um acerto interno na cúpula da Força para nomeá-lo assessor militar na representação do Brasil na ONU (Organização das Nações Unidas).

Trata-se de um cargo rotativo entre as Forças Armadas, que muda a cada dois anos. Seria a vez do Exército. O general, porém, decidiu recusar o acordo alegando problemas particulares.

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