PT assimila revés na vice de Campos no Recife de olho em alianças por Boulos e Lula
Encontro aconteceu nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto
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O prefeito do Recife, João Campos (PSB), e o presidente Lula (PT) alinharam durante encontro na quinta-feira (18) que o ex-chefe de gabinete do prefeito, Victor Marques (PC do B), será o candidato a vice na chapa do gestor nas eleições de outubro.
Victor Marques era o favorito desde abril, quando se filiou ao PC do B em articulação de Campos.
Ele é de família de São José do Belmonte, no sertão de Pernambuco, e filho de um ex-vereador da cidade -que terá o irmão de Victor, Vinicius Marques, como candidato do PSB a prefeito. Victor e João Campos são engenheiros e amigos.
Pesquisa Datafolha divulgada em 5 de julho mostra que Campos lidera a corrida eleitoral no Recife com 75% das intenções de voto. A larga vantagem deu força ao prefeito, segundo seus interlocutores, para não ceder a pedidos do PT do Recife.
O nome de Victor foi sacramentado em reunião no Palácio do Planalto. O encontro também contou com as presenças dos presidentes nacionais do PT e do PSB, Gleisi Hoffmann e Carlos Siqueira, respectivamente.
Gleisi anunciou que estará no Recife na segunda-feira (22) para a formalização da chapa. Antes, ela terá um encontro na cidade com integrantes do PT estadual.
Em Pernambuco, os petistas não se surpreenderam com a decisão, porque o PSB sempre externou nos bastidores que não queria o PT na vice.
Isso porque Campos trabalha com a hipótese de ser candidato a governador em 2026 contra Raquel Lyra (PSDB) e, para tanto, teria que deixar a prefeitura com pouco mais de um ano num eventual segundo mandato. Nesse cenário, o prefeito quer um nome de confiança na sua sucessão.
O nome indicado pelo PT para a vice era o de Mozart Sales, ex-assessor do Ministério das Relações Institucionais do governo federal. A expectativa é que agora ele retorne à pasta comandada pelo ministro Alexandre Padilha no Planalto.
Dirigentes e parlamentares do PT de Pernambuco não querem manifestar oficialmente o sentimento após o partido ser rifado da possibilidade de ocupar a vice -ação que teve aval de Lula. Porém, reservadamente, dizem que o partido saiu derrotado por PSB e PC do B.
Dois dos principais alvos de queixas dos dirigentes petistas de Pernambuco são o deputado federal Renildo Calheiros (PC do B-PE) e a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos.
Os dois deram anuência à entrada de Victor Marques no PC do B, alinhados à estratégia de Campos de que, com um nome da sigla, o PT também estaria contemplado, já que os partidos formam uma federação partidária, assim como o PV.
Luciana Santos é tida pelo PSB como aliada fiel. Mesmo quando o PSB apoiou o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, a ministra, que é presidente licenciada do PC do B, seguiu aliada aos pessebistas em Pernambuco.
Apesar de o PC do B ser criticado, Lula e Gleisi deram aval a Victor Marques. No PSB, a avaliação é que o acordo já indica uma aliança para 2026, com o apoio da sigla à possível candidatura de Lula à reeleição. Como efeito, o apoio do presidente a Campos na disputa pelo governo estadual.
Já o PT pernambucano avalia que, ao não querer briga com o PSB, Lula pensa em si em 2026 e também mantém a boa relação com os pessebistas nas eleições municipais de 2024.
Um dos maiores focos de interesse de Lula é São Paulo, onde o petista apoia Guilherme Boulos (PSOL) para a prefeitura. Num eventual segundo turno, o PT quer o apoio do PSB, num cenário em que a deputada Tabata Amaral fique fora da etapa final do pleito paulistano.
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