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João Campos defende união após reeleição: "Agora é tempo de desmontar o palanque"

Prefeito reeleito do Recife afirma que governará para todos, independente de quem votou nele, e destaca melhorias em saúde, educação e infra-estrutura


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Imagem ilustrativa da imagem João Campos defende união após reeleição: "Agora é tempo de desmontar o palanque"
Para o prefeito, quem tenta governar em cima de palanque, dá errado |  Foto: Imagem de reprodução da TV Tribuna/Band

O prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), concedeu uma entrevista ao repórter Carlos Simões, da TV Tribuna/Band, na qual abordou seus planos para o segundo mandato, que começa em janeiro de 2025.

Com um tom de agradecimento pelos mais de 725 mil votos que recebeu, uma eleição histórica na qual ele conquistou 78,11% dos votos no 1º turno, João destacou que agora é o momento de “desmontar o palanque” e focar no trabalho para toda a população, incluindo aqueles que não votaram nele.

“Quem tenta governar em cima de palanque dá errado (...) Eu não sou prefeito apenas dos que votaram em mim, sou prefeito dos que não votaram em mim, dos que não gostam, dos que não confiaram, sou prefeito de todos”, afirmou.

Entre os principais pontos discutidos, o prefeito mencionou a expansão de serviços na saúde, como a construção da Central de Diagnóstico por Imagem, que deve reduzir em 25% a fila de exames. Na educação, ele ressaltou a criação de mais 7 mil vagas em creches e a continuidade de programas como o "Recife no Mundo", que envia alunos da rede pública para intercâmbios internacionais.

Campos também falou sobre as dificuldades no trânsito e apresentou soluções de mobilidade, incluindo a construção de novas pontes e obras de drenagem. Quanto à segurança, destacou a importância da parceria com o governo do Estado e o reforço da iluminação e vigilância nas áreas urbanas.

Na entrevista, ele fala sobre o fato de ser cotado para a disputa do governo do estado, em 2026, e sobre outros temas que fizeram parte da campanha política. Veja, abaixo, a ping pong.

Imagem ilustrativa da imagem João Campos defende união após reeleição: "Agora é tempo de desmontar o palanque"
Segundo João Campos, um dos fatores da vitória foi a capacidade de trabalhar e juntar as pessoas |  Foto: Divulgação

ENTREVISTA

Gestão presente nas ruas

Carlos Simões - Sobre a marcação de consultas médicas, principalmente os idosos que têm essa dificuldade de marcação de consultas, o que é que o senhor tem de proposta nesse sentido?

João Campos - Primeiro, quero dizer que hoje é um dia de muita gratidão. Gratidão ao Recife por ter sido tão generoso. A maior votação da história da cidade a gente teve a oportunidade de receber 78,11% dos votos, mais de 725 mil votos.

Aqui a gente vai retribuir isso com trabalho, com dedicação, com presença, inclusive na área da saúde. A gente vai estar finalizando no Hospital da Criança até o final do ano. A gente vai construir a CDI, a Central de Diagnóstico por Imagem.

Onde vai ser um grande centro de diagnóstico no centro da cidade, que vai ter a capacidade de ofertar mais de 300 mil exames todos os anos. Com isso a gente vai reduzir em 25% a nossa fila de exames no Recife.

A gente sabe que o que nos trouxe até aqui foi a capacidade de trabalhar, juntar as pessoas e de buscar fazer, gastar energia fazendo, realizando. E eu vou seguir desse jeito, presente nas ruas, presente ouvindo as pessoas, enfrentando o problema com coragem e com altivez e juntando o Recife.

Previsão de mais creches e segurança alimentar das crianças

Carlos Simões - Qual vai ser a proposta do senhor para a área de educação. Porque a gente sabe também que essa área é muito importante para a capital pernambucana. Tem mais escolas previstas, mais creches na previsão?

João Campos - Nós vamos seguir fazendo muito. A gente vai expandir a educação integral nos anos finais. A gente vai triplicar a quantidade de vagas de creches.

Então é importante a gente destacar isso. Que nós duplicamos e agora a gente vai triplicar, fazer mais 7 mil vagas. A gente vai seguir com o Recife no Mundo que garante intercâmbio para os alunos da nossa rede pública municipal estudarem no Canadá, nos Estados Unidos, na Inglaterra para aprender uma segunda língua. Nós vamos seguir, também, fazendo os Centros de Educação integral que vão desde a primeira infância até o final dos anos fundamentais. Vamos fazer o Protec, que é a formação técnica gratuita onde a gente oferta a bolsa de curso técnico pago pela Prefeitura.

Vamos fazer o Embarque Digital, que já são 2 mil jovens. A gente vai renovar esse número para garantir que os jovens façam ensino superior na área de tecnologia. Então a gente vai trabalhar muito.

Vamos seguir fazendo. Pode ter certeza que a gente chegou até aqui com compromisso. Cumprindo com aquilo que a gente promete. E mais uma vez a gente vai ter essa chance de fazer muito pela nossa cidade.

Denúncias sobre creches

Carlos Simões - Prefeito, durante a campanha, a gente escutou denúncias de irregularidades em creches. Como é que o senhor viu essa situação?

João Campos - Primeiro, vocês me conhecem e sabem que o nosso compromisso é com a coisa bem feita. A gente tem 180 creches na nossa cidade, 76 no modelo conveniado. É um modelo que é regulamentado pelo Ministério da Educação. A gente lançou um edital, no qual entidades sem fins lucrativos podem participar.

Há dez etapas diferentes, técnicas, uma avaliação rigorosa para garantir o funcionamento da creche. Qualquer tipo de não cumprimento de regra, de qualquer pessoa ou qualquer entidade vai ser rigorosamente apurado. E eventualmente se alguém tiver alguma culpa, será punido.

Meu compromisso é fazer bem feito. Agora as pessoas sabem, as creches funcionam, são de qualidade. Horário integral, cinco refeições por dia. A gente dá a farda e o kit escolar. A gente vai seguir fazendo, eu vou seguir abrindo vaga de creche e fazendo bem feito. Se não tiver uma conduta adequada, será punida.

O que não pode é punir a criança, nem punir a mãe e ter um espaço adequado de ensino. Então, repito, nós temos 180 unidades. Essas unidades atendem mais de 13 mil crianças e nós vamos seguir.

Inclusive, elas ofertam 1 milhão e 300 mil refeições todos os meses. É a segurança alimentar que a creche também garante. Vocês me conhecem e sabem que eu gosto de fazer as coisas bem feitas. Então eu vou seguir fazendo e fazendo bem feito.

Recife pode esperar novas pontes a partir de 2025

Carlos Simões - Tem uma pergunta agora sobre a parte de infraestrutura, o trânsito do Recife, que ainda é uma preocupação de muita gente. Precisa se deslocar e passam horas no trânsito. O senhor tem alguma proposta nesse sentido para melhorar esse fluxo aqui na cidade?

João Campos - Nós estamos construindo pontes na cidade, a exemplo da Monteiro e Iputinga. Exemplo da Ponte Areia Imbiribeira, da Ponte Cordeiro/Casaforte que nós vamos construir; da Ponte sobre o Rio Morno, uma ponte sobre o Canal do Arruda. A gente também vai duplicar a ladeira da Cohab.

Vamos fazer uma via elevada na Dom Hélder, que é o acesso do Ibura, que em dias de chuvas fica muito alagada. Nós vamos também fazer as obras de drenagem do Rio Tejipió, que ajudam não só os bairros ali do entorno, mas ajudam a Avenida Recife e a Máscara em Rede Moraes. E com isso a gente vai conseguir ter um resultado importante, que é, em dia de chuva, essas grandes avenidas não estarem completamente alagadas, como historicamente estão.

É um conjunto de obras de 500 milhões de reais, e que a gente vai ter cinco anos para executar essas obras, e poder fazer e fazer bem feito. Então, vai ter muita coisa boa na área de mobilidade também.

Carlos Simões - E esses recursos, o senhor já está pleiteando?

João Campos - Grande parte deles já estão garantidos. A gente tem, por exemplo, essas obras de drenagem, recurso do Banco Interamericano, BID, e nós captamos 2 bilhões de reais, e nós vamos fazer esse investimento. Então a gente tem projetos, tem um recurso, sabe como fazer, tem time, estamos animados para fazer e vamos fazer. Perfeito.

Alagamentos e morros

Imagem ilustrativa da imagem João Campos defende união após reeleição: "Agora é tempo de desmontar o palanque"
Maioria esmagadora dos moradores do Recife se identificou com a gestão de João Campos |  Foto: Divulgação

Carlos Simões - O senhor citou algumas obras, em dias de chuva, a gente sofre em alguns pontos do Recife com essa questão do alagamento. Fora isso, fora essa questão dos alagamentos nas vias, também tem a questão dos morros. Muita gente que mora em área de morro fica com medo quando chove, justamente, acontecer uma tragédia. O senhor planejou algo nesse sentido?

João Campos - Sim, a gente está fazendo um investimento. O que nos trouxe até aqui foram 3 obras por dia inauguradas em área de morro. Dez mil famílias saíram de situação de risco. E nós vamos fazer pelo menos umas 3 obras por dia e tirar 10 mil famílias de situação de risco. A gente está falando de mais de 50 mil pessoas que moram nos altos da nossa cidade.

Vamos seguir fazendo obras, programa, parceria, geomanta, programa de obras coletivas, que são as grandes obras. Vocês sabem, quando a gente chega em um morro na Zona Norte, no Grande Ibura, Jordão, a gente olha assim e vê que tem coisa para fazer.

Mas, em todo lugar, tem uma obra sendo feita. E é isso que eu digo, a gente comemora que está sendo feito, mas a gente olha para quem ainda precisa fazer e diz: nós vamos fazer isso. Então, a gente vai fazer o que ainda falta.

E, claro, em 4 anos você não se faz tudo em uma cidade de quase 500 anos. Mas você faz muita coisa e a gente vai fazer muita coisa.

Carlos Simões - Prefeito, uma outra preocupação da população do Recife em relação à segurança.

A gente sabe que a segurança é algo que o governo do Estado deve estar à frente, mas o senhor, como prefeito, pretende buscar parceria do governo do Estado? Tem algum plano nesse sentido para melhorar a questão da segurança no Recife?

João Campos - Nós vamos seguir trabalhando. É importante, como foi deixado claro aqui, que as polícias pertencem ao governo do Estado e ao município cabe fazer a iluminação que a gente está expandindo, a iluminação para pedestres, iluminação de LED. Instalamos câmeras de vídeo e monitoramento, tendo em vista que o governo do Estado deixou de ter câmeras de vídeo e monitoramento.

A gente está fazendo, inauguramos os novos Compaz, praças, parques, isso é muito importante, porque você cria espaço de convivência. Uma praça que muitas vezes está sem uso em uma comunidade, você reforma, ilumina, bota câmera, guarda presente. Isso traz segurança, o convívio traz segurança.

Então a gente vai seguir fazendo e vamos fazer o armamento gradual da guarda, que no caso da prefeitura tem um papel patrimonial, principalmente para cuidar do patrimônio da prefeitura, escola, creche, comunidade de saúde.

Então a gente vai seguir também com a guarda patrimonial, tendo-a gradualmente armada para poder fazer a segurança do patrimônio público.

O papel do município na segurança

Carlos Simões - O senhor prevê uma conversa com o governo do Estado para de fato essa questão da segurança ser solucionada aqui no Recife?

João Campos - Veja, vocês sabem que a gente tem uma posição política diferente do governo do Estado, mas isso não nos impede de fazer o diálogo institucional.

Então, a Prefeitura do Recife está à disposição, inclusive a gente colocou à disposição da polícia as câmeras de segurança da cidade, já que a polícia não tem câmeras de segurança. A gente coloca à disposição para eles usarem as imagens das nossas câmeras.

Então, a posição política que nós temos é diferente da posição do governo do Estado, mas não nos impede de fazer parceria institucional. Eu estou aberto, então qualquer tipo de ação que venha ajudar o Recife eu estou pronto para ajudar e para fazer.

Revitalização do Centro do Recife

Carlos Simões - Um ponto também que eu queria perguntar ao senhor, em relação ao comércio do centro do Recife. Inclusive, eu antigamente, quando vinha ao Recife, do interior do Estado, eu via aquela Rua da Imperatriz lotada, muita gente, era bem movimentada e hoje a gente passa e o cenário é bem diferente daquela época. Tem algum planejamento para que volte a ser como antes ou até mais do que era?

João Campos - A grande questão do centro é um desafio das cidades do Brasil, grandes cidades metropolitanas. E a gente está fazendo o dever de casa, a gente está aqui com o plano de incentivo fiscal do município, investimento privado sendo captado, investimento público sendo feito e a gente lançou duas ações que, para mim, são decisivas, que é poder tirar a dívida imobiliária dos imóveis do centro, vinculado a você fazer uma reforma ou compra e venda do imóvel. Se ele está fechado, é privado. Então, cabe ao privado ajudar a resolver e a Prefeitura vai perdoar a dívida para quem quiser resolver aquele imóvel.

E nós vamos estimular moradia no centro. Então, quem construir moradia no centro vai ganhar um adicional construtivo para construir em outra área da cidade. Isso ajuda a viabilizar a conta de fazer moradia no centro.

E as pessoas precisam morar no centro, porque, morando no centro a gente vai ter os serviços e mais serviços e comércios estarão presentes junto de onde as pessoas moram. Então, esse é um segundo passo que a gente vai dar. Já demos passos importantes nos primeiros anos e a gente vai estimular ainda mais agora no segundo mandato.

Carlos Simões - A gente observa, em alguns horários do dia, que tem algumas pessoas, usuários de drogas ali no Centro do Recife. A Prefeitura tem algum planejamento para ajudar essas pessoas a deixar esse vício e até, claro, melhorar a segurança dessa forma no Centro do Recife?

João Campos - A gente tem sim um programa chamado Recife Cuida, que faz a atenção em seis eixos diferentes para a população e situação de rua do Recife. Entendendo que, em torno de 30% tem independência química. Então, a gente tem a parte de saúde mental específica com um programa chamado Consultório na Rua, onde a gente tem uma equipe de saúde que faz o atendimento destas pessoas. Temos abrigo noturno, restaurante popular, temos hotel de acolhimento para estas pessoas estarem.

Temos programa para elas voltarem para as suas famílias, porque 50% são de fora do Recife pelo último censo que nós fizemos. Então, a gente tem um programa que a gente reinsere e, assim, financia a passagem de retorno para ele voltar para casa.

E a gente vai seguir cuidando e trabalhando no cruzamento da assistência social, das políticas de saúde e do cuidado com foco também em formação e empregabilidade para a população em situação de rua.

Candidatura ao governo do estado em 2026

Imagem ilustrativa da imagem João Campos defende união após reeleição: "Agora é tempo de desmontar o palanque"
Prefeito reeleito fala que governará para todos, inclusive para os que não gostam dele |  Foto: Divulgação

Carlos Simões - Prefeito, tem uma pergunta que está todo mundo fazendo nas ruas, que é para saber o seguinte: João Campos vai ou não ser candidato a governador?

João Campos - Quando você foi fazer a pergunta, eu achei: “será que eles vão perguntar se eu vou levar de novo? (Risos) É a pergunta que todo mundo está fazendo. Mas brincadeira à parte, primeiro, eu estou muito grato pela eleição.

Acabei de não ter nem 24 horas de um resultado eleitoral gigante. A maior vitória da história do Recife. Eu só posso retribuir trabalhando, trabalhando e trabalhando. E o nosso foco é cuidar do Recife. Cada eleição no seu tempo. Então, a eleição de 2026 vai se dar no tempo de 2026.

A de 2024 passou agora. E cabe a mim trabalhar, matar a bola no peito, botar no chão e trabalhar para fazer um jogo bem feito para o Recife. Vocês me viram trabalhando, presente e indo para cima. Eu vou continuar do mesmo jeito. Hoje eu vou estar lá no Jordão, por exemplo, inaugurando uma obra. Vou estar lá mostrando que a gente está só no começo dessa caminhada e vamos fazer muito ainda.

Mas isso quer dizer o que? Vai ou não? Quer dizer que cada eleição no seu tempo. Acabei de ser eleito prefeito e vou trabalhar para o Recife com foco no Recife. A eleição de 2026 vai ser discutida lá em 26.

Carlos Simões- Mas o senhor não acha que muitas pessoas gostariam de ver o seu candidato em 2026, a governo?

João Campos - Isso é um debate que é muito cedo para se falar dele de verdade. Imagina você em casa. O que é que você vai estar fazendo em 2026? É cedo para dizer o que é que vai estar fazendo.

Eu acho que cabe a mim e o que o eleitor do Recife espera, eu imagino, é fazer um trabalho bem feito. Então, assim, vocês confiaram na gente para ser prefeito. Eu vou trabalhar todo dia.

Eu vou me dedicar, acordar cedo, vou ser criterioso, exigente e fazer cada dia um trabalho bem feito. E cada dia sendo vencido, você vai vendo um trabalho exitoso. E no tempo certo da eleição se discute.

Inclusive, a eleição foi ontem. Após a eleição, é tempo de desmontar o palanque. O palanque a gente monta no início e tem que desmontar no final porque a gente não governa em cima de palanque.

Quem tenta governar em cima de palanque dá errado. Agora, eu agradeço a quem votou em mim. Eu sou grato e estou aqui por essas pessoas, mas eu passo a ser prefeito também daqueles que não votaram em mim, dos que não gostam, dos que não confiaram, dos que não votaram, porque a gente passa a ser prefeito de todos e todas. Então, o nosso palanque está desmontado e nosso trabalho está montado para quem precisa.

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