Em campanha, Bolsonaro promete anunciar 13º do Auxílio Brasil para mulheres
Presidente anunciou a proposta nesta segunda
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Um dia após o primeiro turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou em suas redes sociais que o governo federal vai anunciar o pagamento do 13º do Auxílio Brasil para as mulheres.
O mandatário não deu detalhes sobre a ampliação do benefício, quando será anunciado oficialmente e quando começará a ser pago. Apenas publicou uma imagem em que afirma que efetuará o anúncio.
O 13º pagamento do benefício para as mulheres é uma das apostas do governo para impulsionar a campanha pela reeleição no segundo turno.
O bolsonarismo demonstrou força nas eleições de domingo (2), com o presidente conseguindo levar a eleição para o segundo turno e eleger bancadas expressivas na Câmara e no Senado. Além disso, aliados de Bolsonaro ganharam as eleições para governador.
Por outro lado, o presidente tem o desafio de ganhar votos para ultrapassar seu oponente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O mandatário terminou o primeiro turno com 43,2% dos votos, contra 48,4% do petista. A diferença de votos entre os dois foi de quase 6 milhões.
O pagamento do 13º do Auxílio Brasil para mulheres ainda busca atingir um público em que há forte rejeição a Bolsonaro. A campanha do presidente tem investido em esforços para ganhar o voto feminino, usando a primeira-dama Michelle Bolsonaro e emplacando o tema nos discursos de Bolsonaro, que tem destacado iniciativas voltadas a esse público -mesmo que muitos delas sejam do Congresso e não do Executivo.
Em outra frente, o governo federal anunciou também nesta segunda a antecipação do calendário de pagamentos do Auxílio Brasil do mês de outubro. Com a mudança, o benefício começará a ser pago no dia 11 e os depósitos terminarão no dia 25. Os pagamentos são feitos pela Caixa Econômica Federal.
Com a medida, os pagamentos do auxílio de R$ 600 serão concluídos antes do segundo turno, que ocorrerá no dia 30 de outubro. O calendário original previa depósitos entre os dias 18 e 31 de outubro.
Bolsonaro já vinha apostando na ampliação do Auxílio Brasil para melhorar seu desempenho no primeiro turno das eleições. O valor de R$ 600 para o benefício começou a ser pago em agosto, a pouco menos de dois meses antes do pleito.
O aumento do valor do programa foi possível após a aprovação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) no Congresso que atropelou leis que versam sobre eleições e contas públicas para turbinar os benefícios em meio à corrida presidencial.
Além de prever o aumento de R$ 400 para R$ 600, a proposta buscou zerar a fila do Auxílio Brasil e também dobrou do valor do vale-gás e criou um auxílio para caminhoneiros e também para taxistas.
O valor de R$ 600 está previsto para ser pago apenas até dezembro de 2022. Apesar de o presidente prometer manter o valor no próximo ano, a proposta de lei orçamentária encaminhada ao Congresso não prevê o novo valor do benefício. Bolsonaro declarou que seria necessário a aprovação de uma nova PEC para manter os R$ 600 em 2023.
Em outra medida relacionada ao benefício, o governo regulamentou na semana passada o empréstimo consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil.
Apesar dos esforços da campanha, a expansão do Auxílio Brasil não reverteu a tendência de vitória do PT nos municípios mais pobres do país, segundo dados da votação deste domingo.
A Folha de S.Paulo observou o padrão de votação dos dois candidatos nos municípios brasileiros, considerando a cobertura do programa social que substituiu o Bolsa Família. A análise foi realizada com 99% das urnas apuradas.
Os dados indicam que a probabilidade de Bolsonaro ter vencido em uma determinada cidade diminui à medida que aumenta a parcela de famílias beneficiadas com a transferência de renda. Padrão inverso, benéfico ao PT, é observado desde 2006.
A estatística mostra uma correlação significativa entre os números do Auxílio Brasil e das urnas. Não é possível afirmar, contudo, que haja uma relação de causa e consequência, pois outras variáveis influenciam paralelamente, como o tamanho da cidade e seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), por exemplo.
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