Bolsonaro em reunião ordenou que ministros repetissem dados falsos sobre urnas
No encontro, Bolsonaro fez diversos ataques a ministros do STF e repetiu argumentos falsos sobre o sistema eleitoral
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Na reunião ministerial gravada e que integra investigação da Polícia Federal sobre atos golpistas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ordenou que seus auxiliares repetissem falas, sem provas, sobre fraude nas urnas eletrônicas.
"Daqui para frente quero que todo ministro fale o que vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar, ele vai ter de falar para mim porque ele não quer falar", disse Bolsonaro na reunião realizada em 5 de julho de 2022, a três meses das eleições.
No encontro, Bolsonaro fez diversos ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e repetiu argumentos falsos sobre o sistema eleitoral.
"Se apresentar onde estou errado, eu topo. Agora, se não tiver argumentos para me demover do que vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Se está achando que eu vou ter 70% dos votos e vou ganhar como ganhei em 2018 e vou provar (inaudível), está no lugar errado", disse Bolsonaro.
Na sequência, o então presidente anunciou que iria promover uma reunião sobre as eleições com embaixadores. "Os caras estão preparando tudo para o Lula ganhar no primeiro turno, na fraude. Vou mostrar como e o porquê", afirmou Bolsonaro sobre o encontro que seria feito em julho.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou nesta sexta-feira (9) a divulgação na íntegra do vídeo da reunião ministerial. No encontro, o presidente e auxiliares discutiram cenários golpistas.
"Alguém acredita aqui em Fachin, Barroso, Alexandre de Moraes? Se acreditar, levanta o braço. Acredita que são pessoas isentas, estão preocupados em fazer justiça, seguir a Constituição?", afirmou ainda o ex-presidente na mesma reunião.
Ocorrida em um contexto de forte ofensiva de Bolsonaro contra a lisura das urnas eletrônicas, o encontro da cúpula do governo contou com a presença, entre outros, do então chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, do então ministro da Justiça, Anderson Torres, e do então ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira.
"A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça eleitoral", escreveu Alexandre de Moraes em decisão que autorizou operação da Polícia Federal, realizada na quinta-feira (8), para apurar organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito.
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