Violência entre vizinhos e colegas de trabalho no ES assusta até a polícia
Crimes brutais, como o assassinato em um supermercado de Vitória, chocam até os policiais experientes devido à perversidade
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Câmeras de videomonitoramento de um supermercado em Vitória mostram o crime brutal: pessoas fazem compras tranquilamente, quando um homem mata um colega de trabalho a facadas na frente de dezenas de clientes.
O assassinato como o ocorrido na noite de quarta-feira (24) e outros crimes com requinte de crueldade – entre vizinhos e conhecidos – têm chamado a atenção e assustado até mesmo a polícia.
No último dia 15, uma mulher de 28 anos e o filho de 4 anos foram mortos com golpes de marreta na cabeça por um casal, que não queria pagar uma dívida de R$ 10 mil.
A polícia também prendeu na última semana um homem acusado de tentar matar um vizinho com golpes de barra de ferro em Vila Velha. O crime ocorreu em maio.
Para o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, o aumento desses crimes têm chamado a atenção e, alguns, chegam a chocar até policiais experientes.
“Temos percebido maior grau de perversidade no comportamento de criminosos”.
Ele enfatizou o aumento dos crimes cometidos por armas “impróprias” – como facas, barra de ferro e até marreta – assim como aqueles originados por motivo fútil ou torpe (que causa repugnância).
No caso do crime ocorrido em um supermercado, na última quarta-feira, o suspeito de matar um colega de trabalho, Jackson de Jesus Santos, de 22 anos, foi preso em flagrante por um policial que estava no supermercado e teve a prisão convertida em preventiva pela Justiça ontem.
No depoimento, ele alegou que cometeu o crime em legítima defesa. Afirmou que a vítima, Luiz Henrique Silva Leal, 30, teria o ameaçado após Jackson descobrir que ele estava furtando produtos do supermercado e informar a supervisores.
O acusado revelou que as desavenças começaram na terça-feira e se intensificaram no dia do crime.
Imagens obtidas com exclusividade pela TV Tribuna mostraram Jackson perseguindo Luiz Henrique com uma faca, enquanto outros colegas de trabalho nada fazem para impedir.
O pai e uma irmã da vítima também conversaram com a TV Tribuna e contaram que ele veio para Vitória de Campos, no Rio de Janeiro, e estava trabalhando para uma empresas terceirizada no supermercado há 20 dias. O pai negou que Luiz poderia ter furtado produtos do supermercado, porque o filho não “era desse nível”.
A Polícia Civil está investigando o crime.
Cliente diz que está em choque
As imagens do que aconteceu na noite da última quarta-feira não saem da cabeça de Rafael Silva. Ainda em choque, ele contou à reportagem da TV Tribuna que voltava da academia e parou em um supermercado em Santa Luiza, Vitória, quando presenciou e tentou impedir que Jackson de Jesus Santos, de 22 anos, matasse a facadas o colega de trabalho Luiz Henrique Silva Leal, de 30 anos.
Rafael relatou que pediu para que o suspeito parasse com o ataque, mas o homem parecia estar “atordoado”.
“Eu 'tô' em choque, voltei para casa pensando que poderia ter salvado o cara. Tudo bem, é uma faca, e ninguém quer ficar botando sua vida em risco. Eu fiz por instinto mesmo. Eu soltei ele (suspeito), achei que ele ia parar. Falei ‘cara, para, você vai ser preso, o cara tem família’. Ele se esquivou de mim e finalizou dando uma facada no pescoço do cara e, infelizmente, ele (Luiz) caiu no chão”, lamentou Rafael.
Rafael também chega a levantar Luiz Henrique após ele ter sido golpeado.
“Ele me perguntava: ‘Caraca, mano, eu acho que vou morrer, né?!’, e eu falei ‘não, você vai viver, se mantém vivo’”, afirmou Rafael.
“Esses crimes não vão ser tolerados pela Polícia Civil”
Diante do que chama de crimes “perversos” que vieram à tona nos últimos dias, o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, destacou que esses seres humanos não podem viver em sociedade. “Esses crimes não serão tolerados pela Polícia Civil”.
Arruda ainda destacou que tem sido observado ultimamente comportamentos humanos com muita agressividade, sem amor ao próximo. “São crimes cometidos de forma brutal, com marretas, com faca, com barra de ferro, fora aqueles que nós acompanhamos no dia a dia, que é com arma de fogo”.
Para o delegado-geral, a Polícia Civil tem feito o seu papel finalizando rapidamente os inquéritos e prendendo as pessoas.
“Além de trabalhar também a parte investigativa, nós também fazemos um estudo do contexto, do cenário das motivações e patologias. Temos visto aumentar esse tipo de crime. Há uma frieza muito grande nesses comportamentos”.
E completou: “O de ontem (do supermercado), por exemplo, me chamou muito a atenção. No vídeo, o rapaz que matou outro, ele estava sentado, ele olhava como se ele tivesse descascado uma laranja. A morte para ele foi algo assim tão natural, uma coisa tão banal”.
OUTROS CASOS
Mãe e filho mortos
Priscila dos Santos de Ambrosio, 36 anos, e seu filho Higor, 4, foram mortos com golpes de marreta no último dia 15, em Nova Carapina I, na Serra.
Um casal confessou o crime. O acusado pegou um empréstimo de R$ 10 mil com Priscila, que atuava como agiota. Eles disseram que a vítima foi morta para que não pagassem a dívida.
Golpes de ferro
Um homem de 35 anos foi preso por tentativa de homicídio no dia 23 de maio, em Vale Encantado, Vila Velha. Na ocasião, a vítima foi agredida com golpes de barra de ferro.
O delegado Cleudes Junior explicou que vítima e autor, Francisco Ribeiro da Silva (foto), moram no mesmo bairro e há cinco anos o agressor emprestou uma motocicleta à vítima. Porém, no dia ele foi parado em uma blitz e a moto foi apreendida, com documentos atrasados.
A partir disso, o autor começou a cobrar da vítima para que pagasse o valor da moto.
Cobrança de dívida
Uma mulher invadiu o apartamento de uma vizinha, em Vila Garrido, Vila Velha, com uma faca, na segunda-feira. As imagens, obtidas pela TV Tribuna, mostram o desespero da vítima.
A discussão teria ocorrido após cobrança de uma dívida da agressora. Os quatro filhos da vítima viram a cena. A vítima registrou boletim de ocorrência.
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