Três mulheres são agredidas a cada hora no ES
Foram mais de 23 mil acionamentos feitos ao Ciodes, de janeiro a novembro de 2022. Casos de violência doméstica são maioria
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Todos os dias, mais de 70 pessoas ligam para o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) para denunciar violência sofrida por uma mulher, sendo em média três ligações a cada hora em todo o Estado.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), de janeiro a novembro do ano passado, foram 23.876 acionamentos para casos em que mulheres estavam sofrendo algum tipo de violência.
Dos mais de 23 mil registros, 18.685 foram confirmados como situações relacionadas à Lei Maria da Penha. Foram casos confirmados de violência doméstica, que é quando o agressor tem algum parentesco com a mulher.
No Brasil, a cada minuto, em média, uma pessoa liga para o 190 para denunciar casos de violência doméstica. Foram 619 mil pedidos de ajuda em 2021, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“No Estado, muitos chamados são para as residências das vítimas, poucos são para os locais de trabalho. Nas ruas, por exemplo, percebemos que os agressores são, em sua maioria, companheiros ou ex-companheiros das vítimas”, comentou o diretor do Ciodes, Coronel Oberacy Emmerich Júnior.
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Há também os chamados com alerta vermelho, quando as vítimas estão em perigo de vida. Nessas situações, o Ciodes tenta manter o tempo de resposta de dez minutos. Mas há casos em que os chamados são finalizados com orientações pelo telefone.
“Temos também o aplicativo com botão do pânico. Nele, a vítima já mantém cadastro prévio e aciona o Ciodes direto. A vantagem é que quando acionado, o Ciodes escuta o diálogo, mesmo se a vítima não responder”, disse.
Na última quinta-feira (19), uma mulher de 30 anos foi assassinada dentro de casa no bairro São Judas Tadeu, em Colatina, no Noroeste do Estado. A vítima foi identificada como Gabrielly Menas da Silva, que teria sido morta pelo ex-companheiro. Gabrielly já tinha uma medida protetiva contra o suspeito, conforme consta no site do Tribunal de Justiça do Estado (TJES).
Nem mesmo a medida protetiva foi capaz de impedir que Gabrielly fosse morta, segundo o TJES. Pelo menos, 5.079 medidas protetivas de urgência foram expedidas entre janeiro e outubro do ano passado.
Mais de 150 agressores na cadeia
Enquanto três mulheres são vítimas de violência a cada hora, apenas 154 agressores estão na cadeia por violência doméstica, sendo 61 presos provisoriamente e 93 após condenações, segundo a Secretaria de Justiça (Sejus).
Já em relação ao crime de feminicídio, 47 suspeitos estão presos provisoriamente e 42 após serem condenados, também segundo a Sejus. Enquanto 89 envolvidos em feminicídio estão atrás das grades, o número de casos de feminicídios que aguardam julgamento tem tornado os dias das famílias das vítimas, que esperam por justiça, angustiantes.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o último levantamento mostra que 1.230 processos de feminicídios ficaram sem julgamento – dados de 2021.
Os dados também mostram outro número alarmante, cerca de 43 mil processos de casos de violência doméstica ficaram sem sentença no mesmo ano.
“Precisamos trabalhar na desconstrução dos valores machistas. Infelizmente, ainda existentes na sociedade, e essa deve ser uma luta e um compromisso, não só das mulheres, mas de toda a sociedade”, avaliou Cláudia Dematté, delegada Chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, sobre evitar novas vítimas de violência no Estado e em todo o País.
Ciodes tem 6 mil chamados por dia
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O diretor do Ciodes, Coronel Oberacy Emmerich Júnior, explicou que, diariamente, cerca de 6 mil pessoas ligaram para o 190 no Estado. Destes, cerca de 10% são trotes.
“Muitas ligações são encerradas sem o deslocamento de uma viatura. Mas, mesmo assim, são finalizadas como ocorrência. Importante destacar que, às vezes, as pessoas ligam, mas não têm informações suficientes para desenvolvermos a ocorrência”, disse.
O diretor também destacou que outros crimes em que mulheres são vítimas, como sequestros-relâmpagos, contam também com a ajuda do Cerco Eletrônico para identificarem os suspeitos. O sistema conta com 523 câmeras ativas em 130 pontos de monitoramento, totalizando 290 pontos de monitoramento.
Na última sexta-feira, uma médica, de 51 anos, foi vítima de sequestro-relâmpago, enquanto saía de um banco de Jardim da Penha, em Vitória. A ação foi flagrada por uma moradora que ligou para o Ciodes. Após a denúncia, um cerco foi montado e quatro pessoas foram presas na orla de Camburi, também na capital.
“Aqui no Ciodes trabalhamos com flagrante. Por isso, é importante a pessoa ligar imediatamente para a ação acontecer com a ajuda do cerco. Quando mais o tempo passa, mais difícil fica”, disse.
SAIBA MAIS
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Morte de mulheres
No ano passado, 91 mulheres foram mortas no Estado, sendo que 31 foram casos de feminicídio.
Neste ano até o último dia 6 (sexta), pelo menos três mulheres já foram assassinadas.
Mais de 70 vítimas
Todos os dias, mais de 70 pessoas ligam para o Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes).
De janeiro a novembro do ano passado foram registrados 23.876 acionamentos para casos em que mulheres estavam sofrendo algum tipo de violência.
Dos mais de 23 mil registros, pelo menos 18.685 foram casos confirmados de violência doméstica, que é quando o agressor tem algum parentesco com a mulher.
Casos sem julgamento
O último levantamento mostra que 1.230 processos de feminicídios ficaram sem julgamento – dados de 2021.
Cerca de 43 mil processos de casos de violência doméstica ficaram sem sentença em 2021.
Ao todo, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) concedeu 5.079 medidas protetivas de urgência, o que significa uma média de 16 decisões por dia.
Tipos de violência
Violência moral: quando o agressor tenta interferir nas escolhas, faz acusações de traição e expõe a vítima.
Violência patrimonial: quando a vítima tem seus documentos rasgados ou confiscados e material de trabalho ou objetos destruídos.
Violência física: ocorre quando existe uma agressão ao corpo da vítima, desde um empurrão até um golpe forte.
Violência sexual: na tentativa de consumar um ato sexual indesejado, pela vítima, o agressor faz uso da força.
Violência virtual: é quando o autor do crime, por meio da violência psicológica, faz ameaças e chantagens à vítima por ter posse de algum conteúdo íntimo e exige favores sexuais por meio virtual, como coagir a mulher a despir-se em uma chamada de vídeo.
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