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Cidades

Mulheres são xingadas e agredidas por dizer “não”

Pesquisa revelou que 45% das mulheres já tiveram o corpo tocado sem permissão em local público e 32% sofreu assédio em ônibus


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Seja na balada, na rua, nas redes sociais ou em um ônibus, um simples “não” para uma investida indesejada já se torna motivo para xingamentos e agressões. E o que parece ser algo difícil de acreditar é mais comum do que se imagina: quatro a cada dez mulheres já passaram por situações como essa. 

Uma pesquisa realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), em parceria com o Instituto Patrícia Galvão, mostrou que 41% das mulheres disseram ter sido xingadas ou agredidas por dizer “não” a uma pessoa que demonstrou interesse.

Entre as entrevistadas, 45%  já tiveram o corpo tocado sem consentimento em local público e 20% disseram já terem sido beijadas à força. Em contrapartida, apenas 5% dos homens  assumiram ter cometido este tipo de assédio.

O levantamento faz parte da pesquisa “Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas”, que ouviu 1.200 pessoas de todo o País.

A diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, Marisa Sanematsu, ressaltou que, quando se comparam as declarações dos entrevistados sobre sofrer e praticar atos de importunação sexual, a conta não fecha. 

“Muitas mulheres afirmam que já tiveram o corpo tocado sem consentimento em local público e também que viveram situações de importunação sexual no transporte público, mas praticamente nenhum homem assume essas práticas”.

A socióloga Layla dos Santos Freitas, advogada, pesquisadora em gênero e sociedade, diz que apesar dos dados causarem certo espanto pela alta porcentagem, não é de grande surpresa quando alguns pontos são analisados.

“Trata-se uma lei, relativamente nova, em que a sociedade ainda está se educando e reaprendendo determinados limites sociais e jurídicos impostos a partir desta. Por outro lado, por vivermos em uma sociedade com estrutura machista e patriarcal, toda mudança em prol da igualdade de gênero e contra a violência e dominação/objetificação do corpo feminino, gera resistência”.

EM SILÊNCIO

Imagem ilustrativa da imagem Mulheres são xingadas e agredidas por dizer “não”
- |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

A pesquisa revela outro dado: 45% tiveram o corpo tocado sem consentimento, realidade vivida por uma universitária de 32 anos, no trabalho. 

“Fui agarrada por trás, mas consegui escapar das investidas de uma pessoa que convivia comigo no trabalho. Eu não dava ideia, nem motivos para ele falar assim”.

O fato ocorreu no final do ano passado, quando a universitária trabalhava em um supermercado. 

“Tive vontade de denunciar, mas não tinha provas e optei pelo silêncio. Meses depois, pedi demissão. A sensação é horrível”.

Rotina do parceiro controlada

Quando o assunto é controle e proibições do parceiro, são as mulheres que tendem a reconhecer mais do que os homens que exercem essas atitudes invasivas no relacionamento. 

Ao serem questionados se já controlaram a rotina da pessoa mesmo à distância, com ligações para saber onde o outro está, 24% das mulheres admitiram que já fizeram. Entre os homens, apenas 19% disseram que já controlaram desta forma. 

Do total de mulheres, 23% também assumiu que já exigiu que o namorado ou marido  bloqueasse ou excluísse amigos ou amigas das redes sociais. Já os homens foram 13%. 

Entre as pessoas que afirmaram que já proibiram o outro de sair para determinados lugares, 18% das mulheres responderam que sim, contra 11% dos homens. 

Já as senhas de telefone celular e de redes sociais foram pedidas por 17% das mulheres entrevistadas, enquanto os homens 10%.

Conflitos após fim de relacionamentos

Além de mostrar o assédio vivido por muitas mulheres, a pesquisa “Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas” também aponta os conflitos ao término de uma relação. O controle, a perseguição e a calúnia são as agressões mais relatadas.

Segundo o levantamento, 34% declararam terem sido obrigadas, após o rompimento, a bloquearem contato, contra 25% dos homens. Das entrevistadas, 18% das mulheres tiveram de mudar o número, contra 8% dos homens.

Chega a 15% o percentual de mulheres que disseram terem registrado um boletim de ocorrência após o fim do relacionamento.

Falando sobre os dados da pesquisa no contexto geral, a assessora da Gerência de Proteção à Mulher e delegada de Polícia Civil, Natália Tenório, observa que esse problema atinge todo o território nacional.

Pela sua percepção, as maiores queixas referem-se a casos ocorridos no transporte público, balada e veículos de aplicativo. Ela também confirma que há casos referentes a término de relacionamentos. 

A delegada pediu que as mulheres não se calem diante desse crime e denunciem. Lembrando que se o fato acabou de ocorrer, a vítima deve ligar para número 190. Ela ressaltou que a pena para o crime de importunação sexual prevê pena de reclusão, de um a cinco anos, se a prática sexual não constituir crime mais grave.

Saiba mais

Pesquisa

A pesquisa inédita “Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Ipec, com apoio da Uber, ouviu por telefone 1.200 pessoas. 

Foram 800 entrevistas com  homens e 400 com mulheres. A pesquisa tem abrangência e ouviu pessoas de 16 anos ou mais, de 21 de julho a 1º de agosto de 2022.

Importunação sexual

Mulheres

- 45% tiveram o corpo tocado sem seu consentimento em local público.

- 41% foram xingadas ou agredidas por dizerem “não” a uma pessoa que estava interessada nelas.

Homens

- 5% tocaram o corpo de alguém sem consentimento em local público.

- 2% xingaram ou agrediram depois de receber um “não” de uma pessoa por quem se interessou.

- Nenhum declarou ter praticado importunação/assédio sexual no transporte público.

Ofensas e assédio

1) Ouviu piadas machistas e ofensivas que desqualificam as mulheres

Homens = 67%  

Mulheres = 74% 

2) Recebeu elogios à sua aparência ou brincadeiras e comentários pessoais e invasivos de desconhecido

Homens = 50%

Mulheres = 62%

3) Foi interrompido ou menosprezado por alguém do sexo oposto enquanto estava expondo suas ideias

Homens = 35%

Mulheres = 54%

4) Recebeu cantadas que considerou agressiva, desrespeitosa ou ofensiva

Homens = 22%

Mulheres = 56%

5) Teve seu corpo (ombro, braço, mãos, etc) tocado sem o seu consentimento em local público

Homens = 28%

Mulheres = 45%

6) Foi xingado/a ou agredido/a por dizer “não” a uma pessoa que estava interessada em você

Homens = 25%

Mulheres = 41%

7) Sofreu importunação/assédio sexual (passada de mão, encoxada, etc.) no transporte público

Homens = 10%

Mulheres = 32%

8) Foi seguido/a de forma insistente na rua e/ou em festas e baladas

Homens = 13%

Mulheres = 29%

9) Sofreu abuso ou tentativa de abuso sexual

Homens = 8%

Mulheres = 31%

10) Foi beijado/a à força

Homens = 9%

Mulheres = 20%

Controle da mulher

- 43% das mulheres tiveram sua rotina controlada mesmo à distância por algum parceiro.

- 36% delas foram proibidas de sair para determinados lugares por algum parceiro.

- 32% tiveram exigência de bloqueio ou exclusão de amigos nas  redes sociais por algum parceiro.

- 35% foram proibidas de encontrar ou visitar determinadas pessoas por algum parceiro.

Controlou a rotina da pessoa mesmo à distância (ex, ligar para saber onde e com quem está)

Mulheres = 24%  

Homens = 19% 

Exigiu que a pessoa bloqueasse ou excluísse amigos(as) das redes sociais

Mulheres = 23%

Homens = 13%

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