Traficante que matava e divulgava fotos das vítimas é preso em prédio de luxo
Homem de 26 anos comandava grupo que tinha o hábito de compartilhar fotos de corpos de pessoas assassinadas
Um traficante, de 26 anos, apontado pela Polícia Civil como o líder de uma quadrilha que cometia homicídios na região da Grande Santa Rita, Vila Velha, foi preso, ontem, na Praia de Itaparica, no mesmo município.
O traficante Wendel Almeida Oliveira estava no apartamento de luxo, onde morava com a mulher, que também foi presa, e os filhos. O prédio fica em uma região com vista para o mar.
A prisão de Wendel faz parte da Operação Obituary, desarticulada pela Polícia Civil, ontem. O nome faz referência ao modus operandis dos bandidos, que pertencia ao grupo já que, após cometerem os assassinatos, os bandidos tinham o costume de registrar o crime e compartilhar as imagens dos corpos das vítimas entre eles.
Wendel é apontado pela polícia como gerente do tráfico do bairro Alecrim, que faz parte da região da grande Santa Rita, juntamente como os bairros Alvorada, Santa Rita, Primeiro de Maio, Ilha da Conceição, Pedra dos Búzios, Vista da Penha e Zumbi dos Palmares.
Ao todo, participaram da operação cerca de 60 policiais que cumpriram 20 mandados de busca e apreensão. Pelo menos nove pessoas foram presas, entre elas Wendel, sua mulher, seu cunhado e outras pessoas de sua família.
Na casa do líder da quadrilha, a polícia encontrou 15 mil reais em espécie, dois carros, sendo um Honda Civic e um Corolla. Além disso, pelo menos quatro armas foram apreendidas na casa de outros integrantes da quadrilha.
O videomonitoramento do prédio registrou o momento em que policiais entraram no local para realizar a prisão.
Os policiais entram em um dos elevadores do local com o acusado, sua esposa e os filhos do casal. Wendel aparece algemado e recebe um beijo da mulher, que se mantém calma a todo momento, sem reação de espanto.
Os nove presos foram levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Vitória, onde foram cumpridos os mandados de prisão por associação ao tráfico.
Distribuidora e loja de roupas para lavar dinheiro
Uma distribuidora de bebidas no bairro Alecrim, em Vila Velha, e uma loja de roupas da mesma região eram usadas pelo traficante Wendel Almeida Oliveira, de 26 anos, e sua família para lavar dinheiro do tráfico de drogas, segundo a Polícia Civil.
O nome de uma das empresas estaria no registro de um homem que está em Portugal, mas para a Polícia Civil, estaria usando nomes laranjas para lavar o dinheiro responsável por comprar drogas, armas e manter a vida de luxo do gerente da região de Alecrim.
Segundo o chefe do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), delegado Romualdo Gianordoli, o valor que Wendel arrecadava e lavava ficava em torno dos R$ 50 mil, todos os meses.
Os estabelecimentos não foram fechados por falta de ordem judicial, mas segundo a polícia, os nove presos participavam do esquema de lavagem de dinheiro também.
“A empresa ainda funciona em nome de laranja. Esse rapaz que mora em Portugal era da região e depois foi embora”, disse o delegado.
Participaram da ação policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa ( DHPP) de Vila Velha e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
Facção responsável por 15 mortes
Os nove presos na Operação Obituary fazem parte da facção criminosa denominada de Terceiro Comando Puro (TCP) que, segundo a polícia, é responsável por mais de 15 homicídios nos bairros, Alvorada, Santa Rita, Primeiro de Maio, Ilha da Conceição, Pedra dos Búzios, Vista da Penha e Zumbi dos Palmares, que fazem parte da Região da Grande Santa Rita.
O grupo também seria responsável por um triplo homicídio que aconteceu em Jaburuna, no último dia 25 de janeiro, quando dois homens de 22 e 26 anos e uma mulher de 46, foram mortos de madrugada.
Para o chefe do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), delegado Romualdo Gianordoli, o TCP é uma facção fragmentada sem um comando central, diferente da Facção do Primeiro Comando de Vitória (PCV), sediado em Vitória e com cadeia de comando.
“Praticamente, temos essas duas facções lutando pelo comando do tráfico na região de Santa Rita: TCP x PCV. O TCP funciona como uma cooperativa, são várias lideranças que inclusive emprestam armas umas às outras mas, de fato, o TCP tem a maior parte do território da Grande Santa Rita”, disse.
Ainda segundo o delegado, os crimes eram praticados de forma brutal com várias armas e muitos disparos para mostrar poder.
A guerra pelo tráfico tem sido responsável por mais de 80% dos homicídios, segundo o secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Márcio Celante.
Só neste ano, o Estado registrou 526 homicídios, destes, 97 foram em Vila Velha.
Comentários