Réu por matar músico, PM debochou da vítima: “Queria dormir, agora dormiu”
Afirmação foi feita em um grupo de WhatsApp
Escute essa reportagem
“Ele queria dormir, agora dormiu”. Foi com essa frase que o soldado da Polícia Militar Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, teria se manifestado em um grupo de WhatsApp sobre o assassinato do músico Guilherme José Rocha Soares, de 36 anos, ocorrido no dia 17 de abril deste ano, dentro de um condomínio no bairro Jardim Camburi, em Vitória.
LEIA TAMBÉM
Policial militar vira réu pela morte de músico em prédio de Jardim Camburi
Soldado da PM é detido suspeito de matar vizinho durante briga em Vitória
Vídeo registra discussão entre músico e policial militar
O soldado se tornou réu na ação judicial pela morte do músico e essa mensagem, que teria sido enviada um dia após o crime, é citada na decisão da juíza Lívia Regina Savergnini Bissoli Lage, da 1ª Vara Criminal de Vitória.
A denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) foi aceita pela Justiça na quinta-feira e a prisão preventiva de Lucas também foi decretada na decisão.
Guilherme foi morto a tiros durante uma confusão por som alto no condomínio na madrugada de 17 de abril. O crime foi flagrado por câmeras de videomonitoramento.
Trecho da decisão diz: “Ademais, a forma de execução do crime demonstra que o acusado conta com personalidade desprovida de sensibilidade moral, sem um mínimo de compaixão humana, não valorizando, destarte, o semelhante de forma a ser possível a convivência social, tanto que no dia seguinte ao crime ele se manifestou em um grupo de WhatsApp demonstrando total desapego à vida da vítima Guilherme dizendo 'ele queria dormir, agora dormiu'”.
A juíza justifica que a prisão preventiva de Lucas é necessária para manter a ordem pública e a instrução processual, “pois está presente a possibilidade de repetição da conduta em virtude de o acusado novamente consumir de bebida alcoólica na posse de arma de fogo e, com isso, perder o autocontrole e voltar sua frustração contra outra pessoa por mero desentendimento”.
A magistrada destaca ainda que Lucas é policial militar e a função é incompatível com a conduta atribuída a ele nos autos. “Nota-se que o denunciado é pago com limitados recursos públicos para combater o crime e não para praticá-lo”, diz a juíza. Lucas está preso no Quartel do Comando Geral (QCG), em Maruípe.
Assista a reportagem da TV Tribuna/SBT
LEIA TAMBÉM
"Ele só pediu para abaixar o som", diz pai de vizinho morto por PM em Vitória
Leia mais notícias de Polícia aqui
Crime em condomínio
- Guilherme José Rocha Soares, de 36 anos, foi até o hall de entrada de um dos blocos do condomínio, às 3h02, onde estava Lucas e amigos.
- O músico informou que ele e a família não conseguiam dormir por conta do barulho que o grupo estava fazendo e pediu que eles deixassem o local.
- De acordo com o processo, o soldado da Polícia Militar, Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, sacou a arma e intimidou a vítima dizendo: “eu sou PM, o que você vai fazer?”.
- Nesse momento, um dos amigos do policial se aproximou. Logo depois, Lucas, com a arma em uma mão e o corpo de bebida alcoólica em outra, se aproximou de Guilherme e projetou o cano da arma por duas vezes em direção ao peito do músico, batendo com a arma no rosto da vítima na sequência.
- O músico tentou se defender, avançando em direção à arma, mas foi empurrado pelo amigo do policial, perdendo o equilíbrio. O soldado então atirou em Guilherme, que ainda tentou sair do hall.
- O morador caiu no chão e ficou agonizando enquanto Lucas acompanhou a cena terminando de beber.
Comentários