Quadrilhas usam até cenário de teatro para aplicar golpes
Tecnologia que imita voz de parente, oração falsa e uso de sangue estão entre as técnicas utilizadas por golpistas para enganar vítimas
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Bandidos usam a tecnologia para imitar a voz de parentes em um falso sequestro; montam um cenário de delegacia, com direito a falso delegado, para coagir vítimas; utilizam até sangue e falsas orações para o golpe da cura; e abusam da tecnologia para enganar pessoas na internet. Estas atitudes são de estelionatários, que só no ano passado fizeram 37.391 vítimas no Estado.
Em 2022, 208 golpes foram aplicados por hora, em todo Brasil, enquanto mais de 37 mil foram vítimas no Estado, sendo que 15.277 caíram no golpe em ambientes virtuais. Os dados são do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que revelam aumento de 37,9% nos casos entre 2021 e o ano passado.
O secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, destacou que “o estelionato digital é um desafio para a segurança pública, pois é uma tecnologia nova que está ao alcance de todos, e os criminosos se aproveitam disso para aplicar golpes na boa intenção das pessoas”.
Poucos dias após o início do programa federal de renegociação de dívidas “Desenrola Brasil”, golpistas usaram a novidade para atrair vítimas nas redes sociais. A fraude acontece por anúncios pagos no Facebook e WhatsApp, que direcionam para links falsos, solicitam CPF, ou pedem pagamento de taxas com a promessa de limpar o nome.
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O titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade, alertou para o fato de que os criminosos têm se aproveitado do interesse do público em tecnologia e novos aplicativos para atrair suas vítimas.
“A utilização de inteligência artificial pelos golpistas também é uma preocupação. A capacidade dessa tecnologia em criar áudios, vídeos e até mesmo fotos falsas tem ajudado golpistas que se passam até por falsos médicos ou advogados”, comentou Brenno.
O estelionato é um crime caracterizado pela obtenção de vantagem ilícita, causando prejuízo a terceiros por meio de artimanhas e enganações.
O anuário ainda também explica que esse aumento no número de golpes é um movimento dos crimes contra o patrimônio que, a partir da pandemia de covid-19, indicou uma migração dos roubos e furtos para modalidades de estelionatos e golpes virtuais.
OPINIÕES
"Costumam agir sozinhos e sem grandes estruturas. Bastam um computador e uma mente criminosa para nascer um golpe”, Brenno Andrade, delegado.
"O Estado tem uma política de segurança pública integrada e vem contribuindo para a redução de crimes”, Pablo Lira, diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
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