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Polícia

Quadrilha condenada por assaltar e torturar taxistas no Espírito Santo

Seis bandidos foram condenados a até 104 anos de prisão. Eles também agiam contra motoristas de aplicativo


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Imagem ilustrativa da imagem Quadrilha condenada por assaltar e torturar taxistas no Espírito Santo
Motoristas de táxi estavam entre os alvos da quadrilha, que fez pelo menos 20 vítimas nos anos de 2018 e 2019 |  Foto: Leone Iglesias/AT

“Foi o pior dia da minha vida”. É com essa frase que uma motorista de aplicativo descreveu os momentos de terror que passou em poder de criminosos. Ela não foi a única vítima de uma quadrilha que agia com frieza, tortura e fazia ameaças de morte, chegando a apertar o gatilho mais de uma vez, sem sucesso, pois os tiros mascaram.

Só que essa quadrilha que praticava roubos a motoristas de aplicativo e taxistas foi identificada, presa, e seis bandidos condenados a penas que variam de 5 anos, 9 meses e 5 dias de reclusão, a 104 anos, 7 meses e 24 dias. A sentença foi proferida pela juíza de Direito Gisele Souza de Oliveira este mês.

Os  roubos que deixaram prejuízos a pelo menos 20 vítimas ocorreram entre agosto de 2018 e junho de 2019, geralmente durante à noite, na capital. 

Não havia hierárquica, ou seja, um chefe da associação criminosa. A estratégia adotada era praticamente a mesma: eles solicitavam corridas na região do Parque Moscoso, davam nomes diferentes, até de mulheres para não serem identificados, e seguiam até uma rede de fast food na Praia do Canto, Vitória.

Mas o destino final normalmente era na região de Santo Antônio, em ruas sem saída, onde ameaçavam e torturavam as vítimas, sobretudo para conseguir as senhas para desbloquear celulares.

Apesar de não ser comum roubar veículos, eles chegaram a fugir levando os carros. Tanto é que alguns integrantes foram presos em Cariacica com um carro com restrição de roubo, fato que ajudou a polícia a começar a identificá-los, após serem reconhecidos por motoristas de aplicativos e taxistas. 

Em uma das ocasiões, alguns criminosos contaram que pertenciam à facção Trem Bala, que leva terror no Bairro da Penha, em Vitória, e demais regiões, mas esse não foi o objeto da investigação. O foco foi identificar e prender os bandidos especializados em roubar motoristas de aplicativo e taxistas.

Devido ao trauma sofrido, muitas vítimas enfrentaram a síndrome do pânico, e outras desistiram da profissão e até mudaram de estado.

Em um dos trechos da  sentença,  a magistrada registrou: “verifico que as peculiaridades do caso concreto, em especial, o elevado número de agentes envolvidos na prática dos diversos delitos de roubo, a agressividade exacerbada praticada contra as vítimas”.

Duas horas de terror em poder dos bandidos

Duas horas de terror. Esse foi o tempo que um motorista de aplicativo, de 57 anos, ficou em poder de bandidos.

Em depoimento, a vítima contou que na noite de 25 de abril de 2019 recebeu uma solicitação de uma corrida se iniciando no Parque Moscoso, no centro de Vitória. Três bandidos embarcaram e seguiram até o bairro Santo Antônio, na capital. Lá, um simulou que iria procurar uma pessoa. Não demorou para ele voltar dizendo que não havia encontrado.

Os três pediram para o motorista seguir para a Ladeira São Bento. No alto do morro, anunciaram o assalto e um bandido que estava sentado no banco de trás deu uma “gravata” na vítima. Eles diziam que iriam matar o motorista porque era menor de idade.

Os bandidos levaram a vítima para a parte de cima de uma escadaria e, por duas horas,  fizeram  ameaças pedindo a senha de um dispositivo do celular sob o argumento que precisavam do código para poder fazer a mudança de dono do aparelho sem ter problema. 

Foram roubados do motorista  um iPhone 6 Plus, um dólar, R$ 90, um relógio e uma carteira de couro. Após ser liberado, a vítima procurou a polícia e denunciou.


Saiba mais


Como era o esquema

  • Motoristas de aplicativos e taxistas eram os alvos dos criminosos. Eles fizeram pelo menos 20 vítimas na capital entre os meses de agosto de 2018 e junho de 2019.
  • O Ministério Público Estadual, por meio da 4ª Promotoria Criminal de Vitória, ofereceu denúncia aos acusados. Este mês, a  4ª Vara Criminal de Vitória    condenou os integrantes dessa   associação criminosa. 

Condenações

WALDIR RIBEIRO DA SILVA JÚNIOR 

  • Pela prática de 13 roubos e associação criminosa, fixando a pena de 104  anos, 7  meses e 24  dias de reclusão.

MAURÍCIO PEREIRA 

  • Pela prática de 6 roubos e associação criminosa, fixando a pena de 53   anos, 2  meses e 16 dias de reclusão.

ROMULO DE SOUZA REIS 

  • Condenado Pela prática de 5 roubos, associação criminosa e uso de drogas, fixando a pena de 44  anos, 4  meses e 22  dias de reclusão.

ANDRÉ LUIZ PEREIRA DOS SANTOS 

  • Pela prática de 5 roubos e associação criminosa, fixando a pena de 48  anos, 5 meses e 18  dias de reclusão.

ERIC FLORES DE MACEDO 

  • Condenado pela prática de 3 roubos e associação criminosa, fixando a pena de 17  anos e 15  dias de reclusão.

ROBERTE GOMES DA SILVA MONTEIRO

  • Um delito de roubo, fixando a pena de 5  anos, 9 meses e 5  dias de reclusão.

Fonte: Sentença proferida pela juíza de Direito Gisele Souza de Oliveira.


Obs: Na época que os crimes  foram praticados, a legislação previa  que os acusados cumprissem   1/6 da pena para terem direito à progressão de regime, ou seja, passar para o regime semiaberto. Lembrando que a lei fixa em 30 anos o tempo máximo para um condenado ficar preso, segundo juristas entrevistados.


Drama das vítimas

Tiro de revólver  mascou duas vezes

Se passando por uma mulher, dois bandidos solicitaram uma corrida a uma motorista de aplicativo em 14 de agosto de 2018, por volta das 22 horas, saindo do Morro da Piedade, na capital.

No trajeto, um deles apontou um revólver calibre 38 para a cabeça da vítima e começou a gritar “encosta, encosta, encosta”, o que foi atendido.

Um criminoso falou: “se você não quiser que aconteça nada, vai me entregar tudo que  tem”.

Em seguida, os bandidos tomaram o relógio da vítima, um escapulário folheado a ouro e  R$ 18. Além disso, disseram que levariam seu celular Iphone 7 plus e mandou que a vítima  desbloqueasse o aparelho.

Seguindo o comando, a motorista tentou diversas vezes realizar o desbloqueio, porém não lembrava a senha. Nesse momento, um dos bandidos efetuou dois tiros em direção à sua cabeça, mas a munição mascou.

Na sequência,  pegaram seu celular e saíram do carro, exigindo que ela não olhasse para trás. A vítima ficou em estado de choque.

Vítima obrigada a ficar de joelho

Um drama iniciado em 16 de março de 2019, por volta de 0h30. Um motorista de aplicativo aceitou uma corrida que partiu da Rua Washington Pessoa, próximo ao Parque Moscoso, até o bairro Bela Vista, ambos em Vitória. 

Quando chegou ao local, dois entraram pelo banco de trás e um entrou no banco do carona. Ao chegar em um local, descrito pela vítima como “entrada de uma pedreira abandonada, ali na região depois de Santo Antônio um pouco, no pé do morro Santa Tereza”, eles anunciaram o assalto.

O bandido que estava no banco de trás deu uma gravata no motorista e o que estava no carona, apontou a arma de fogo. Eles pediram para ele ficar quieto, não reagir, que tinha “perdido”.

Eles andaram por cerca de cinco minutos, por dentro de uma mata fechada, até o centro dessa pedreira.

Em depoimento ao Ministério Público Estadual, ele disse que mais uma vez pediu por favor para não lhe matarem, porque tinha um filho pequeno para criar.

Eles mandaram a vítima ficar de joelho e contar até mil, enquanto os bandidos fugiam levando o seu carro,  um  Ford Fiesta, um aparelho celular, cerca de  R$ 500 (eles pegaram até o dinheiro que estava escondido dentro da meia da vítima) e um par de tênis.

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