"Prisão estratégica”, diz Ricardo Ferraço sobre mulher de traficante morto no Rio
Karine Gabrielly de Bem Moreira, de 18 anos, foi presa nessa sexta-feira
“O plano de contingência do Espírito Santo fez uma prisão estratégica e o trabalho integrado entre todas as forças de segurança irá continuar de forma permanente”.
Foi o que assegurou nessa sexta (31) o vice-governador do Estado e coordenador do Programa Estado Presente, Ricardo Ferraço, após a prisão de Karine Gabrielly de Bem Moreira, de 18 anos, mulher do traficante capixaba morto durante megaoperação no Rio de Janeiro.
O objetivo do plano de contingência é criar um fluxo de informações de inteligência entre todas as agências federais e estaduais, com o intuito de identificar possíveis fugas para o Espírito Santo, tanto de criminosos que atuam no Rio quanto de bandidos do Estado que, porventura, estejam escondidos em território fluminense e tenham intenção de retornar.
“Esse plano já apresentou resultados: por meio da intensificação da troca de informações e do trabalho de inteligência, foi possível prender a mulher de um criminoso que morreu durante um conflito com a polícia no Rio de Janeiro”.
Ela foi autuada em flagrante por tráfico de drogas e encaminhada ao sistema prisional, permanecendo à disposição da Justiça.
Embora tenha reforçado que não há indicativos de migração de criminosos do Rio para o Estado, Ferraço disse que a segurança está atenta e atuando de forma integrada. “O plano de contingência foi elaborado preventivamente, justamente para que, caso haja qualquer movimentação, as autoridades estejam atentas — mas até o momento, não há registro disso”.
Na realidade, o movimento é o contrário, como pontuou. “Criminosos do Espírito Santo têm se deslocado para o Rio, porque sabem que aqui não têm vida fácil. Aqui, eles estão mais vulneráveis à prisão”, finalizou.
Barreiras nas rodovias federais que fazem divisa
Na tentativa de evitar fuga de criminosos para outros estados, incluindo o Espírito Santo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) está reforçando o policiamento nas rodovias federais que cortam o Rio de Janeiro.
A ação, que tem prazo indeterminado, envolve o deslocamento de policiais de outros estados para atuarem na prevenção e no enfrentamento a possíveis práticas criminosas e na manutenção da fluidez do trânsito.
O reforço no policiamento ocorre em rodovias federais do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, estados que fazem divisa com o Rio, e nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que possuem fronteira com Argentina e Paraguai.
O trabalho incluiu o policiamento orientado por inteligência, a análise e compartilhamento de informações com forças de segurança federais, estaduais e municipais, de forma a aumentar a eficiência das abordagens e das fiscalizações.
Entenda o caso
Em uma ação integrada, dentro do plano de contingência acionado pelo governo do Estado, a polícia prendeu Karine Gabrielly de Bem Moreira, de 18 anos, mulher do traficante capixaba morto durante megaoperação no Rio de Janeiro.
Alisson Lemos Rocha, de 27 anos, conhecido como “Russo” ou “Gordinho do Valão”, foi morto na última terça-feira. Dois dias depois, Karine foi presa com drogas na Serra, em uma ação conjunta entre Subsecretaria de Inteligência, Disque-Denúncia 181 e do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc).
Segundo a polícia, as apurações indicaram que, após a morte de Alisson, ela teria passado a retirar armas e entorpecentes que estavam guardados em sua casa, no bairro Barro Branco, na Serra, com o intuito de esconder o material e impedir a apreensão.
Na tentativa de fechar o cerco, parentes e pessoas que conviviam com os traficantes envolvidos na operação no Rio foram monitorados, segundo o delegado adjunto do Denarc, Felipe Pimentel.
“Através disso, conseguimos achar a Karine, que tem ligação com o Alisson, que comandava o tráfico no Barro Branco. Com essa ação de inteligência junto com a Polícia Civil, conseguimos identificar a casa que ela supostamente guardava a droga e começamos a buscar mais informações”.
Policiais fizeram até “campana” no velório de Alisson, na última quinta-feira. A polícia também constatou intensa movimentação de pessoas e veículos nas proximidades da casa da jovem.
Ao ser presa, ela alegou que a droga pertencia a um menor de idade e disse que não estava mais com Alisson. Mas, para o delegado, isso é apenas “pano de fundo”. Ainda de acordo com a polícia, a suspeita é de que ela atuava como uma espécie de “pombo correio”.
“Na casa dela encontramos bilhetes oriundos da cadeia para quem está traficando do lado de fora, os chamados ‘catuques’. Ela pegava as cartas e levava para os destinatários. Os ‘catuques’ falam do que a organização criminosa tem que fazer, o que estão planejando, quem está tomando conta de qual morro, a operação interna deles”.
Além de Alisson, outros dois capixabas acusados de envolvimento com crime foram mortos no Rio: Fabian Alves Martins e Jeanderson Bismarque Soares de Almeida. Ao todo, a ação resultou em 121 mortos, incluindo quatro policiais.
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