Polícia caça quadrilha que fabricava anabolizante falso
Bandidos agiam em seis estados. Um influenciador digital de Vila Velha foi alvo da operação ao divulgar produto na internet
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Um morador de Vila Velha foi alvo de uma investigação da Polícia Federal por divulgar e compartilhar links na internet que direcionavam para venda de anabolizantes ilegais.
Ele e outros suspeitos de seis estados estão na mira da Polícia Federal, que investiga uma quadrilha acusada de fabricar e vender essas substâncias falsas em todo o País.
O homem de Vila Velha, segundo o delegado Ivo Silva, chefe da Delegacia de Polícia Federal em São José dos Campos, São Paulo, é um influencer com mais de 130 mil seguidores nas redes sociais. Ele divulgava um código de desconto para quem fosse comprar a substância.
Na operação, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão, sendo feitas três prisões em flagrante ontem.
As investigações foram iniciadas na delegacia de São José dos Campos. Segundo o delegado Ivo Silva, foi feita a apreensão de dezenas de encomendas vindas da Holanda e da China, apreendidas pela Receita Federal em Curitiba, contendo matéria-prima de testosterona.
“Essa encomenda tinha como destino São José dos Campos. Como ela veio do exterior, a Polícia Federal foi comunicada e isso nos acendeu um alerta de que se existia alguém comprando matéria-prima para testosterona, porque, provavelmente, estava produzindo anabolizantes”, explicou.
Na investigação, de acordo com o delegado, havia uma grande quantidade de encomendas apreendidas contendo o produto final, ou seja, o anabolizante.
O núcleo de São José dos Campos era o responsável por receber a matéria-prima do exterior, manipulá-la em um laboratório e distribuir o produto final pelos Correios.
“Havia um processo de divulgação e comercialização, por meio das redes sociais. Existia uma rede de influenciadores, competidores no fisiculturismo, que faziam a propaganda do produto e disponiblizavam o link de acesso para os contatos de WhatsApp, onde era feita a comercialização”.
De acordo com a Polícia Federal, os investigados responderão pelos crimes de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e associação criminosa. Se condenados, as penas podem chegar a 18 anos de prisão.
Substância não deve ser indicada para fins estéticos
O uso de anabolizantes não é indicado para fins estéticos, de ganho de massa muscular e de desempenho esportivo. A proibição é do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Segundo o CFM, a norma, elaborada a partir de evidências científicas disponíveis sobre os riscos e malefícios à saúde, veda apenas a prescrição dessas substâncias com finalidade estética e de melhoria de desempenho esportivo, sem coibir sua indicação para o tratamento de doenças.
“O uso indiscriminado dessas substâncias pode causar alteração hepática, alteração do fígado, alteração do rim, irritabilidade, alteração de sistema nervoso central, infertilidade. São muitas consequências que podem ocasionar”, alerta a endocrinologista Priscila Pessanha, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no Estado.
Segundo a médica, há ainda o risco de misturar as substâncias com outras, elevando ainda mais o risco à saúde.
Além dos riscos mencionados, nas mulheres, segundo a endocrinologista Queulla Garret, os anabolizantes podem provocar ainda características masculinas, como engrossamento da voz, crescimento do clitóris, aumento dos pelos e do apetite.
“Nos homens pode diminuir os testículos e a espermatogênese e provocar o aumento das mamas. Em jovens, além de tudo, pode acelerar o amadurecimento ósseo e diminuir o crescimento”, alerta.
Indicação
Queulla explica que os esteroides devem ser prescritos em casos de diagnósticos de hipogonadismo (condição na qual os ovários ou os testículos não produzem quantidade suficiente de hormônio).
Segundo Priscila, as substâncias só devem ser prescritas com indicação médica, sendo indicado, quando necessário, a reposição (fornecer o que falta), e não anabolizar (fornecer em excesso).
Entenda a operação
A Polícia Federal deflagrou a Operação Minotauro com o intuito de combater uma organização criminosa que coordena um esquema de venda ilegal de anabolizantes para diversas unidades federativas do País. O trabalho de investigação até chegar na quadrilha durou um pouco mais de cinco meses.
Segundo a Polícia Federal, existem “fortes indícios” de que o grupo criminoso vinha recebendo o anabolizante do exterior em forma de matéria-prima para posterior venda no mercado nacional, por meio de plataformas digitais, após possível adulteração ou até mesmo fabricação própria dos produtos ilícitos.
Estados
Na ação de ontem, policiais federais cumpriram 22 mandados de busca e apreensão nos seguintes estados: São Paulo (9), Rio de Janeiro (7), Paraná (3), Minas Gerais (1), Espírito Santo (1) e Ceará (1).
No Espírito Santo, um morador de Vila Velha, influencer com mais de 130 mil seguidores, participava do processo de comercialização do produto, já que divulgava e compartilhava links na internet que direcionavam para venda de anabolizantes ilegais.
Perfis
Além dos mandados, foram decretadas medidas judiciais de bloqueio de perfis dos investigados no Instagram, utilizados para publicidade e comercialização de anabolizantes, com retirada de postagens relacionadas aos fatos apurados das redes sociais dos suspeitos, em adição ao bloqueio de contas bancárias dos investigados.
Substâncias
Os policiais federais identificaram e apreenderam outras 233 encomendas postais que continham substâncias anabolizantes, como enantato de testosterona, primobolan, durateston, masteron, dianabol, stanozolol, oxandrolona e hemogenim.
Dinheiro
Em um intervalo de dois meses, as contas bancárias usadas pelos investigados movimentaram mais de meio milhão de reais em pagamentos pelos anabolizantes fornecidos ilicitamente.
Fonte: Polícia Federal.
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