Operação no ES e RJ: empresário preso em Vitória cortava cabos de internet
Além dele, a mulher do traficante Luan Gomes Faria foi presa na capital capixaba. Outras duas pessoas foram detidas no Rio de Janeiro nesta quarta
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Quatro pessoas foram presas, na manhã desta quarta-feira (29), durante uma operação conjunta das secretarias de Segurança Pública do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Duas prisões aconteceram em Vitória e outras duas no complexo de favelas da Maré, na capital fluminense.
Um dos detidos em Vitória é uma mulher, que seria companheira do traficante Luan Gomes Faria. Ele é apontado pela polícia como um dos líderes do Terceiro Comando Puro (TCP), facção que comanda o tráfico de drogas no Morro do Macaco e no bairro Itararé, em Vitória. Luan está preso desde novembro de 2023.
Já o outro detido na capital capixaba é um empresário de 38 anos, que atua no ramo de provedores de internet. Ele foi preso em Jardim Camburi.
Segundo a polícia, ele se dizia vítima de extorsão de traficantes, mas, na verdade, fazia parte da facção criminosa, cortando cabos de internet de empresas concorrentes. "Com isso, ele garantia que somente a internet dele e, por ventura do Luan, é que dominaria aquela região", explicou o delegado Alan Andrade, do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat) da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES).
As outras duas prisões desta quarta-feira aconteceram no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Segundo a polícia, essas duas pessoas têm relação com um "banco paralelo", que operava na região para lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas.
De acordo com as investigações, esse banco clandestino recebia montantes recolhidos pelo tráfico local e também pelo TCP em Vitória, tendo movimentado, em menos de um ano, cerca de R$ 43 milhões.
No caso dos recursos arrecadados pelo TCP em Vitória, a quantia era transferida via Pix ao banco clandestino e, em seguida, o dinheiro era sacado. "As pessoas faziam depósitos nas contas vinculadas a esse banco, e o traficantes que está lá no Rio sacava aquele dinheiro em espécie. Então era a forma que eles tinham de levar o dinheiro até o traficante que está lá no Rio de Janeiro", destacou Alan Andrade.
Até o momento, foram bloqueadas 17 contas bancárias. Além disso, a polícia solicitou o bloqueio de R$ 11 milhões. Durante a operação, também foram apreendidos 10 veículos pertencentes ao TCP.
Tiroteio e Avenida Brasil interditada durante operação
Durante a operação policial no Complexo da Maré, denominada "Conexão Perdida", houve muita troca de tiros. A Avenida Brasil, uma das mais movimentadas do Rio de Janeiro, precisou ser interditada.
A operação contou com a participação de 400 policiais, sendo 200 do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Oito carros blindado são usados pelos policiais para entrar no complexo de favelas.
Além disso, 12 policiais do Espírito Santo estão na capital fluminense, participando da operação. Dois helicópteros dão cobertura aos policiais.
Operação mira integrantes do TCP
O objetivo é prender integrantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), do Espírito Santo, que, segundo as investigações, utilizam o território fluminense como base estratégica para expandir suas operações ilegais.
A operação se concentra nas comunidades do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. Além disso, são cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em Bonsucesso, Campo Grande e Laranjeiras, também no Rio de Janeiro, e em comunidades de Vitória.
Segundo a Subsecretaria de Inteligência do Espírito Santo, o grupo extorquia funcionários de empresas provedoras de internet, água e gás, que só podiam atuar nas áreas controladas pela facção mediante o pagamento de mensalidades, que chegavam a R$ 10 mil.
Além disso, as investigações apontaram que, para gerenciar e ocultar os valores ilícitos, os criminosos possuíam diversas contas bancárias, incluindo as de uma casa lotérica e de um "banco paralelo" — instituição financeira irregular que operava dentro do Complexo da Maré, oferecendo empréstimos para os moradores da comunidade.
"Esses mecanismos não apenas lavavam o dinheiro proveniente do tráfico de drogas local, mas também os recursos do TCP em Vitória, movimentando R$ 43 milhões em menos de um ano. Nós pedimos também o bloqueio de diversas contas bancárias usadas para a lavagem de dinheiro dessa quadrilha", explicou o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), Romualdo Gianordoli Neto.
As investigações tiveram início em novembro de 2023, após a prisão do traficante Luan Gomes de Faria, em Vitória. Ele e o irmão, Bruno Gomes de Faria, são conhecidos como “os irmãos Vera” e são apontados pela polícia como os chefes do TCP no Espírito Santo. Segundo as investigações, Bruno fugiu para o Complexo da Maré após a prisão do irmão.
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