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Polícia

“O tráfico levou os meus três filhos. Não tenho mais nada”, afirma encarregado

Alefin Miranda estava de carona no carro dirigido pelo pai quando foi alvo dos bandidos em uma rua do bairro Jardim Tropical


Imagem ilustrativa da imagem “O tráfico levou os meus três filhos. Não tenho mais nada”, afirma encarregado
Pai mostra a foto de Alefin de Almeida Miranda e conta que ainda tentou reanimá-lo, mas não conseguiu. |  Foto: Taynara Nascimento

“Um menino sonhador, esforçado e que estava mudando de vida para garantir o futuro dos dois filhos”. Foi assim que Alefin de Almeida Miranda, 27 anos, foi descrito pelo próprio pai, um encarregado de montagem, de 57 anos, que presenciou o assassinato do filho na BR-101, na Serra, nesta terça (13).

Para a polícia, o pai contou que estava passando com seu veículo pelo bairro Jardim Tropical, Serra, próximo à rua Oriente, com seu filho e outras duas crianças no carro, uma de 4 anos e outra  de 11 anos (filho e enteada, respectivamente), no banco de trás.  

Em determinado momento, um Ford Ka Branco emparelhou ao lado do carro em que a vítima estava  e os criminosos efetuaram vários disparos em direção a Alefin, que estava no banco do carona. Após o crime, os bandidos fugiram.

Na  tentativa de socorrer o filho baleado, o encarregado de montagem continuou dirigindo, mas ao chegar na BR-101, percebeu que o filho já estava morto. Desesperado, o pai saiu do carro e ainda tentou reanimá-lo, sem sucesso.  

Ainda de acordo com o pai da vítima, pelo menos quatro criminosos estavam no veículo dos assassinos, sendo que pelo menos três deles efetuaram disparos contra a vítima.

A Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Serra investiga a autoria e motivação do caso. Até o fechamento da edição, nenhum suspeito foi detido. 

O corpo da vítima foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. Lá, o pai contou que é a terceira vez que perde um filho para o tráfico de drogas. O primeiro filho foi morto em 2010, já em 2017 o segundo filho do encarregado também foi assassinado. 

Todos teriam, segundo o pai das vítimas, sido mortos por conta do tráfico de drogas. Desta vez, Alefin foi encontrado com uma perfuração no peito, duas nas costelas, uma na mão direita e uma outra na axila. 

Ainda segundo o pai da vítima, a autoria do assassinato dos dois últimos filhos seria a mesma e teria relação com a  disputa do tráfico entre os  bairros Central Carapina e Jardim Central.

Na edição desta terça (13), o jornal A Tribuna mostrou, em uma reportagem especial, que o Estado tem um homicídio a cada 8 horas. A maioria dos crimes teria relação com o tráfico de drogas. Só neste ano, mais de 941 pessoas foram assassinadas, segundo o painel de homicídios da Secretaria de Segurança Pública (Sesp).    

“Perdi três filhos para o tráfico”

 A Tribuna - Como tudo começou? 

Pai da vítima - Meu menino me ligou pedindo para eu buscar ele na casa dele, em Novo Porto Canoa, e eu fui levando o filho e a enteada dele. Quando passamos pela  BR o  trânsito estava intenso, aí eu   cortei pelo bairro, quando eu voltei  para a BR,  os meliantes me abordaram, fechando meu carro e já atirando contra meu filho sem dar chances dele se defender.

Chegou a ver os assassinos?

Sim, o mesmo que tirou a vida do meu filho em 2017, matou meu filho agora. É o terceiro filho que perco para o tráfico de drogas. Meu filho era um cara mais reservado e sonhador. 

Estavam vindo de onde?

Estávamos com o projeto de construir uma casa e, inclusive, fomos buscar  uma rescisão de uma mineradora em  que ele trabalhava. Meu filho era  pai de um filhinho de 4 anos, além da enteada, de 11.

As crianças presenciaram todo o crime?

As crianças viram tudo. Agora eu vou ter que trabalhar o psicológico deles. Eu ainda pedi para o meliante: “não mata meu filho”. Mas ele não falou nada e continuou atirando a sangue frio, sem  remorso.

Eles estavam encapuzados?

Não estavam, ninguém escondeu o rosto. São duas facções rivais e se uma pessoa muda para outro bairro, o chefe do tráfico do lado de lá acha que a pessoa está mudando de bairro para passar informações.  

E como é perder três filhos para o tráfico?

Tem que ser forte, né? Eu tinha três. Agora eu não tenho  nenhum. Agora é  juntar o que sobrou de mim. Fico lembrando que ele me chamou para buscar a rescisão e eu fui buscar ele para a morte. Imagina como está minha cabeça. 

Outras pessoas ficaram feridas?

Não, tivemos danos no carro, mas só  bens materiais. Mas eu queria era meu filho vivo, mas como diz o ditado, a gente faz um plano e Deus faz outro na vida da gente.

Qual conselho deixaria para outros pais?

Olhem mais para seus filhos. O que aconteceu comigo, eu não quero que aconteça com ninguém. Vejam o lugar em que moram, monitorem seus filhos, ajude-os mesmo depois de mais velhos, cuidem deles. Fiquem mais perto dos seus filhos, esse é o recado que eu dou aos pais. Agora, eu nem espero mais justiça, porque seja o que for, nada vai trazer meu filho de volta e não tenho mais nenhum para me confortar.

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Homem é morto dentro de carro em rodovia na Serra

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