Muitas mulheres sofrem violência doméstica caladas, afirma delegada
No Espírito Santo, de janeiro a outubro de 2022, 17.018 mulheres pediram socorro à polícia por violência doméstica
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No Espírito Santo, de janeiro a outubro de 2022, 17.018 mulheres pediram socorro à polícia por violência doméstica. Esse número é cada vez mais crescente e preocupante. Atuando no enfrentamento à violência doméstica, a delegada chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, Cláudia Dematté, falou sobre os avanços e desafios contra essa realidade.
Tipos de violência
“Infelizmente em todo o mundo, no Brasil e no Espírito Santo, mulheres sofrem violência e discriminação simplesmente por serem mulheres, chegando por vezes ao absurdo de terem suas vidas ceifadas”.
Formas de violência
“A violência contra as mulheres se apresenta de muitas formas, não é apenas física, mas também pode ser psicológica, sexual, moral e patrimonial”.
Lei Maria da Penha
“No Brasil, um dos importantes avanços na luta pelos direitos e enfrentamento à violência contra a mulher foi a Lei Maria da Penha. A violência doméstica e familiar contra a mulher infelizmente sempre existiu, sendo ela cultural, fruto de uma sociedade machista e de cultura patriarcal. Porém, antes da Lei Maria da Penha (Lei Federal n°11.340 de 2006), o número de mulheres que denunciavam seus agressores era bem menor em razão dos aspectos culturais, bem como por não se ter uma punição efetiva e eficaz”.
Aumento de casos
“A cada dia que passa, aumenta o número de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar que estão denunciando seus agressores. Que não tenhamos a falsa impressão de que isso se deu em virtude de aumento no número de casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, mas certamente, com a Lei Maria da Penha, os mecanismos por ela implementados e a divulgação das disposições deste diploma normativo, as vítimas se sentem mais seguras para denunciar seus agressores, e estão procurando as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher para registrarem o boletim de ocorrência e solicitar as medidas que a Lei Maria da Penha possibilita”.
Sofrimento em silêncio
“Evidente que os números poderiam ser ainda maiores, eis que, não obstante a procura tenha aumentado, muitas mulheres ainda sofrem caladas, seja por possuírem ligação afetiva com o agressor, seja por medo de sofrer violência ainda maior, seja por sentir vergonha dos vizinhos, de amigos e da própria família, seja por medo de prejudicar o autor da violência, seja por ser ele pai de seus filhos, seja pela dependência econômica. Infelizmente, ainda são inúmeros os fatores que impedem ou dificultam as vítimas a denunciarem.”
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