Motorista de app foi morto no ES por disputa por guarda da filha, conclui polícia
Crime aconteceu na segunda-feira de Carnaval deste ano
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A Polícia Civil concluiu as investigações e prendeu três suspeitos apontados como os autores do assassinato do motorista de aplicativo Marlon Jordan Rufino Góis, ocorrido no dia 12 de fevereiro deste ano no bairro Jacaraípe, na Serra. O caso, que inicialmente era tratado como latrocínio (roubo seguido de morte), passou a ser considerado um crime de homicídio durante as investigações.
Detalhes da investigação foram repassados pela corporação em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (03). De acordo com a Polícia Civil, o assassinato foi motivado por questões de guarda e pensão alimentícia de uma criança — se tratando de um crime com requinte com requintes de crueldade.
Crime
Marlon Jordan Rufino Góis foi morto na madrugada do dia 12 de fevereiro, a segunda-feira de Carnaval deste ano. Segundo a investigação, ele e a namorada estavam no bairro Jacaraípe para curtir o feriado e, na hora de ir embora, foram surpreendidos pelos suspeitos, identificados como Arthur Ribeiro Brandão, de 26 anos; Roger Passos Gonçalves, de 27 anos; e Gabriel Ferreira Adão, de 22 anos.
No momento do crime, dois dos suspeitos se aproximaram das vítimas, enquanto o terceiro, Roger, ficou responsável por monitorar a presença de policiais na região. A namorada de Marlon, que tentou proteger o namorado, foi impedida por Arthur, enquanto Gabriel e o motorista entraram em luta corporal.
O crime foi registrado por testemunhas. Gabriel, que estava armado com um revólver calibre .38, atirou contra Marlon, o atingindo no peito. Com o motorista caído no chão, Gabriel tenta efetuar mais disparos, porém, a sua arma falhou. Por isso, ele começa a desferir várias coronhadas no rosto da vítima.
A namorada de Marlon, então, conseguiu se soltar e impedir que o motorista fosse atingido por mais coronhadas. Nesse momento, antes de fugir, Gabriel encostou a arma na boca da mulher e efetuou um disparo — entretanto, a arma falhou novamente. "É nítido que o Gabriel não só coloca como ele encosta a arma, inclusive deixou até uma lesão na boca da namorada do Marlon. Efetua um disparo, porém, a arma mascou naquele momento, impedindo que a tragédia fosse ainda maior", explicou o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Serra, delegado Rodrigo Sandi Mori.
Motivação
As investigações apontaram que o crime, que primeiramente foi tratado como latrocínio, era, na verdade, um caso de homicídio.
De acordo com a Polícia Civil, o assassinato foi motivado por uma disputa judicial que envolvia a guarda e a pensão alimentícia de uma criança de 5 anos, filha de Marlon com uma ex-namorada, que era a atual companheira de Gabriel, preso pelo crime.
Marlon ingressou na Justiça para obter a guarda compartilhada, regular a visitação da filha e estabelecer um novo valor de pensão. Segundo a corporação, o tema motivava diversas brigas entre os pais da criança — já que a ex-namorada do motorista dificultava as visitas e pedia cada vez mais dinheiro.
Gabriel, então, teria se incomodado com a situação e decidiu sair em defesa da namorada. Dias antes do crime, o suspeito foi até a casa do motorista para tirar a satisfações, questionando se ele realmente havia ingressado na Justiça.
"Ele falou que sim, e ele [Gabriel] estava incomodado também com o fato do Marlon ter fornecido o endereço dele e da namorada. Talvez com medo da polícia bater lá, pegar droga, pegar arma. Isso aí estava incomodando muito ele também. As brigas se intensificaram, mais ainda depois que ele ingressou na Justiça. O Gabriel, que é traficante de alta periculosidade, acabou tomando as dores da namorada e decidiu matar o Marlon com a ajuda do Arthur e do Roger", explicou delegado Rodrigo Sandi Mori.
De acordo com o delegado, a mãe da criança também foi investigada, mas não foram encontrados indícios que a apontassem como mandante ou participante do crime.
Prisões
Os três suspeitos de participação no crime estão presos e foram indiciados. O primeiro a ser detido foi Roger Passos Gonçalves, no dia 23 de maio deste ano. Já no dia 9 de julho, foi realizada a prisão de Gabriel Ferreira Adão durante uma operação no bairro Novo Porto Canoa, na Serra.
Com ele foi apreendida também uma pistola calibre 380, que estava embaixo do seu colchão. Por isso, ele também foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Segundo a Polícia, Gabriel já tinha passagens por tráfico e associação ao tráfico.
Três dias após a prisão de Gabriel, no dia 12 de julho, Arthur foi preso no bairro Feu Rosa. Ele também possui passagem por tráfico e associação ao tráfico.
O trio foi indiciado por homicídio qualificado pelo motivo torpe com impossibilidade de defesa da vítima e também por tentativa de homicídio com as mesmas qualificações — por causa do disparo contra a namorada do motorista.
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