Missionário e aposentado do ES são presos por atos terroristas
Após invasão de sedes dos Três Poderes e vandalismo em Brasília, 1.200 bolsonaristas devem ser indiciados, inclusive capixabas
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Como resposta aos ataques terroristas às sedes dos Três Poderes que norteiam a democracia no País, desde domingo, prisões em massa vêm acontecendo em Brasília: mais de 1.500. Entre os detidos estão capixabas, incluindo um missionário e um aposentado.
À reportagem, um dos organizadores de excursões que saíram do Estado, informou ontem que pelo menos cinco foram detidos na noite de domingo, no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
Do total, dois continuaram presas ontem e aguardavam audiência de custódia. Eles embarcaram em Venda Nova do Imigrante.
Um dos organizadores contou que a maior parte das pessoas que foi para o ato era aposentada.
“Eles estavam participando do ato. Quando estouraram o STF, um grupo do nosso ônibus entrou. Eles se empolgaram, ficaram lá dentro fazendo bagunça. Eu não entrei, mas fiquei acompanhando, porque eles ficavam postando no grupo. Eu falei: 'vai dar m...'”.
Segundo ele, esse grupo demorou, e a polícia entrou e eles ficaram acuados. “Então eles foram tentar ir pela garagem e ficaram presos.”
Os dois capixabas permaneram presos, pois teriam postado uma série de vídeos que mostravam o apoio aos atos de vandalismo. “A polícia está averiguando o celular de todo mundo. Quem colocou as caras, postou está sendo acusado.”
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Na desmobilização do acampamento em Brasília ontem, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, novas prisões ocorreram: cerca de 1.200 pessoas, incluindo capixabas (mais de 15).
Ontem, a informação era de que mais de 1.200 bolsonaristas seriam indiciados pela Polícia Federal.
“Os desprezíveis ataques terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores e os anteriores e atuais agentes públicos coniventes e criminosos, que continuam na ilícita conduta da prática de atos antidemocráticos”, escreveu o ministro em um dos trechos da sua decisão da desmobilização dos acampamentos no País.
“O comportamento ilegal e criminoso dos investigados não se confunde com o direito de reunião ou livre manifestação de expressão e se reveste, efetivamente, de caráter terrorista, com a omissão, conivência e participação dolosa de autoridades públicas”, destacou o ministro.
Empresários e passageiros na mira da PRF
Entre os seis ônibus de excursão que saíram do Espírito Santo rumo a Brasília, quatro teriam sido “patrocinados” por empresários e apoiadores capixabas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo organizadores, cada um teve custo de R$ 18 mil, contando com veículo e lanche para os participantes.
Outros dois ônibus são de apoiadores que pagaram do próprio bolso sua vaga. A passagem custou para cada R$ 400, ida e volta.
Os passageiros poderiam optar por ficar no acampamento bolsonarista, de Brasília, ou em um hotel, pagando R$ 580, com duas diárias.
Em Vitória, ônibus saíram da Praça do Papa, e também de Guarapari e Venda Nova do Imigrante. Outros da Prainha, em Vila Velha, passando por Colatina. Outros, de Montanha e Cachoeiro de Itapemirim. Na tarde de ontem, dois faziam o trajeto de volta ao Estado.
Por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, a Polícia Rodoviária Federal no Espírito Santo (PRF-ES) está monitorando as rodovias para abordar os ônibus fretados vindos de Brasília e que vão passar pelo Espírito Santo.
A ordem é identificar esses ônibus que estão transportando manifestantes que participaram dos atos de terrorismo no domingo, nas sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O prazo para serem identificados e ouvidos é de 48 horas, após serem abordados pelos policiais, segundo o inspetor Wylis Lyra, do Núcleo de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal no Estado.
Se flagrados no Estado, ônibus e passageiros serão levados para a Superintendência da Polícia Federal, em Vila Velha, ou para as unidades em Cachoeiro e São Mateus. Eles deverão apresentar a relação de quem contratou o transporte, contratos escritos caso existam, formas de pagamento, entre outras informações.
Considerando que a distância entre Brasília e Vitória é de cerca de 1.250 quilômetros, a previsão é de que a viagem dure 20 horas. No entanto, Wylis Lyra disse que esses ônibus nem devem chegar ao Estado, uma vez que a PRF de outros estados devem abordá-los antes.
| Entenda
Invasão
Bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde de domingo.
Nos prédios dos Três Poderes, o cenário deixado após a invasão foi de quebradeira, obras de artes vandalizadas e documentos destruídos.
Prisões
Cerca de 200 pessoas foram presas na noite de domingo, durante o ato.
Já na manhã de ontem, cerca de 1.200 pessoas que estavam acampadas em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, foram conduzidas durante ação que cumpriu decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes. Elas foram levadas para o ginásio da Academia Nacional da Polícia Federal.
Capixabas
Entre os presos e participantes dos atos estavam também capixabas. Pelo menos seis ônibus de excursões, com cerca de 40 pessoas em cada, teriam saído do Estado.
Fonte: pesquisa A Tribuna e fontes consultadas pela reportagem.
Ex-vice-prefeito participa de ato
Entre os capixabas que participaram dos atos no último domingo, identificado por páginas de redes sociais, está o ex-vice-prefeito de Pancas Marcos Alexandre Mataveli de Morais.
Em um vídeo ele aparece mostrando a destruição. “Invadimos tudo. É muito gás. Mas nós estamos vencendo a guerra, estamos vencendo a batalha, graças a Deus, em nome de Jesus”.
Sobre o ataque, a Prefeitura de Pancas emitiu nota dizendo que condena agressões às instituições e confirmou que Marcos Alexandre Mataveli foi vice-prefeito do município entre 2013 e 2016.
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