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Polícia

Médicos caem no "Golpe do Precatório" e prejuízo passa de R$ 35 mil

Pelo menos quatro profissionais foram vítimas dos criminosos


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Quatro médicos do Espírito Santo caíram em um golpe direcionado a essa categoria e o valor do prejuízo já passa dos R$ 35 mil. Em conversa com o Tribuna Online, o médico ginecologista e presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, explicou que esse valor pode ser ainda maior.

Isso porque, segundo ele, esses são apenas os casos que foram registrados no sindicato, porque "muitos, até pela própria vergonha, deixam de denunciar". 

De acordo com o sindicato, os valores depositados por cada vítima varia. Enquanto uma depositou R$ 4.997,00, outra transferiu R$ 18 mil, outra pagou R$ 12.600 e a quarta R$ 4.997,30.

Um dos médicos, que atua como cirurgião plástico, no interior do Estado, aceitou conversar com a reportagem, sem se identificar.

De acordo com ele, os criminosos entraram em contato, através de seu telefone celular, no dia 19 de abril, afirmando que ele tinha um valor de R$ 190 mil de precatório para receber, que é uma requisição de pagamento a que a Fazenda Pública é condenada a fazer, após processos judiciais.

No entanto, para isso, ele precisava pagar um valor de R$ 4.997,30 para custear as taxas de cartório. "Por isso, eu não desconfiei quando ele me deu uma conta de uma pessoa física, que eu nunca tinha ouvido falar. Achei que era o responsável pelo cartório", contou a vítima.

Persuasão 

Além da ligação, os golpistas também enviaram um documento em nome de Luiz Télvio Valim, advogado do Sindicato dos Médicos e com um brasão do Poder Judiciário. Segundo a vítima, esse foi um outro fator que contribuiu para que ele caísse no golpe. 

O presidente do sindicato explicou que essa é uma característica dessas quadrilhas, que, por serem especializados nesse tipo de crime, possuem um enorme poder de persuasão, ao abordarem suas vítimas. 

"Usando documentação falsa, eles têm acesso ao celular do médico, ao CPF, e, dessa forma, conseguem, com esse linguajar jurídico, que é peculiar dos advogados, convencer a vítima que, aquilo que ela está recebendo de informação, de um precatório com valor de mais de R$ 100 mil, é real e faz essa pessoa cair no golpe", explicou Otto. 

De acordo com o médico, que não quis se identificar, ele só começou a desconfiar que tinha sido vítima de um crime, quando os golpistas ligaram para ele, no dia seguinte, afirmando que ele teria que pagar mais R$ 15 mil da taxa de Selic, que é uma taxa básica de juros, utilizada pelo Banco Central do Brasil para controle da inflação.

"Nessa hora, eu dei corda para ele, perguntei quanto eu deveria pagar e por quê. Ele começou a fazer umas contas e se embolar e ali eu tive certeza de que era golpe. Mesmo assim, pedi para ele me mandar a conta para transferência, porque eu logo faria o pagamento, só para eu ficar com as informações da pessoa. Aí ele me mandou o nome de uma mulher, que eu também nunca ouvi falar", relembrou a vítima.

Após receber as informações para pagamento, o médico entrou em contato com seu advogado, que conseguiu buscar informações dos donos das contas, como CNPJs em nome deles e processos. 

"Assim que percebi, eu fui à delegacia e registrei um boletim de ocorrência. Eu acho que não vou ver mais esse dinheiro, mas, resolvi registrar para o caso de a polícia encontrar essa quadrilha e efetuar a prisão dos integrantes", afirmou.

Como não cair em golpes

Ao Tribuna Online, o verdadeiro advogado do Simes, Luiz Télvio Valim, explicou que a principal dica para não cair em qualquer tipo de golpe é: sempre desconfiar.

"Ninguém te liga para oferecer dinheiro assim. (No caso desses médicos) Tem que ligar primeiro para os números oficiais do sindicato. Saber a origem e saber que para esse tipo de caso, principalmente do Poder Público, precisa, necessariamente, de uma assinatura. Por isso também não se deve depositar nada em contas de terceiros", disse o advogado.

Télvio ainda continuou: "À menor desconfiança, tem que denunciar, porque isso é um golpe que vem acontecendo direto, com quadrilhas especializadas nesse tipo de crime".

O que diz a Polícia?

A Polícia Civil informou que o fato será investigado por meio da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de São Mateus e que, até o momento, nenhum suspeito de cometer o crime foi detido. Para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada.

"A Polícia Civil destaca que a população pode auxiliar na investigação por meio do telefone 181. O Disque-Denúncia é uma ferramenta segura, onde não é necessário se identificar para denunciar. Todas as informações recebidas são investigadas. As informações ao Disque-Denúncia ainda podem ser enviadas por meio do site, onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas", diz a nota.

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