Marujo pediu autorização para se esconder no Rio
Polícia diz que o criminoso, considerado o mais procurado do Estado, contou com ajuda de liderança do Comando Vermelho
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Criminoso mais procurado do Estado, Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo, pediu autorização para o chefão do Primeiro Comando de Vitória (PCV) para se esconder no Rio de Janeiro.
Investigações do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat) da Polícia Civil mostraram mensagem de Marujo ao líder da facção criminosa, Carlos Alberto Furtado da Silva, vulgo Beto, que está preso.
“Meu parceiro, eu 'tava' trocando ideia com (nome de traficante do Rio) e pedi ele pra tá vendo pra eu poder brotar na favela dele (...). Tá f. aqui na favela. Os polícia tá sufocando muito pra me prender. Tão pocando tudo atrás de mim. Tô ganhando vários livramento de ir preso”, disse Marujo em mensagem para Beto.
E continuou: “Por isso tô querendo ir passar tempo no Rio pra poder deixar poeira abaixar um pouco mais. Eu não queria ir sem seu aval”.
Segundo a polícia, o bilhete, chamado de “catuque”, seria de 2020, entregue a Beto dentro do presídio.
Desde então, Marujo teria se escondido no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, onde teria estreitado laços com o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e também se integrado à facção carioca.
Segundo a Polícia Civil, ele estaria revezando o tempo entre Vitória e o Rio de Janeiro.
Foi com o objetivo de prendê-lo que a Polícia Militar teria ido até o Complexo da Penha na noite da última segunda-feira. Em um confronto, Jonathan Candida Cardoso, de 26 anos, que seria segurança de Marujo, foi morto no bairro Bonfim.
Em represália, criminosos realizaram uma série de ataques na última terça-feira, com seis ônibus queimados, um coletivo metralhado e um carro de reportagem da TV Tribuna incendiado.
O chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vitória, delegado Marcelo Cavalcanti, explicou que investigações apontam que o PCV compra armas e drogas do Comando Vermelho, no Rio de Janeiro. “Além de manter relações para negociação, Marujo usa o local para se esconder da polícia. Ele é hoje o número dois da hierarquia. Fora do sistema prisional é quem comanda”.
Traficantes cariocas ajudaram
As investigações para identificar e localizar mais envolvidos nos ataques que aterrorizaram a população, na última terça-feira, continuam. Ao todo, 16 pessoas foram presas por envolvimento direto com as ações criminosas, entre elas, bandidos, que, segundo a polícia, seriam de facções do Rio de Janeiro e que teriam ajudado a coordenar os crimes.
Do perfil desses criminosos, o chefe da Divisão Patrimonial, delegado Gabriel Monteiro, informou que, além de executores das ações, a polícia prendeu e identificou também os mandantes.
“Dentre esses 16 presos, nós temos não só executores, mas também temos os mandantes. As investigações estão em andamento e pode ser que mais pessoas sejam presas. Nós sabemos que há outros mandantes. O estado não vai permitir esses atos de terrorismo”.
O delegado informou também que alguns dos detidos podem ter relação com o incêndio ao carro de reportagem da TV Tribuna. Além do veículo, um cinegrafista também foi agredido pelos criminosos. Ele também falou das autuações dos bandidos.
“Podem, sim, ter relação. Mas no decorrer das investigações, teremos respostas mais concretas. Todos os detidos, tanto os mandantes, quanto os executores, foram autuados por associação ao tráfico de drogas, organização criminosa, incêndio e dano ao patrimônio público, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos de cadeia”.
Os ataques aconteceram na última terça-feira, em represália à morte de Jonathan Candida Cardoso, de 26 anos, que, segundo a polícia, atuava como segurança de Fernando Moraes Pereira Pimenta, o “Marujo”, criminoso mais procurado do Estado.
De acordo com a Polícia Militar, o suspeito morreu após uma troca de tiros com militares, que faziam buscas na região, na noite de segunda-feira. O objetivo dos policiais era localizar Marujo.
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