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Polícia

“Justiça foi feita”, diz família de homem morto pela mulher no ES

Thayla Bonicenha foi condenada por ter matado o marido com a ajuda do amante. Crime ocorreu há 3 anos na zona rural de Castelo


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Imagem ilustrativa da imagem “Justiça foi feita”, diz família de homem morto pela mulher no ES
Thayla e Alexandro no dia do casamento: ela pretendia ficar com propriedade dele, que era herança de família |  Foto: Reprodução/Facebook

Após mais de três anos do assassinato do agricultor Alexandro Fim, de 34 anos, a sua mulher Thayla Bonicenha Crivellari Fim foi condenada a 25 anos de prisão, junto com o amante Françoá de Souza Calabianqui, que foi condenado a 21 anos.

Para a família, apesar da dor que se arrasta há anos, a sensação é de que a justiça foi feita.

O crime aconteceu no dia 25 de julho de 2021, em Monte Alverne, na zona rural de Castelo. Alexandro foi morto por asfixia.

Os réus, que foram condenados pelo Tribunal do Júri, já estavam presos preventivamente e cumprirão a pena inicialmente em regime fechado. Eles não poderão recorrer da sentença em liberdade.

Primo de Alexandre, o produtor rural Guilherme Bianchi, de 38 anos, disse que agora os familiares estão, de alguma forma, um pouco mais tranquilos. “A justiça foi feita. Foi um crime que chocou, destruiu nossa família. Agora, que eles paguem na cadeia o que fizeram com o meu primo”.

À época, Thayla, após o assassinato do marido, simulou que ele foi morto por um homem em uma tentativa de assalto na casa do casal.

“Logo após meu primo ser morto por eles, ela disse que a casa deles teria sofrido uma tentativa de assalto e ele teria sido morto pelo ladrão. Mas não ligou para a polícia, ligou para o pai dela e contou que o marido teria sido morto”, disse o primo da vítima.

Na verdade, segundo ele, quem não suportou o fato de ter a filha criminosa foi a mãe dela, que a denunciou para a polícia. “Foi a mãe dela que a entregou”, completou.

As investigações revelaram que Françoá confessou ter mantido um relacionamento com Thayla meses antes do crime, alegando não saber que ela era casada.

Cerca de um mês antes do assassinato, ambos planejaram matar a vítima e o motivo teria sido dinheiro. Ela pretendia ficar com a propriedade onde Alexandre plantava café, que era herança de família.

Na noite do crime, Thayla teria colocado tranquilizante na bebida do marido, mas ele não adormeceu. Sendo assim, ela relatou que, após enviar uma mensagem para o amante pedindo que ele fosse até a casa dela, abraçou o marido, segurando pelos braços, para Françoá poder estrangulá-lo.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos acusados.

ENTREVISTA | “Destruíram a vida de muitas pessoas”, diz primo da vítima

Após saber da condenação, o produtor rural Guilherme Bianchi, que é primo da vítima, conversou na sexta-feira (25) com a reportagem de A Tribuna por telefone e contou como está a família.

A Tribuna -  Como está a família após a condenação da Thayla e do Françoá?”

Guilherme Bianchi - Um pouco mais confortada, mas a saudade será eterna. Meu primo nunca mais vai voltar para nós, mas essa condenação traz a sensação de justiça. Que eles paguem pela tragédia que trouxeram para nossa família.

Você tinha contato com a Thayla? Como ela era?

Olha, ela sempre foi educada com a gente. Realmente nunca imaginávamos que ela poderia cometer essa atrocidade. Mas fez. Estragou a vida da nossa família, da família dela, a dela, a da filha que ela teve com meu primo.

E como está a filha deles?

Na medida do possível, ela está bem. Ela era bem pequena (tinha 2 anos e 7 meses) quando o pai foi assassinado.

Ela é cuidada pelos avós paternos, que são maravilhosos. Agora é educar essa menina para ser um ser humano digno.

Ela é linda. Graças a Deus, na medida do possível, a vida está indo para frente.

Se pudesse, o que diria para a Thayla e o Françoá?

Falaria para os dois que eles destruíram a vida de muitas pessoas. Tiraram a vida do meu primo covardemente com a desculpa de dinheiro. Que a justiça divina também seja feita.

ENTENDA 

O crime

Consta no inquérito policial que no dia 25 de julho de 2021, por volta das 22 horas, na localidade de Monte Alverne, zona rural de Castelo, Thayla Bonicenha Crivellari Fim e seu marido, Alexandro Fim, estavam na cozinha de onde moravam quando Françoá de Souza Calabianqui (apontado como amante) agarrou a vítima pelas costas e a asfixiou até a morte.

Thayla e Alexandro eram casados há 7 anos.

Ela, segundo a polícia, abraçou a vítima, segurando seus braços, de modo a distrair sua atenção. Nesse momento, Françoá agarrou a vítima pelas costas e a asfixiou.

Simulação

Os acusados pegaram alguns objetos selecionados por Thayla e esconderam no forro de gesso da casa para simular crime de latrocínio (assalto seguindo de morte) e, com isso, induzir a erro os peritos e oficiais.

Françoá dirigiu o carro do casal até a localidade de Limoeiro, também em Castelo, retornando em seguida ao local do crime onde, conforme prévia combinação, trancou a porta do quarto com Thayla e a filha de 2 anos e 7 meses.

Por volta das 2 horas, Thayla ligou para os seus pais informando sobre a versão do latrocínio.

Remédio controlado

Segundo denúncia do Ministério Público do Estado, Françoá atacou Alexandro pelas costas, após ter sido distraído por Thayla, sendo que a vítima estava sob efeito de remédios controlados, ou seja, não teve nenhuma oportunidade de resistir.

Ainda de acordo com a denúncia, Thayla e Françoá mataram Alexandro para assegurar a continuidade do relacionamento extraconjugal que mantinham e para que pudessem se apropriar do patrimônio da vítima, “tratando-se, por evidente, de motivos torpes, egoísticos, abjetos”.

Prisão

Após análise dos autos, o homem e a mulher foram presos preventivamente e encaminhados para o Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPFCI) e para o Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim (CDPCI), respectivamente.

Condenação

O Ministério Público do Estado, por meio da Promotoria de Justiça de Castelo, obteve a condenação de Françoá e Thayla a 21 anos e 25 anos de prisão, respectivamente, em Tribunal do Júri.

Os réus, que já estavam presos preventivamente, cumprirão a pena inicialmente em regime fechado e não poderão recorrer da sentença em liberdade.

O promotor de Justiça Luis Felipe Simão atuou no júri popular do caso e sustentou os fatos contidos na denúncia para obter a condenação.

Eles foram condenados por homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, utilizando de meio cruel e praticando recurso que dificultou a defesa da vítima – e por fraude processual.

Sentença

“o motivo do crime foi considerado torpe e serviu para qualificar o crime, razão pela qual não será valorado neste momento. No tocante às circunstâncias do crime, estas são extremamente gravosas, eis que a vítima foi atacada pelas costas enquanto era distraída pela outra condenada e estava sob efeito de medicamento, circunstância que será valorada em desfavor do réu”.

“As consequências do crime são graves, pois a vítima deixou uma filha de tenra idade, que fora privada da convivência familiar enquanto ainda dependia dos cuidados paternos. O comportamento da vítima, por fim, não milita em seu desfavor”, se manifestou a juíza Valquiria Tavares Mattos na sentença.

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