Idosos foram alvo de 3.160 golpes e 400 agressões neste ano no Espírito Santo
Número de casos de violência contra homens e mulheres na 3ª idade é quase o dobro dos registros feitos no ano passado
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O número de casos de violência contra idosos quase dobrou neste ano. De janeiro a junho, a Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso (Depi) registrou 4.204 crimes de diversos tipos. No mesmo período do ano passado foram 2.432 casos.
Entre os crimes mais praticados chama a atenção o número de casos de estelionato. Segundo a titular da Depi, delegada Milena Gireli, em 2022 foram registrados, até agora, ao menos 3.160 casos.
“É um público vulnerável. O que acontece no estelionato é que abrange um pouco mais além de familiares porque é quando, por exemplo, acontece uma venda indevida se aproveitando da vulnerabilidade do idoso. Também pode acontecer quando idosos assinam documento sem saber se é ou não verdade. Ele confia na pessoa que, às vezes, liga e passa informações ou é abordado na rua por desconhecidos e assina documentos como o bilhete premiado”, explica a chefe da Depi.
Em junho deste ano, A Tribuna registrou o caso de uma idosa, de 76 anos, que foi vítima do golpe do “bilhete premiado”, no bairro Mata da Praia, em Vitória.
De acordo com a ocorrência policial, ela chegou a fazer uma transferência bancária no valor de R$ 200 mil para os criminosos. Dois homens, de 32 e 35 anos, e uma mulher, de 34, foram presos acusados de cometer o crime.
Seguidos dos golpes, os crimes mais cometidos envolvem abandono de incapaz, lesão corporal, maus tratos, crimes contra ao Estatuto do Idoso que, somados, passam de mil casos registrados. Para estes registros, a delegada Gireli explica que mais de 90% são cometidos por pessoas da família da vítima.
Em julho deste ano, Itamar Ferreira dos Santos, de 61 anos, que é cadeirante, foi esfaqueado na mão pela companheira durante uma briga, no bairro Das Laranjeiras, na Serra. O caso, segundo a delegada, também se enquadra em agressão ao idoso e é muito comum.
“A gente sempre orienta para que a testemunha não deixe de denunciar por meio dos canais do Disque-Denúncia (181). É importante lembrar que em qualquer delegacia a denúncia pode ser feita”, orienta a delegada.
Casos de estupro descobertos
Segundo a titular da Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso (Depi), delegada Milena Gireli, o número de estupro contra pessoas idosas também cresceu, mas não há um quantitativo porque foi descoberto recentemente.
“Muitas dessas situações de estupros, inclusive, são de idosas acamadas. Há casos em casas de repouso, hospitais e até mesmo na própria residência. Como é um dos casos que estamos investigando em Cariacica. Ele (caso) chegou como lesão corporal, mas durante o exame de corpo de delito constatou-se a violência sexual.”
Ainda segundo a delegada, há uma dificuldade em contabilizar os crimes, uma vez que as vítimas optam por não registrar ocorrência por terem apego emocional aos agressores.
“Os idosos, às vezes, desconversam e metem sobre as agressões. Há casos de vítimas que contam que se machucaram caindo ou estão magros por problemas médicos, mas após exames e investigações, vemos que se trata de um crime”, detalha a delegada.
Há crimes diversos no Estatuto do Idoso como reter o cartão de conta bancária ou pensão da pessoa, bem como qualquer outro documento com objetivo de receber e ficar com o dinheiro da vítima. Uma autorização verbal ou escrita pode evitar que casos como esses acabem na delegacia.
Os números
Lesão Corporal
- Neste ano, 400 casos de agressões contra idosos foram registrados .
- No ano anterior, foram 629 casos de janeiro a dezembro.
- Cerca de 49 casos de maus-tratos foram registrados em todo ano passado e outros 25 até julho de 2022.
Estelionato/Fraude
- Obter vantagens ilícitas, causar prejuízo a outra pessoa e enganar alguém ou induzir ela ao erro fazem parte do crime de estelionato.
- Na grande vitória 4.414 idosos caíram em golpes e/ou fraude durante todo ano de 2021. Só nos 6 primeiros meses deste ano já foram 3.160 vítimas .
- Há crimes diversos no Estatuto da Pessoa Idosa como: reter o cartão de conta bancária ou pensão da pessoa, bem como qualquer outro documento com objetivo de receber e ficar com o dinheiro da vítima.
- A pena para quem pratica esses crimes varia muito, mas fica em torno de 3 meses a 3 anos, caso seja praticada por um familiar.
- Caso seja por um desconhecido ou sem vínculo, pode chegar a 1 ano.
Fonte: Depi
Tipos de violência
Negligência
Falta de atenção às necessidades da pessoa idosa, colocando em risco a vida ou a saúde dela, por meio de condições degradantes ou privação de alimentos ou cuidados indispensáveis.
Violência psicológica
Caracterizada por insultos, ameaças e outros tipos de agressões verbais e gestos que afetam a autoimagem, a identidade e a autoestima do idoso.
Violência física
Caracteriza-se por provocar dor, golpear, lesar, causando várias consequências para a vida da pessoa idosa, como perda ou abuso dos direitos humanos, o medo e a depressão.
Violência financeira
Exploração da renda e apropriação do patrimônio do idoso, às vezes obrigando-o a contrair empréstimos e outras dívidas ou a se desfazer de seus bens.
Abandono
Abandono de incapaz ocorre contra quem não tem capacidade de exercer a vida civil de maneira autônoma, não só idosos como crianças e deficientes mentais.
Principais motivações
Atritos familiares, interesse financeiro por parte de quem comete o crime.
Perfil das vítimas:
Têm entre 60 e 90 anos.
Boa parte são do sexo feminino.
A maioria vive com filhos e irmãos.
Quem são os autores?
Familiares, irmã, irmão e filhos.
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