"Fui tratado como criminoso, mesmo sendo inocente", diz técnico preso por engano
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"Fui tratado como criminoso, sendo inocente. Rasparam meu cabelo, me deram um uniforme, um lençol e travesseiro. Deitei no chão frio, mas era difícil dormir enquanto imaginava quando veria minha filha. Pensei na minha esposa que ainda está no resguardo". Essa fala foi do técnico em eletrônica Douglas Almeida da Cruz, de 34 anos, após ser preso por um crime que não cometeu.
Douglas foi preso por engano, em um cumprimento de um mandado de prisão por uma tentativa de homicídio, no último dia 17 deste mês. Ele garante que nunca cometeu qualquer crime e que foi preso injustamente. O verdadeiro Douglas já está preso.
Agora livre, o técnico deseja três coisas: justiça, limpar seu nome e processar o Estado. Ele conta que os traumas de dividir uma cela com outras 25 pessoas ficarão muito tempo em sua cabeça.
A prisão de Douglas aconteceu enquanto ele voltava do médico com a esposa e a filha, de 17 dias. Ele estacionava o carro na garagem de casa, quando foi abordado por cerca de 10 policiais, um deles o informou que estava sendo preso por um homicídio que aconteceu em 2012.
"Os policiais foram educados, perceberam que havia um erro nos dados da pessoa que deveriam estar prendendo. Mas foi horrível, não me deixaram entrar em casa. Fui preso na frente da minha esposa e minha filha".
Douglas foi levado para a 4° Delegacia Regional de Cariacica, onde passou a noite. Pela manhã, ele foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, onde permaneceu três dias, sem qualquer contato com a família.
O técnico ainda acrescentou: "A cela tinha capacidade para sete pessoas, mas estavam cerca de 25 presos. Tive que dormir no chão. Fiquei com medo, porque ali todos te tratam como bandido. Pensei que poderia ter uma rebelião ou alguém fazer algo comigo", contou Douglas.
O verdadeiro Douglas Almeida Cruz, acusado de tentativa homicídio em 2012, está preso desde 22 de janeiro do ano passado, segundo a Sejus. Eles chegaram ao técnico em eletrônica, após um cruzamento de dados, depois do casal registrar a filha recém-nascida no cartório.
A Polícia Civil informou ao constatar possível inconsistência nas informações do mandado, o delegado plantonista representou pela revogação da prisão junto ao plantão judiciário, no entanto, a representação não foi aceita.
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