Estudante de arquitetura é preso após pai de vítima denunciar "estupro remoto"
O homem foi preso pela Polícia Federal após ordem da Justiça do Espírito Santo
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
Um estudante de arquitetura, de 29 anos, foi preso em São Paulo, na manhã desta sexta-feira (18), acusado de abusar virtualmente de uma adolescente de 13 anos, que mora no Espírito Santo. De acordo com o pai da jovem, o homem tentou extorquir a menina e ainda fez com que ela gravasse vídeos sexuais.
A operação foi realizada pela Polícia Federal, que começou a investigar o acusado a partir da denúncia da família da vítima. Depois disso, a Justiça do Espírito Santo expediu um mandado de busca e apreensão, além de uma ordem de prisão preventiva, em nome do estudante.
Segundo o pai da adolescente, sua filha teria sido contatada, em uma rede social, por alguém que, inicialmente, se identificava como uma mulher, propondo uma espécie de gincana, com a realização de pequenas tarefas.
Essas atividades foram evoluindo até que a menina foi convencida a dançar em frente à câmera somente com roupas íntimas. Nesse momento, então, o homem por trás do perfil de mulher se revelou e passou a ameaçar a jovem com a liberação dos vídeos que ela havia gravado.
Em troca de não divulgar as imagens, ele exigia que ela fizesse mais vídeos, com ações sexuais ainda mais graves e violentas. Em uma dessas, ela chegou, inclusive, a lesionar as partes íntimas.
A Polícia Federal, agora, acredita que o objetivo do homem seria, além de sua própria satisfação, a venda das gravações na Deep Web (parte da internet de difícil detecção pelos tradicionais meios de busca, que garante privacidade e um certo anonimato para os seus navegadores).
Junto com a denúncia do pai da vítima, os policiais receberam uma informação da agência americana Homeland Security Investigation (HSI), que descrevia uma situação muito semelhante à da jovem do Espírito Santo.
No caso dos EUA, uma menina que mora no estado do Texas, havia sofridos abusos sexuais infligidos da mesma forma que a vítima brasileira e a investigação e as provas produzidas em solo estadunidense indicavam que o responsável por aqueles crimes estaria no Brasil.
Com isso, os investigadores continuaram tentando descobrir a identidade do criminoso e o seu envolvimento em outros casos de exploração ou abuso sexual infantil e crimes de ainda maior gravidade e, após muito trabalho, conseguiram chegar ao estudante, preso na capital paulista.
"A internet não é terra sem lei e a Polícia Federal está atenta às mensagens e conteúdos ilegais transmitidos por esses meios", disse um comunicado enviado pela PF no Espírito Santo.
Durante a busca na casa do acusado, os policiais encontraram vários dispositivos digitais, além de anotações que indicam o armazenamento de enorme quantidade de material associado à exploração e ao abuso sexual infantil.
Agora, o material apreendido será submetido à perícia técnica e a investigação terá foco na identificação de outras possíveis vítimas. Os federais estimam que dezenas de outras crianças tenham sido “estupradas remotamente” pelo preso.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, o estudante pode responder por vários crimes: extorsão, estupro de vulneráveis e produção, armazenamento e divulgação e transmissão de imagens e vídeos ou outros registros, que contenham cenas de sexo explícito envolvendo crianças e adolescentes.
Somadas, as penas podem chegar a 39 anos de reclusão.
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