Especialistas apontam as táticas mais usadas nos golpes do Pix
A facilidade e a rapidez das transferências abrem caminhos para a ação de criminosos. Especialista dá dicas de como se proteger
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Seja por facilidades para transferir dinheiro na hora ou para pagar contas, o Pix caiu no gosto das pessoas. Se aproveitando disso, golpistas entram em cena, sempre prontos para dar o bote no dinheiro alheio.
Considerando que os golpes envolvendo a plataforma de pagamento instantâneo têm se multiplicado, explorando a confiança e a rapidez dessa modalidade financeira, a reportagem de A Tribuna ouviu especialistas que apontam as táticas mais usadas pelos criminosos e como se proteger.
O especialista em crimes cibernéticos, Eduardo Pinheiro, cita exemplos. “Uma das táticas mais comuns é o golpe do falso pagamento. Nesse esquema, o golpista entra em contato com a vítima alegando ter realizado um Pix por engano e apresenta comprovantes fraudulentos para convencer”.
Em seguida, como explica, o criminoso solicita a devolução do valor, prometendo até uma gratificação pela suposta honestidade.
Outra abordagem citada por ele é o golpe da venda falsa em redes sociais, onde o criminoso invade e assume o controle do perfil da vítima, oferecendo produtos inexistentes aos seus contatos, solicitando pagamentos via Pix.
“A escolha do Pix por golpistas deve-se a sua característica principal: a capacidade de transferir valores entre contas de forma rápida e descomplicada. Essa agilidade, entretanto, também facilita a ação de criminosos, que se aproveitam da boa-fé das pessoas para aplicar seus golpes”.
Diante desse cenário, a precaução se torna a melhor ferramenta contra essas fraudes. “É crucial estar sempre alerta a qualquer solicitação de transferência via Pix, especialmente aquelas que surgem de forma inesperada ou de contatos desconhecidos”, alertou Eduardo Pinheiro.
Ele também reforça sobre a necessidade de verificar a autenticidade de qualquer pedido de pagamento, desconfiar de ofertas muito vantajosas e nunca fornecer dados pessoais ou bancários sem a certeza da idoneidade do solicitante.
O delegado Alan Moreno de Andrade, titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), e respondendo pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), conta que as redes sociais, aplicativos de conversa e ligações telefônicas são os meios mais usados para aplicar o golpe.
No entanto, ele salienta que alguns tipos de golpe seguem um roteio bem delineado, mesmo assim isso depende de alguma demonstração de sensibilidade por parte da vítima.
Crimes mais comuns e como se proteger
1 QR Code falso
- Como ocorre?
Uma das formas de fazer pagamentos por Pix é via QR Code. Por meio dessa ferramenta, os golpistas usam várias táticas para ganhar dinheiro fácil.
Por exemplo, eles substituem o QR Code original de um estabelecimento por outro, que redireciona o usuário para um link malicioso capaz de roubar os dados do celular. De posse das informações, eles acessam bancos, redes sociais e aplicam vários tipos de golpes com a conta do usuário.
Também é comum ver QR Code para transferências em lives e apresentações online que arrecadam dinheiro para artistas ou instituições. Os golpistas fazem o download desses vídeos e criam uma nova transmissão com um QR Code falso, divulgam o vídeo e o dinheiro vai direto para a conta do criminoso.
- Como se proteger?
Ao fazer doações, transferências e pagamentos por Pix usando essa modalidade é preciso ficar atento quanto a origem do código. Se desconfiar dos valores ou da origem da solicitação, por exemplo, não complete a operação.
2 Robô do Pix
- Como ocorre?
Com a promessa de dinheiro fácil, os golpistas exploram vítimas a partir de uma transferência inicial. Aproveitando a busca por retornos financeiros rápidos, usam táticas de engenharia social para convencer a vítima a comprar o robô do Pix, ferramenta que automatizaria comentários em publicações de sorteios no Instagram.
A estratégia consiste em convencer a vítima a fornecer uma quantia como “caução”, que supostamente seria devolvida após o início das transações. Ao obter a quantia, os golpistas cortam todo o contato com a vítima e embolsam o dinheiro.
- Como se proteger?
Se alguém lhe prometer retornos altos com pouco ou nenhum risco em um curto período de tempo, seja extremamente cauteloso. Promessas de ganhos rápidos e fáceis são uma bandeira vermelha de potencial fraude.
3 Golpe da Mão Fantasma
- Como ocorre?
O criminoso liga ou envia uma mensagem dizendo que houve uma transferência suspeita na conta da vítima. Ele , então, solicita a baixa de um aplicativo por um link que ele mesmo enviou e a partir do momento que a vítima concorda e faz o que é pedido, o golpista começa a ter acesso total do eletrônico.
A partir daí, infectam os celulares das vítimas com um malware (software malicioso usado para causar prejuízo) bancário, solicitando permissão de acessibilidade sob a pretensão de uma atualização. Essa é a isca para o golpe se confirmar.
- Como se proteger?
Recomenda-se baixar apenas aplicativos de fontes confiáveis, já que essa é uma das principais formas de invasão dos malwares ao sistema. Além disso, é importante evitar permissões desnecessárias de acessibilidade e implementar a autenticação de dois fatores em contas online associadas a métodos de pagamento.
4 GoPix
- Como ocorre?
Semelhante ao Golpe da Mão Fantasma, o GoPix desvia o valor da transferência automática durante compras online. A disseminação acontece quando o usuário clica em anúncios maliciosos na internet.
Ao navegar na página fraudulenta, o usuário acaba instalando o software malicioso, que faz o ataque durante os pagamentos online, alterando a chave de destinatário do Pix por meio da área de transferência do computador.
Essa fraude acontece de forma mais frequente em transações de alto valor feitas em lojas de e-commerce.
- Como se proteger?
O usuário deve ter atenção redobrada com anúncios falsos, evitando clicar em links patrocinados que pareçam suspeitos. Também é importante verificar se a grafia do endereço do site está correta.
5 Golpe do Pix reverso
- Como ocorre?
Depois de criar um comprovante de Pix falso com a conta da vítima como destinatária e alegar que a transferência foi feita por engano, os golpistas partem para a segunda parte do plano. Eles entram em contato pedindo a devolução do dinheiro que, na verdade, nunca foi depositado.
Golpistas podem abordar a vítima com um print falso da transação por e-mail ou WhatsApp e pedir a devolução do valor.
- Como se proteger?
Abra o aplicativo ou Internet Banking da instituição financeira e verificar o extrato. Caso o valor informado não conste nos recebimentos, certamente é uma tentativa de fraude.
6 Golpe do sequestro do WhatsApp
- Como ocorre?
Esse golpe foi aprimorado com a tecnologia. Assim, o bandido entra em contato com a vítima se passando por uma empresa e pede que o usuário digite um código que o criminoso envia para confirmar, atualizar ou autenticar algum cadastro.
O problema é que esse código permite a clonagem do WhatsApp e sequestro do perfil. Se o usuário não ativar a autenticação em duas etapas, o golpista consegue instalar a conta em outro aparelho.
A partir daí, o golpista aciona os contatos da vítima e pede ajuda financeira, principalmente transferência por Pix.
- Como se proteger?
Habilite a autenticação de duas etapas na sua conta do WhatsApp: abra o WhatsApp; clique no menu de três pontos e acesse as “Configurações”; em “Conta”, escolha “Verificação/Confirmação em duas etapas”; clique em “Ativar” e escolha uma senha seis dígitos para a conta do WhatsApp. Na sequência, confirme o seu PIN (digite novamente o seu código pessoal); cadastre um endereço de e-mail válido para caso esqueça seu código; clique em “Avançar” e confirme seu endereço de e-mail, depois em “Salvar”.
7 Falso funcionário de banco
- Como ocorre?
Aqui, o golpista aproveita o desconhecimento sobre os tipos de chaves Pix que os usuários podem cadastrar. O criminoso se passa por atendente do banco e induz a vítima a criar uma chave Pix.
Para efetivar o cadastro, ele diz que é necessário fazer um teste. É nesse momento que o cliente cai no golpe e acaba transferindo um valor para o golpista. Da mesma forma, que no golpe anterior, muito dificilmente a vítima vai conseguir reaver o valor transferido, pois a transação foi feita por vontade própria, mesmo que induzida por um crime.
- Como se proteger?
Jamais forneça seus dados ou faça operações bancárias em ligações. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alerta que funcionários de instituições bancárias nunca solicitam a confirmação ou cadastro de dados pessoais em conversas telefônicas.
8 Bug do Pix
- Como ocorre?
Tudo começa com a divulgação de uma fake news nas redes sociais que afirma que existe uma falha no Pix que permite que as pessoas recebam um prêmio em dinheiro quando transferem valores para determinadas chaves. Ao transferir o valor para a suposta chave premiada e o dinheiro vai direto para a conta do golpista.
- Como se proteger?
Anúncios ou mensagens com promessa de “dinheiro fácil” são sinais de alerta.
9 Anúncios falsos
- Como ocorre?
Criminosos se passam por pessoas idôneas e anunciam produtos variados nas redes sociais.
Há golpistas que usam até a inteligência artificial para manipular a imagem e a voz de pessoas conhecidas.
- Como se proteger?
Se os rendimentos são tentadores ou te pedem dinheiro sob a promessa que vai se multiplicar, é golpe.
10 Golpe do falso emprego
- Como ocorre?
Principalmente os jovens são os alvos dos golpistas. Eles são abordados pelo WhatsApp com uma proposta de emprego, geralmente para trabalhar de forma remota. Só que para isso, eles informam que o candidato terá que passar por um treinamento feito por uma empresa terceirizada e exigem um pagamento, normalmente no valor em torno de R$ 500. A quantia deve ser transferida via Pix.
- Como se proteger?
Desconfie de proposta de trabalho que você tenha que pagar antes de receber o dinheiro e jamais deposite dinheiro na conta de quem quer que seja com a finalidade de garantir uma oportunidade ou um negócio.
Fonte: Especialistas citados.
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