"Ele ficou tentando acalmar o assaltante", diz irmão de homem feito refém
Um homem ficou três horas sob a mira de uma arma, dentro do próprio carro, após ser vítima de um criminoso em fuga, em Cariacica
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Um homem de 43 anos viveu momentos de terror na manhã de ontem ao ser feito refém dentro do próprio carro, por quase três horas, na avenida Expedito Garcia, em Campo Grande, Cariacica.
Ele foi levar a mãe, de 65 anos, para fazer exames em um laboratório quando foi abordado por um assaltante, que cumpria pena no regime semiaberto.
No momento da abordagem, a mãe da vítima saiu do carro e se afastou, mas o condutor foi mantido no veículo pelo assaltante.
O trânsito na avenida foi interditado na altura do laboratório e o Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar foi chamado para negociar com o criminoso.
A situação chamou atenção de moradores e comerciantes da Expedito Garcia. Um atendente de loja de 55 anos disse que o assaltante saiu correndo da rua de trás gritando que queria matar alguém e fez o homem refém.
Após cerca de três horas sob a mira do suspeito, ele foi liberado e o criminoso preso ao se entregar à polícia. O trânsito na via foi retomado por volta das 9h20.
O capitão Matheus, do 7º Batalhão de Missões Especiais da PM, relatou que recebeu um chamado de ocorrência de sequestro com dois reféns dentro de um carro.
“Nós chegamos com a equipe de negociação da Polícia Militar e ele só exigiu para ver a mãe. Fizemos uma proposta para ele liberar o cidadão primeiro e se render. Depois da rendição, deixamos ele falar com a mãe”, destacou.
No início da manhã de ontem, o suspeito tentou assaltar uma padaria no mesmo bairro, no entanto acabou sendo perseguido por agentes que perceberam a ação criminosa.
Durante a ocorrência, o fugitivo viu um homem entrando no carro, momento em que o agarrou, tornando-o refém. O capitão informou que o criminoso entrou no banco do motorista com a vítima.
O suspeito, durante as negociações para libertação do motorista, exigia que os policiais o deixassem falar com a mãe. Após entrarem em acordo, ele se entregou, e, em seguida, pode encontrar a mãe dentro de uma viatura.
O criminoso alegou que foi baleado na ação policial, porém após avaliação médica, os agentes descartaram a afirmação. O assaltante foi encaminhado para a 4ª Delegacia Regional de Cariacica, no bairro Rio Branco.
Antes do crime, bandido roubou arma e fugiu da prisão
A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou que o assaltante cumpria pena no regime semiaberto na penitenciária agrícola e trabalhava na Escola Penitenciária (Epen), que funciona dentro do Complexo Penitenciário de Viana. Foi lá que ele furtou a arma de um servidor e escapou.
Em nota, a Sejus-ES confirmou a fuga, afirmando que o caso foi registrado ontem na Epen.
De acordo com a secretaria, o interno cumpre pena na Penitenciária Agrícola do Estado, unidade de regime semiaberto, onde exercia atividades laborais.
A ocorrência foi registrada junto ao Centro Integrado Operacional de Defesa Social
(Ciodes) e a Polícia Civil, segundo a Sejus. “O criminoso teria furtado uma arma, que estava devidamente guardada, e fugido do local”, informou na nota a secretaria.
O caso é acompanhado pela Corregedoria e pela Subsecretaria de Inteligência Prisional da Sejus. Ele estava preso desde o dia 31 de março de 2020, pelo crime de furto e roubo.
Com ele, a polícia encontrou uma pistola .40 com 11 munições que havia sido furtada do servidor da Sejus no dia anterior. Segundo a Secretaria de Estado da Justiça, o indivíduo estava preso desde março de 2020 por roubo – artigo 157 do Código Penal.
Irmão da vítima
“Ele ficou tentando acalmar o assaltante”
O irmão da vítima que foi feita refém por um assaltante armado, dentro do próprio carro, na avenida Expedito Garcia, em Campo Grande, Cariacica, na manhã de sábado (21), conversou por telefone com a reportagem do jornal A Tribuna.
Ele, que tem 43 anos, falou dos momentos de medo e pavor que o irmão, de 44 anos, passou. A mãe dos dois, de 65 anos, apesar de não tr sido feita refém, ficou muito abalada durante a ocorrência, antes do sequestrador se render.
A Tribuna – Como aconteceu o fato? Seu irmão tinha ido levar a mãe de vocês a um laboratório clínico?
Irmão da vítima – Ele havia levado ela para fazer alguns exames. Quando estavam na frente do laboratório, chegando, aconteceu essa situação. Só meu irmão ficou no carro como refém.
O que seu irmão te contou dos momentos em que ficou na mira do assaltante armado dentro do veículo?
Meu irmão é muito tranquilo e não pensou em reagir. Não me detalhou muito, mas me falou que ele ficou a todo momento tentando acalmar o assaltante.
Ele está bem fisicamente? O assaltante agarrou-o no momento do sequestro?
Está bem. Sim, foi agarrado e levado para dentro do carro, onde ficou refém, depois ele chegou a ser atendido na ambulância do Samu, mas está bem sim.
Mas e o psicológico dele, da mãe de vocês e da família como um todo, como está?
A gente fica abalado. Foi um susto quando recebi a notícia, mas sei que meu irmão é tranquilo e no fim ninguém se feriu. Mas vamos nos recuperando dessa situação.
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