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Polícia

Dez armas apreendidas pela polícia todo dia no ES

Um dos meios utilizados pelo tráfico são os ônibus de transporte interestadual. Em 2022, houve apreensão de 3.951 armamentos


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Imagem ilustrativa da imagem Dez armas apreendidas pela polícia todo dia no ES
Delegado Daniel Belchior diz que houve aumento de fuzis em poder dos criminosos no último ano |  Foto: Delegado Daniel Belchior / Foto: Leone Iglesias / AT

Todos os dias mais de dez armas, em média, são encontradas pela polícia nas mãos de criminosos no Espírito Santo. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) mostram que, no total, 3.951 armas de fogo foram apreendidas no ano passado.

Entre as armas mais apreendidas pelas forças de segurança há a metralhadora, totalizando 185 unidades, nos últimos dois anos. 

O número de fuzis também subiu e tem dado maior poder de fogo aos criminosos, como explica o titular da Delegacia Especializada de Armas e Munições (Desarme), delegado Daniel Belchior.

“Sabemos que existe um processo de montagem no Paraguai e lá mesmo eles conseguem imprimir e falsificar marcas conhecidas americanas, agregando assim mais valor a arma”, contou.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, destacou que o setor de inteligência da Polícia Militar identificou possíveis responsáveis em abastecer facções. 

“Trabalhamos de forma integrada com as polícias Civil e Federal para identificar esse responsáveis, mas já sabemos que as armas estão vindo de fora do Estado e em diferentes meios”, explicou. 

Um dos meios utilizados pelos criminosos de traficar armas para o Estado, segundo o delegado, é o uso da malha viária por meio de ônibus de transporte de passageiros interestadual. “Não podemos falar muito para não atrapalhar a investigação, mas pessoas já foram presas entrando em Vitória com armas em ônibus”. 

Sobre os fuzis, por serem maiores, a polícia acredita que são armas montadas já nos bairros dos criminosos, após a entrada de peças importadas. 

Nos últimos dois anos, a polícia apreendeu cerca de 351 armas caseiras de cano curto e longo. 

De acordo com  o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, as armas caseiras são encontradas nas mãos de criminosos que são linha de frente do tráfico, como seguranças que tentam vigiar pontos de drogas. 

“São os mais variados públicos usando essas armas, mas nosso serviço reservado já identificou possíveis locais de montagem dessas armas caseiras”, explicou.

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Terceiros compram de forma legal

 Uma das origens das apreensões de armas no Estado, segundo  o titular da Delegacia Especializada de Armas e Munições, delegado Daniel Belchior, é a compra legal.

“Com as últimas flexibilizações para obtenção de armas, criminosos estão usando terceiros para comprarem armas legais e repassarem aos crimes”, contou.

Um estudo divulgado em junho do ano passado apontou que 30% das armas utilizadas em crimes no Estado são legalizadas. O levantamento foi realizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em conjunto com o Instituto Sou da Paz e a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). 

A análise aponta a existência de proprietários legais anteriores à apreensão por meio de consultas ao sistema da Polícia Federal (onde estão registrados cidadãos com armas para defesa pessoal, empresas de segurança privada ou instituições de segurança civis). 

Em uma amostra de 1.400 armas, 420 foram encontradas no sistema da polícia (30% do total). Dessas 420 armas, 40% eram registradas no Estado, 57% para defesa pessoal e 39% indicavam que o status do registro era “válido”.

Traficantes  com fuzis de guerra

A maior parte dos armamentos pesados de grosso calibre são altamente letais e muito usados em guerra. De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, os criminosos estão fortemente armados nas regiões de grandes conflitos. Ao saber disso, a PM tem se antecipado e realizado a compra de novos fuzis e coletes de nível 3.

O atirador de precisão da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, Rodrigo Menezes, explicou que os fuzis são armas de projéteis com alta velocidade, sendo acima de 600 metros por segundo. 

Já as metralhadoras são armas de uma capacidade de disparos em cadência mais veloz, que são características das armas apreendidas pela polícia.

“Um disparo de um fuzil 556, com a arma inclinada, pode chegar a 2.600 metros. Já um 762 chega a 5.400 metros, também com a arma inclinada. Ambos são projéteis de alta velocidade. Então se você está numa condição acima, como um morro, é um risco para quem está na baixada”, explicou.

Frequentemente, o jornal A Tribuna tem divulgado casos em que traficantes atiram de um morro a outro com armas longas ou atiram para cima para mostrar poder. Muitos desses disparos acabaram atingindo casas, carros e até moradores sem ligação com o tráfico.

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