Crianças são ameaçadas para produzir conteúdo erótico no ES e em outros estados
Criminoso de 50 anos foi preso em Pernambuco. Ele obrigava vítimas a fazerem fotos e vídeos e passar para ele pela internet
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Se passando, inicialmente, por uma pessoa amigável, um criminoso usava as redes sociais para abordar crianças e conquistar sua confiança. Depois, ele ameaçava e obrigava as vítimas a produzirem fotos e vídeos eróticos.
O homem, de cerca de 50 anos, foi preso nesta sexta-feira (12) em Pernambuco, em uma operação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
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A operação Cordel de Flandres investigou crimes praticados na internet contra crianças que resultaram em aliciamento, assédio e constrangimento para induzi-las a disponibilizar conteúdo erótico por meio de fotografias ou vídeos.
A apuração foi iniciada após denúncia de familiares de vítima do Espírito Santo. No entanto, outras crianças também estariam entre os alvos do homem, podendo ser até de outros estados.
Segundo a reportagem apurou, após iniciar conversas com as crianças, o homem dizia ser também menor de idade e se passava por amigo, conquistando a confiança delas.
Depois de conseguir algo que colocasse a criança em situação de vulnerabilidade, ele coagia as vítimas para que fornecessem conteúdo erótico, sob ameaça de revelar o material para terceiros.
Foi cumprido, inicialmente, um mandado de prisão temporária e outro de busca e apreensão na cidade Garanhuns, em Pernambuco. O Ministério Público não informou se há outros suspeitos de participarem do esquema, já que as investigações ocorrem sob sigilo.
Entre os crimes, são investigados estupro virtual, armazenamento e divulgação de imagens eróticas de crianças e corrupção de menores. O destino das imagens ou armazenamento do material serão analisados com base nos objetos apreendidos, que incluem dispositivos eletrônicos do investigado.
As apurações foram conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Norte) e da 4ª Promotoria de Justiça Criminal de Linhares. Também teve apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES e colaboração do Gaeco do Ministério Público do Estado de Pernambuco.
A operação acontece no mês de combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, que tem o dia nacional celebrado em 18 de maio. A data foi instituída em 2000, em memória da menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, assassinada em 1973, aos 8 anos de idade.
“A minha filha estava caindo nas mãos de uma rede de aliciadores”
O celular que uma estudante ganhou de presente da mãe ao completar 10 anos foi a porta de entrada para um mundo que, até então, era desconhecido para a família.
A menina, que hoje está com 12 anos, teve acesso às redes sociais e, sem perceber o perigo, foi incentivada por pessoas desconhecidas a conversar com uma “mãe virtual”, já que sua mãe biológica, que é empresária e tem 43 anos, tinha uma rotina intensa no trabalho.
Do outro lado, a menina conversava com pessoas que achava ser da mesma idade dela. A família acabou descobrindo tudo e evitou que o pior pudesse acontecer.
Apesar de a história fazer parte de um passado não tão distante, ainda na pandemia da covid-19, a mãe revelou para a reportagem de A Tribuna que continua monitorando os passos virtuais da filha.
A Tribuna – Consegue contar como tudo aconteceu?
Empresária – Estávamos na pandemia, aulas remotas, e tive de comprar um celular para a minha filha estudar. Sabia que ela só tinha 10 anos, mas, pelas circunstâncias, tivemos de nos render precocemente à tecnologia.
Apesar dos alertas, a minha filha conheceu outras pessoas no mundo virtual e achava que elas tinham a mesma idade.
Como percebeu que algo estava errado?
O sinal de alerta foi a mudança de comportamento. Ela começou a conversar com uma garota, cuja foto de perfil era de uma criança, que falava que era homossexual. Foi ela quem indicou uma mãe digital. Só que, na verdade, a minha filha estava caindo nas mãos de uma rede de aliciadores, pedófilos.
Depois de passar um tempo conversando com essas pessoas, a minha filha falou comigo que achava que era homossexual.
Qual atitude tomou?
Fui na polícia e tomei o celular dela por seis meses. Durante esse tempo, falei dos riscos e a orientei a não conversar com estranhos nas ruas e no mundo virtual.
De lá para cá, o que mudou?
Conversei abertamente sobre quem são essas pessoas e o que elas podem interferir na vida dela. Hoje, a minha filha é bem esclarecida. Infelizmente, ela precisa saber de certas coisas como uma adulta. Os jovens de hoje não vivem como vivíamos.
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