Criança foi ferida ao tentar impedir que a mãe fosse morta pelo pai

Desesperada com a cena que estava presenciando e sem saber o que fazer ao ver o próprio pai desferindo golpes de faca na mãe, a filha mais nova do casal, conseguiu abrir a porta da casa para pedir socorro.

Segundo testemunhas, a irmã da menina, de 11 anos, também se desesperou ao ver a mãe caída no banheiro da casa e tentou agir para impedir a ação do pai.
“Ela contou que chegou a entrar na frente do pai, quando ele tentou dar a primeira facada. Foi aí que o pai dela deu uma cadeirada e a feriu na testa, provocando um pequeno corte”, relatou o autônomo Vanderson Rosário, que passava pela rua onde fica a casa da família e ajudou no socorro das crianças.
Após o crime, as duas meninas foram levadas por moradores para a casa de um primo da família.
“As minhas sobrinhas estão arrasadas e quase não conversam. Não sei se entenderam que a mãe foi embora, mas estão assustadas”, contou a técnica de enfermagem Elaine Melo do Rosário, irmã da vítima.
Entenda o crime
A estudante de Enfermagem Cristina, de 34 anos, foi morta pelo companheiro dela, identificado pela Polícia Civil como Eduardo Cruz da Silva, funcionário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
O crime aconteceu dentro da casa da família, na frente das filhas do casal, de 8 e 11 anos, em Porto de Santana. Segundo familiares e moradores, o marido não aceitava o fim do relacionamento de 15 anos.
Testemunhas relataram à polícia que a vítima estava dormindo no quarto do casal, quando foi acordada por Eduardo. Dando chutes e socos, ele gritava com Cristina, afirmando que ela o havia traído.
Após agredir a mulher, o acusado ainda teria pegado uma faca na cozinha da casa e desferido vários golpes na vítima, que foi arrastada por ele, até o banheiro da casa. As crianças que acordaram com os gritos da mãe, se desesperam e pediram socorro para os vizinhos.
Desesperada, a vizinha pediu ajuda a outros moradores. Eles viram em quatro jovens que passavam de carro pela rua a esperança de salvar a vida de Cristina.
“Eram três jovens e uma menina. Eles pararam para prestar socorro, mas quando chegaram na casa, a Cristina já estava morta”, contou a dona de casa Ana Maria da Silva.
Eduardo tentou fugir, mas acabou contido pelos três jovens. A PM foi acionada e Eduardo foi conduzido ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa( DHPP), em Vitória, onde foi autuado por feminicídio e levado ao presídio.
Eduardo consta como funcionário da Ufes desde 2015, no site da transparência do órgão. Em nota, a instituição lamentou o ocorrido.
Leia o comunicado na íntegra:
"A Administração Central da Ufes lamenta profundamente o episódio e manifesta sua indignação com a ocorrência de mais um crime de feminicídio no Espírito Santo, desta vez cometido por um membro de sua comunidade.
Eduardo Cruz da Silva é servidor técnico-administrativo.
A Administração Central da Ufes destaca que a Universidade está à frente de diversas ações de conscientização e combate ao feminicídio. Uma delas foi a criação do Laboratório de Pesquisas sobre Violência contra a Mulher (Lapvim), que agrega diversas instituições públicas e privadas em parceria para o enfrentamento da violência contra a mulher no Espírito Santo. O Lapvim, coordenado pela vice-reitora Ethel Maciel, constitui-se como um núcleo aglutinador de projetos de pesquisa, ensino e extensão da Ufes sobre a violência contra a mulher no contexto nacional, regional e local, e analisa a problemática em seus diversos âmbitos.
Além disso, diversos eventos são realizados com o intuito de conscientizar sobre a temática, como o Seminário Políticas Públicas de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, ocorrido em outubro deste ano, e o II Colóquio Homens e Violência contra as Mulheres, agendado para o próximo dia 6 de dezembro, ambos promovidos pelo Laboratório de Estudos de Gênero, Poder e Violência da Universidade.
Diante deste triste fato, a Administração Central da Ufes manifesta sua solidariedade às famílias envolvidas, colocando-se à disposição para auxiliar nas medidas cabíveis".
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