Comércio virtual: homem é preso por vender anabolizante importado

Produtos que foram apreendidos pela Polícia Federal em operação |  Foto: Divulgação / Polícia Federal

Iniciada no começo deste ano, uma investigação da Polícia Federal resultou na prisão em flagrante de um homem de 40 anos que vendia anabolizantes que seriam de origem estrangeira, como testosterona, stanozolol, dianabol, hemogenin e durateston. As vendas eram feitas pela internet.

No rótulo dos produtos apreendidos, consta que eles foram fabricados nos Estados Unidos, Índia e Paraguai. No entanto, o delegado Lorenzo Espósito, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, explicou que a origem dos anabolizantes será investigada, já que as etiquetas podem ter sido adulteradas.

A prisão, na última terça-feira, ocorreu no momento em que o acusado se encaminhava para postar um envelope com dois frascos de anabolizantes, ou seja, ele iria enviar os produtos para os clientes através de uma transportadora.

Após a abordagem, os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do acusado, no bairro Bonfim, em Vitória. Ele é solteiro e morava com a mãe. Lá, foram encontrados mais de 250 frascos de anabolizantes.

O acusado, que não teve a identidade divulgada pela polícia, foi levado para formalização do auto de prisão em flagrante na Superintendência Regional da Polícia Federal no Espírito Santo, em São Torquato, Vila Velha.

À polícia, ele revelou que usava os anabolizantes, mas como ficou desempregado – trabalhava em uma empresa na área administrativa –, decidiu investir nesse negócio e fazer disso uma fonte de renda ao comercializar os produtos, há cerca de um ano.

Vendas

O delegado disse que os contatos para o comércio dos anabolizantes eram realizados por plataformas de vendas, onde ele iniciava as conversas com os clientes, e depois migrava para aplicativo de mensagens, quando oferecia os produtos importados.

Agora, a polícia quer descobrir, além da origem dos produtos, se o acusado agia sozinho ou contava com a participação de outras pessoas.

Substâncias podem causar câncer e doença cardíaca

O uso de anabolizantes pode provocar doenças cardíacas, diminuição de testículos e do pênis e aumento do clitóris, tumores no fígado e pâncreas, além de atrapalhar o crescimento de adolescentes.

“Com o uso do produto, ocorre aumento da massa muscular até do coração, o que eleva o risco de infarto”, afirma o médico endocrinologista Mário Sérgio Zen, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O especialista destaca que mulheres jamais devem tomar testosterona, a não ser em caso de Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo, com acompanhamento médico rigoroso, preferencialmente um endocrinologista.

A endocrinologista Gisele Dazzi Lorenzoni observa que, no caso de substâncias anabolizantes, tais como testosterona, stanozolol, dianabol, hemogenin e durateston, todas são derivadas da testosterona. O que varia é a quantidade sintetizada na fórmula, ou se é aplicado por injeção ou ingerido.

“São formulações derivadas da testosterona, por isso, todas têm o mesmo risco. Alguns são anabólicos, que envolvem crescimento celular, muscular e ósseo. Por isso, quando um adolescente usa sem acompanhamento, corre o risco de atrapalhar o crescimento”, avalia.

Outro efeito colateral destacado pela médica é o androgênico, que afeta as mulheres, como acne, queda de cabelos, pele oleosa e crescimento de pelos.

Mário Sérgio Zen faz outro alerta, além de que não se deve usar hormônios sem acompanhamento de endocrinologista. “Quem usa hormônio sem ser para reposição hormonal se preocupa em saber de onde vem esse produto? Qual órgão regulador certificou que é puro? Qual órgão fiscaliza?”.

Alerta

O endocrinologista alerta que nos homens os sintomas são agressividade, queda de cabelo, calvície e aumento do risco de infarto.

“Depois de tanto usar anabolizante, existe o bloqueio da produção fisiológica de testosterona. E pode demorar meses para retornar, causando a atrofia dos testículos e do pênis se parar de produzir o hormônio natural”, afirma.

SAIBA MAIS

> Anabolizantes

- No caso de substâncias anabolizantes como testosterona, stanozolol, dianabol, hemogenin e durateston, todas são derivadas da testosterona.

- O que varia é a quantidade sintetizada na fórmula, ou se é aplicado por injeção ou ingerido.

> Prescrição

- Especialistas alertam que nenhuma reposição hormonal, como a da testosterona contida nos anabolizantes, deve ser feita sem o acompanhamento médico, preferencialmente de um endocrinologista.

> Fiscalização

- É fundamental ainda verificar qual a fabricação do hormônio, qual órgão regulador certificou e qual órgão fiscaliza.

> Efeitos colaterais

- Homens: Agressividade, queda de cabelo, calvície, aumento do risco de infarto e atrofia do pênis e dos testículos.

- Mulheres: Acne, queda de cabelos, pele oleosa, crescimento de pelos e aumento do clitóris.

- Adolescentes: Problemas do crescimento.

- Gerais: Tremores, retenção de líquidos, dores nas juntas, aumento da pressão sanguínea, tumores no fígado e pâncreas e ainda alterações nos níveis de coagulação sanguínea e de colesterol.

Fonte: Especialistas consultados e Ministério da Saúde.

FIQUE POR DENTRO

> Prisão

- O acusado, de 40 anos, foi preso em flagrante na agência dos Correios da avenida Vitória, na última terça-feira. Ele já estava sendo monitorado.

> Pena

- A pena prevista no Código Penal para o crime de posse, distribuição e comércio de anabolizantes e medicamentos sem registro no órgão de vigilância sanitária é de reclusão de 10 anos a 15 anos e pagamento de multa. Até ontem, ele continuava no Centro de Triagem de Viana.

- O delegado Lorenzo Espósito, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, acredita que como o acusado não tem antecedentes criminais e possui residência fixa, poderá responder o inquérito em liberdade, após passar por audiência de custódia.

> Alerta

- Lorenzo Espósito aproveitou para explicar que quem compra o produto não está cometendo crimes. Porém, ele fez um alerta sobre o perigo em usar anabolizantes sem saber procedência, concentração e sem acompanhamento médico.

Fonte: Polícia Federal.