Caso Thayná: polícia alerta que abusadores normalmente conhecem as crianças
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O caso da menina Thayná Andressa de Jesus, 12 anos, voltou à tona novamente esta semana após a morte do acusado de sequestrar, estuprar e matar a garota, Ademir Lúcio Ferreira de Araújo. Ele foi morto dentro da cadeia, por um colega de cela.
A família da menina afirma que Ademir não conhecia Thayná e a abordou aleatoriamente na rua. Mas o delegado Diego Aleluia, titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), alerta para o fato de que o abuso infantil normalmente é praticado por pessoas que conhecem as vítimas.
"(Esses abusadores) Podem ser pessoas próximas às vítimas ou terceiros que se aproximam mediante a utilização de meios para obtenção da confiança delas", diz o delegado.
Thayná desapareceu na manhã do dia 17 de outubro de 2017, quando ia ao mercado, no bairro Universal, em Viana. No caminho, foi abordada por Ademir e entrou no carro conduzido por ele. O corpo dela foi encontrado dias depois.
A conselheira tutelar Alessandra Santana, que atua em Vila Velha, avalia que o caso de Thayná fugiu um pouco do padrão. Isso porque, na grande parte dos casos que chegam para o Conselho Tutelar, os suspeitos fazem parte da família da criança.
"Em sua maioria, são pais, padrastos e tios que abusam dessas crianças. Mas é claro que isso não impede que ocorram casos como o da menina Thayná. O acusado aproveitou da vulnerabilidade dela, naquele momento, mas poderia ter escolhido qualquer outra criança", afirmou a conselheira.
Alessandra ainda destaca que a melhor forma de prevenir esses casos é a observação das crianças em seu dia a dia e o diálogo. "Isso é o que sempre dizemos aos responsáveis aqui no Conselho Tutelar. Não é aconselhável deixar os filhos sozinhos, seja para ir à padaria ou à escola. Se você não pode vigiar naquele momento, deixe com algum adulto de confiança da família", disse.
De acordo com a conselheira, por conta da possibilidade desse "adulto de confiança" ser um abusador, é importante manter um bom diálogo com a criança.
"Os abusadores, infelizmente, não têm rosto. Eles podem estar no seio familiar, mas também podem ser religiosos, alguém importante na comunidade, que você nunca imaginou porque ele tem uma imagem a zelar. Por isso esses casos envolvem muitas ameaças. É importante que seus filhos sintam confiança para contar qualquer coisa para você e não medo ou vergonha", afirmou Alessandra.
Preservar a intimidade
O delegado Diego Aleluia também ressalta a importância de haver um canal aberto com os filhos, para que eles saibam como lidar com qualquer situação. "Sempre passar orientações sobre a preservação da intimidade, do corpo e evitar contato com estranhos tanto no ambiente físico como no ambiente virtual", destacou.
Diego ainda afirma que toda a sociedade pode ajudar na prevenção desses casos ficando atenta a situações suspeitas e realizando denúncias por meio dos canais oficiais. Em relação às instituições, como escolas e igrejas, o titular da DPCA frisa que elas podem ser peças importantes na rede de apoio e orientação para crianças e adolescentes.
"Elas possuem um papel importantíssimo na conscientização e, principalmente, acompanhamento diário do comportamento das crianças e adolescentes. Com isso é importante comunicar os órgãos oficiais, caso haja algum relato de uma situação adversa que indique uma situação de vulnerabilidade", completou.
A população pode denunciar de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações são investigadas.
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