Queimaduras de Georgeval provocam discussão entre delegado e defesa de ex-pastor
Laudo que atestou queimaduras no corpo de Georgeval foi lido pela defesa no julgamento
Escute essa reportagem
Logo no primeiro depoimento de testemunha, o júri popular de Georgeval Alves Gonçalves já teve um registro de discussão. O delegado Romel Pio, responsável pelo inquérito que apurou a morte de Kauã e Joaquim, foi questionado pela defesa do ex-pastor sobre o laudo da perícia sobre as queimaduras que Georgeval sofreu por conta do incêndio.
A defesa do ex-pastor leu o documento anexado ao processo, onde o perito atestou que "todas as lesões apresentadas pelo senhor Georgeval são compatíveis com ação física do elemento calor 'queimaduras'". Logo depois, a defesa questionou se o médico legista é o perito na área nesse tipo de exame e Romel confirmou. Assim que o delegado respondeu, a defesa encerrou, mas o responsável pelo inquérito quis explicar o restante da resposta.
Leia mais notícias sobre o caso Kauã e Joaquim aqui
"As lesões minúsculas que ele tinha eram condizentes com calor", afirmou o delegado. "Todas", disse a defesa, sendo rebatida por Romel: "Eu estou afirmando, porque vi que as lesões eram minúsculas".
A defesa questionou "o senhor é o perito?", e Romel afirmou "ele só confirmou isso, que as lesões que ele possuía que eram ínfimas, minúsculas", sendo interrompido pela defesa e dando início a uma pequena discussão.
Durante o depoimento, que durou cerca de duas horas, o delegado contou detalhes da investigação e também sobre comportamentos do ex-pastor após a morte das duas crianças.
"Logo no início do trabalho investigativo, fomos percebendo que a versão dele não se sustentava. Fui acionando perícias, ouvindo todo mundo que poderia colaborar com a investigação, todo mundo que estava presente no local, e, no final, a conclusão do trabalho não deixou sombra de dúvidas que ele incendiou as crianças. Ele matou as crianças", afirmou o delegado durante o depoimento.
RELEMBRE O CASO
O ex-pastor foi denunciado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) pela acusação de espancar, estuprar e matar o filho Joaquim e o enteado Kauã, em 21 de abril de 2018 na casa onde moravam no centro de Linhares no Norte do Estado.
Segundo a denúncia, Georgeval teria estuprado e torturado as vítimas, colocando-as desacordadas na cama localizada no quarto das crianças. “Logo em seguida, empregou agente acelerante (líquido inflamável) no local e ateou fogo, causando as mortes das vítimas por ‘carbonização’”, diz o documento.
O júri popular do ex-pastor acontece no Fórum Desembargador Mendes Wanderley, em Linhares, e será comandado pelo juiz Tiago Fávaro Camata. A expectativa é de que o julgamento possa durar até três dias.
Ao todo, serão ouvidas 20 pessoas, sendo cinco delas peritos que irão prestar esclarecimentos. Pelo menos 11 pessoas foram arroladas pelo Ministério Público do Espírito Santo, sendo um delegado, dois bombeiros, cinco peritos e três testemunhas. Outras quatro pessoas foram arroladas pelos advogados de acusação e cinco pela defesa do ex-pastor.
Leia mais
"Coração apertado", revela pai de Kauã em chegada ao Fórum
Avó de Kauã faz homenagem com flores de papel na porta do Fórum
De camisa social, Georgeval entrou no plenário do Fórum de cabeça baixa
Comentários